segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Listen to the music, all the damn time

Saiu (ou vai sair, não sei direito) na edição de janeiro de 2008 da Super Interessante (uma com a capa verdinha feito nota de um real) uma matéria sobre a conexão entre o gosto musical e a personalidade das pessoas. Você pode ler o texto (não sei se está igual ao da revista ou editado) aqui.

A matéria é divertidíssima, e aponta coisas como "as taxas mais elevadas de promiscuidade e os maiores índices de criminalidade foram encontrados entre os que ouvem hip-hop" ou "[os apreciadores de ópera e música clássica] eram também péssimos condutores: quase metade incorrera recentemente numa infração de transito, o dobro do numero de inquiridos que tinham escolhido os musicais como categoria preferida".

Naquilo que me cabe, li que "os amantes do rock e pop dos anos 60 são os mais atingidos pelo desemprego do que os restantes, mas isso poderá estar relacionado com a sua faixa etária" e que "No extremo oposto, encontramos os consumidores de eletrônica, que são também os que mais exercício físico praticam, seguidos dos adeptos do rap e de música indie". Bem, eu tenho um emprego e não pratico exercício físico, o que faz de mim uma anomalia.

No final, a matéria traça um perfil rápido e generalista dos ouvintes de cada tipo de música, dos mais, ahn, populares:

Heavy Metal: Curiosos, inteligentes, atléticos, seguros de si.

Jazz/Blues: Inteligentes, criativos, liberais e tolerantes.

Ópera/Clássica: Liberais, perspicazes, com níveis de educação superiores e maiores rendimentos do que a média, majoritariamente casados.

Rap/Hip-Hop: Extrovertidos, loquazes, enérgicos, elevada auto-estima. (Que diabo quer dizer 'loquazes'?)

Pop: Felizes, generosos, previsíveis e convencionais, são considerados pessoas atraentes. (Tirando a parte do 'previsíveis', passei longe)

Rock: Ativos (não), aventureiros (não) e com maior tendência do que a média para se declararem ateus (maaaaaaagina).

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Morte às horrorosas

Em um certo período da minha vida, coisa de uns dois anos atrás, eu me enfileirei no exército do absurdo, e escrevi uma série de pequenos textos sob essa ótica, a maioria deles sem o propósito de ser um texto mesmo no final das contas. Oportunamente vou colocar alguns aqui. Pode ser que eu já tenha postado antes no finado fotolog, mas lá ninguém nunca lia (ao contrário daqui, onde eu tenho em torno de 4 milhões e meio de leitores), então não tem problema eu repetir.

Essa que eu ponho hoje eu escrevi numa das tardes (ou manhãs, não lembro) ociosas de trampo, quando escrever era um dos meus recursos pra manter a sanidade (falhou, como vocês poderão ver). A idéia era de que isso servisse como base pro roteiro de uma história em quadrinhos, então algumas partes (como a sobre 'Dogville') podem não ser claras sem contar com o recurso do desenho. Mas vocês superam.

E bem, segue aí, have fun.


*****

Escondida entre montanhas distantes, sob o espesso véu de névoa que bafora entre os vales, está o pequeno vilarejo de Beach Town. Com uma população algo considerável para uma geografia tão anal, Beach Town foi assolada, há alguns tempos, por um caso misterioso, e cuja repercussão não encontra pares na história mundial, embora possa se assemelhar metaforicamente (mas isso não vem ao caso).

Durante o soturno inverno de um ano mais ou menos distante, uma série de crimes aterrorizou os moradores. Hernán García, filho de dona Penélope e de seu Ramón, uma família costa-riquenha que entrou no país ilegalmente, é o misterioso e até hoje desconhecido assassino que, por meses, decapitou pela ponta de sua foice um sem-número de vidas femininas, inocentes, e feias. Sim, esse era o critério que, entre o subjetivo e o bizarro, norteava as cavernosas ações do assassino, e confundia os apavorados habitantes de Beach Town.

Reféns de alguém absolutamente oculto, os moradores do vilarejo tomaram algumas medidas para inocular o mal que havia pousado por lá. Os homens, inclua-se aí crianças, faziam buscas pelos arredores do lugar e postavam-se como sentinelas pelas ruas e interiores de suas casas. As mulheres, indefesas potenciais vítimas, faziam o que tinham em mãos para evitar a decapitação: embelezavam-se.

As menos abastadas tinham que se virar com maquiagens e coisas afins. Aquelas que tinham algum poder econômico investiam em cirurgias plásticas, implantes de silicone, lipoaspirações, cabeleireiros, salões de beleza, academia e adjacentes.

Mas o medo ainda prevalecia, e quanto mais as moças se esculturavam, mais achavam que estavam feias, e entraram num ciclo paranóico que desencadeou uma série de roubos e leilões de seus bens, para adquirir dinheiro para mais e mais plásticas, e essas coisas já citadas no outro quadrinho.

Paralelamente a isso tudo, ou não tão paralelamente assim, já que uma coisa estava intimamente conectada à outra, o assassino ia matando, já que, você imagine, tem mulher que nem deus dá jeito.

Após alguns meses nessa rotina, sem nenhuma pista do maldito assassino e com os homens já esgotados e torcendo para que o fora-da-lei matasse logo todas aquelas loucas, já era possível ver em Beach Town todo o rastro que deixou a onda de barbárie. O vilarejo praticamente se extinguiu, tendo tudo sido vendido em troca de botoxes, silicones, etcéteras. Chegou-se a sugerir que o nome do lugar fosse trocado para Dogville, mas o autor da idéia foi imediatamente espancado para largar a mão de ser besta e sem graça.

Como saída para mostrar sua utilidade e evitar a morte, as mulheres começaram a se prostituir. Aliás, 'prostituir' não é a palavra, pois sugere uma relação comercial, que não existia. Elas davam por dar mesmo, praticavam sexo com qualquer um que tivesse um pedaço de carne pendurado entre as duas virilhas. Sem muitas paredes para manter uma certa intimidade na relação, Beach Town virou uma enorme suruba. Não se sabe se foi essa a razão, mas de fato os crimes cessaram, e nunca ninguém descobriu a verdadeira identidade do serial killer.

Hoje existe um monumento em homenagem ao assassino na praça central de Beach Town.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

A tradição do natal

Em geral, as pessoas aguardam com grande ansiedade a data mais importante do calendário cristão. Enfeitam a casa com árvores, luzes e bolinhas, compram presentes pros parentes e amigos queridos e etc. E existe aí também um capítulo especial que se refere à tal da virada, ou, pra ser bem tecnicamente chato, a dois segundos: o 23:59:59 do dia 24 de dezembro, e o 00:00:00 do dia 25. Compram roupa nova só pra usar nessa hora, fazem ceia, reunem um monte de gente pra comemorar. E você, como passou o começo do natal?

Eu? Eu passei, ahn, cagando. É, cagando. Não que eu seja contra o natal, ou estivesse fazendo um protesto ou qualquer coisa assim. É que aqui em casa a gente não tem dessas coisas, e se alguém quiser uma ceia decente que vá em outro lugar. Somos uma família totalmente desapegada de tradições, tirando a da Coca-Cola no almoço de domingo (tomo Dolly a semana inteira, nada mais justo que uma gasosa decente pelo menos uma vez, certo?), e, despreocupado, fui pro banheiro, levei meu mp3 e sentei lá pra descarregar todo o lixo dentro de mim.

Eu não sou desses (e por 'desses' eu quero dizer 'todo mundo') que simplesmente senta, joga as fezes pra fora, limpa a bunda e pronto. Cagar pra mim é um ritual (já deu pra reparar que existe algo terrivelmente errado aqui, né?), é a hora de aproveitar a tranqüilidade do sanitário pra fazer algo produtivo, criativa ou intelectualmente. É quando eu leio, ouço, desenho, penso, essas coisas. E então estava lá, quando reparei que a intensidade dos fogos havia aumentado. Fui dar uma espiadinha pelo vitrô, e aí percebi que já passava da meia-noite.

Na rua eu via todas aquelas pessoas que enfeitaram árvores, compraram presentes, fizeram ceia e escolheram a melhor roupa pra ocasião se abraçando, felizes e contentes, enquanto eu estava olhando pela janela, seminu e segurando um pedaço de papel higiênico melado de bosta.

Depois eu reclamo que deus não gosta de mim.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Carta ao Professor Dunga

São Paulo, 24 de Dezembro de 2007.

Querido Dunga, ou, como devo chamá-lo, professor.

No próximo dia 7 de janeiro eu faço aniversário, que será meu 23º, uma vez que eu nasci no distante ano de 85. Essa é a idade limite para jogar uma Olimpíada pela seleção brasileira de futebol, mas quem sou eu pra dizer isso ao senhor, que será o comandante de nossa estimada trupe rumo ao cobiçado ouro olímpico, a estrela que falta sobre nosso brasão.

Eu sei que seu trabalho já é bastante complicado, haja visto que escolher 23 atletas do melhor nível não é uma tarefa simples, mas eu não quero atrapalhar. Na verdade, meu apelo até visa facilitar o seu lado: eu quero uma vaga.

Tá, eu sei, não joguei em nenhum time de expressão, não joguei em nenhum time sem expressão, e levei um chapéu humilhante no campeonato do segundo colegial - eu sei que o senhor sabe disso, porque mesmo depois de um ano todos ainda comentavam na escola -, mas eu não vou aqui ficar tentando persuadí-lo me apoiando em minhas qualidades técnicas - que, eu admito, inexistem. Vou argumentar cinematograficamente.

O senhor deve gostar de filmes, afinal quem não gosta? E já deve também ter visto filmes em que o mongolóide ganha uma chance de fazer algo que é seu sonho e que jamais seria alcançado não fosse pela piedade de terceiros. Esse sou eu, o mongolóide.

Sabe 'Carros'? É filme de criança, eu sei, mas lembra que o Mate consegue, ao finalzinho da história, voar no seu 'alecóptro'? E lembra da alegria dos vietnamistas jogando softball com o Robin Williams em 'Bom dia Vietnã'? Ou do Cuba Gooding Jr. entrando feliz pelo gramado do campo de futebol americano em 'My Name is Radio'? Ah, confesse, você até enxugou uma lágrima agora.

Pois bem, pense em mim como esses pobres coitados. Professor, vou ser franco: eu não sou nada. Eu sou um designer de bosta, nunca consegui ganhar dinheiro desenhando, e sou formado numa faculdade que eu detestava. Não sei dirigir, não sei andar de bicicleta, sou descoordenado, sedentário e preguiçoso. Não falo nada que presta, não penso nada que presta, não me divirto, não me emociono, não me empolgo. Minha vida até aqui tem sido uma vã e monótona experiência sobre como um homem consegue viver tão longe dos limites.

Jogar uma Olimpíada com a camisa amarela da seleção seria meu único suspiro de alegria, e o senhor pode ajudar. Eu não ligo de ir por piedade, afinal eu não tenho orgulho. E nem preciso jogar, só me deixa sentado no banco, já tá ótimo.

Aproveite a folga do final de ano e deixe o espírito do natal guiar seu raciocínio. Pense com carinho, pois se a nossa campanha for um fracasso, pelo menos um brasileiro o senhor terá deixado feliz.

Um grande abraço,
Thiago Padula
Zagueiro-central. Ou não.


Ps: na minha opinião, o Afonso é o Van Basten dos novos tempos. Parabéns por descobrí-lo, e continue o bom trabalho.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Os melhores e os piores

O final do ano está aí, e com ele vem os preços altos, as férias escolares e o incrível combo de dois feriados separados por uma semana que normalmente é emendada, mais conhecido como espírito natalino.

Essa época tem seus prós e contras, embora pra mim os contras sejam os prós da maior parte da galerinha, tipo aquelas decorações megalomaníacas dos bancos na Paulista (não existe combinação que eu abomine mais que verde e vermelho) e as tais da retrospectivas pessoais, essas de ficar relembrando tudo que não aconteceu durante o ano e achando que vai acontecer na próxima rodopiada do planeta.

Mas ao contrário das retrospectivas pessoais, existem as retrospectivas, ahn, factuais (?), que são mais divertidas, não me pergunte por que. E por isso, como eu estou sem trabalho e sem nada mais interessante pra escrever, vou citar as melhores e piores coisas que rolaram entre 1º de janeiro de 2007 e hoje, num ranqueamento sem critério e que avança violentamente sobre a superficialidade.

Começando com os melhores:

5- Super Mario Galaxy
Sim, eu estou metido desde que comprei meu Wii, como já disse o Eduardo. Mas meu deus, como é legal esse jogo. Criatividade jorrando, estilo de jogo único, e uma incrível capacidade de nunca se repetir, fazendo a bagaça sempre instigante. Muito foda.


4- Borat
Borat é um filme do ano passado, mas aqui no Brasil só chegou em fevereiro. Fiz questão de ir ver na estréia, e saí do cinema quase chorando: é um filme pra lavar a alma. Mas tudo que havia pra ser falado dele já foi dito, então não vou me alongar.


3- In Rainbows, do Radiohead
O Radiohead é a banda mais importante do mundo porque é ela quem faz a música pop andar. Com o revolucionário disco novo, In Rainbows, eles deram uma bela chacoalhada na discussão sobre o futuro da distribuição da música e, de quebra, entregaram um disco maravilhoso.


2- Led Zeppelin ao vivo
Duas considerações: primeiro, houve uma centena de bandas que se juntaram pra voltar a tocar, e todas eles mereceriam um lugar de destaque aqui, como o Police, o Rage Against the Machine e o sensacional Jesus and Mary Chain. Mas, pra encurtar a história, escolhi uma só, evidentemente a mais importante.

Segundo, que é uma dúvida que pode ocorrer: como você põe um fato que remonta ao passado, às tenebrosas ruínas do rock n' roll, à frente de um acontecimento inovador e que pode ter quebrado enormes paradigmas no mundo da música?

Resposta: o Led Zeppelin é, sempre, mais importante.


1- Campeonato Brasileiro
O campeonato perfeito: meu tricolor campeão com 140 rodadas de antecipação, boiando sobre a ralé, e o Corinthians despencando do alto da sua repugnância até o mais obscuros túneis da degradação futebolística. Perfeito, essa é a única palavra que pode definir esse acontecimento divino.


E, agora, os piores:

5- Twitter
Pra que serve essa porra?


4- Homem Aranha 3
Decepção, desamparo, vazio no coração. Depois de ficar 4 horas na fila do cinema, pegar a sessão da 1 hora da manhã e assistir o filme com pessoas que não sabiam se viam a película ou conversavam numa sala com o ar-condicionado desligado, o mínimo que eu esperava é que o terceiro filme da saga daquela criatura ridícula (com todo o respeito) fosse tão bom quanto o segundo. Não era tão bom quanto o segundo, não era tão bom quanto o primeiro, não era sequer bom. Uma grande perda de tempo, que tristeza.


3- Dinastia Emo
É fato: eles chegaram ao poder. Não quero falar muito sobre isso, pois me dá calafrios, mas vou repetir o que já escrevi nesse blog: um país que celebra o NX Zero merece morrer.
Por empalamento.


2- Tropa de Elite way of life
Não vi Tropa de Elite, não quero ver Tropa de Elite e tenho, sim, sérias restrições a um filme cuja música tema é do Tihuana. Mas o que me incomoda mesmo é como de repente as frases do filme se incrustaram no cotidiano popular. Eu não agüento mais ouvir o tempo todo cara gritando 'pede pra sair!', ou 'o senhor é um fanfarrão'. Vocês é que são fanfarrões, peçam pra sair agora!


1- O hype jornalístico
Isso não foi exclusividade desse ano, e talvez até numa próxima eleição eu o nomeie hors-concours, mas foi de lascar ser metralhado constantemente por notícias sobre o Pan-Americano, a queda do avião da Tam, a menina que sumiu em Portugal (deram até apelido carinhoso pra ela, depois de tanto tempo cobrindo o fato), a cratera no metrô, os traficantes de ecstasy. Com milhões de coisas acontecendo no mundo, não é possível que só falem sempre da mesma merda, não é.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Hot hot heat

Já vi muita gente dizendo, em tom de brincadeira (pelo menos eu rezo por isso todas as noites), que o ar-condicionado é a maior das invenções humanas.

Nesses tempos em que cada vez mais o sol nos chicoteia furiosamente como se fôssemos os cavalos de sua biga, ter na sala de trabalho um ar-condicionado é uma bênção divina, por mais que, paradoxalmente, ele contribua significativamente para o aumento da camada de ozônio e tal.

O grande problema do ar-condicionado é que, ao contrário do sol, ele não nasce para todos. Não é esférico, não cospe ar frio por todos os lados e, portanto, cada pessoa tende a sofrer um impacto diferente, de acordo com a sua localização. Assim, um reclama que tá frio, outro reclama que tá calor, e começa aquilo que pode-se considerar a mais absurda aplicação do termo 'guerra fria'.

Eu, por exemplo, fico na linha de fogo da bagaça aqui no trabalho. Nesse momento, tá um frio miserável, mas se eu aumentar a temperatura o cara que senta na mesinha a sudoeste vai reclamar que tá muito quente. Ai a moça que fica sudeste vai aumentar a temperatura por que tá gripada, e vai ficar um calor infernal. Então entra o mano de terno e põe a temperatura lá embaixo, e por aí vai.

Esse é um dos preços a se pagar por tentar conseguir mecanicamente o que você pode ter eolicamente. Todos poderiam abrir as janelas, soltar as gravatas, pôr os pezinhos pra fora do sapato, e então o mundo seria justo e mais bonito. Mas não, preferimos virar de costas pra natureza, abaixar as calças e dar tapas na bunda, em tom de provocação. Isso vai dar merda, com certeza.

Mas aí você vira e diz que a culpa é da natureza, que não nos fez endotérmicos, como os ursos.

E eu vou ficar sem resposta.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Mas o importante é que eu sou o mestre supremo do boliche

Eu comprei um Wii, como já disse há algumas semanas, e pra quem não sabe do que se trata, é um video game em que o controle é intuitivo e sensível ao movimento, uma beleza. O jogo clássico da porcaria é na verdade um apanhado de cinco modalidades esportivas (tênis, baseball, boliche, golfe e boxe) em que você simula com o controle os movimentos reais de uma partida - raquetadas, rebatidas, arremessos, socos, etc. É, de fato, divertidíssimo, e o aparelho está sempre rodeado de gente em disputas sudoríparas, e por gente entenda meu irmão, meus primos e meus amigos - todos no masculino.
Após uma partida, é comum a visão periférica capturar algum dos 'atletas' observando os bíceps escondido. É atividade, o braço dói, rola um exercício, então tudo isso é natural. O que me deixa espantado é essa paixão que os homens têm pelos próprios músculos. Penso até que a diversão do jogo não seja 100% responsável pelos motivos que levem algum dos meus camaradas a jogar a coisinha.
Como até agora só a classe dotada de cromossomo Y pôs as mãos cabeludas nos Wiimotes e Nunchuks do meu brinquedinho (calma lá), não sei dizer que tipo de reações nesse sentido uma menina teria, mas ficaria muito feliz se houvesse alguma, nem que fosse pra ficar feliz com a pizza de suor que apareceu no suvaco (ok, utopia, mas é só um exemplo aleatório), porque às vezes tenho a sensação de estar dentro de uma sauna gay cheia de homens cultuando os próprios biceps mirrados enquanto sorrisos imbecis abrem-se em suas faces vermelhas de suor.

É uma visão do inferno, vai por mim.

domingo, 2 de dezembro de 2007

O melhor fim de semana da minha vida

Papo rápido com o João pela manhã. Mantidas as incorreções e os termos internéticos.

Dois posts seguidos falando dele, virou veadagem isso já.

João - www.unjob.blogger.com.br diz:

Padula, td bem?

João - www.unjob.blogger.com.br diz:

reinstalei o anti virus aqui, o AVG, e antes vc dava "update" e ele baixava as atualizações direto da net...

João - www.unjob.blogger.com.br diz:

agora qdo vou atualizar, ele abre uma pasta...pra tipo eu abrir um arquivo..aqui, dentro do próprio PC..ridículo.

João - www.unjob.blogger.com.br diz:

Sabe o que tá acontecendo?

ula,Pad diz:

rapaz... não =P

ula,Pad diz:

não manjo merda nenhuma de anti virus

João - www.unjob.blogger.com.br diz:

valeu!

João - www.unjob.blogger.com.br diz:

cê num tá fazendo isso só pq eu sou corintiano...certo?

ula,Pad diz:

magina, de vcs eu só espero o rebaixamento, o resto não importa

João - www.unjob.blogger.com.br diz:

a Globo vai passar cara...

João - www.unjob.blogger.com.br diz:

ví na página inicial da net, um link assim:

João - www.unjob.blogger.com.br diz:

Corínthians treina forte e se concentra para a "final"

ula,Pad diz:

hahahaha

ula,Pad diz:

a final não, o final!

ula,Pad diz:

velho, ontem eu trampei até as 8 la na empresa, andei meia hora pra pegar meu wii, tive q fazer o caminho mais longo pq meu bilhete unico tava vazio e hj ja tive q levar a cachorra la na casa do caralho debaixo de um sol violento e com ela me puxando pra todos os lugares menos o certo, e ainda vou ter q trampar mais um pouco. mas se o corinthians cair vai ser o melhor fds da minha vida

João - www.unjob.blogger.com.br diz:

num cai, cara...

João - www.unjob.blogger.com.br diz:

vou reiniciar aqui, guenta a mão.

Eu não guento não.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Epitáfio

Nunca achei a morte um assunto tão repulsivo como a maioria das pessoas, pelo contrário. Sempre imagino como vai ser minha morte, meu funeral, meu enterro, e de que jeito as pessoas vão se lembrar de mim (não que eu esteja preocupado, os mortos sempre viram as melhores pessoas do mundo assim que assumem a condição. É só curiosidade).

E é bem por isso que, vendo essa preciosa dica do João, decidi que quero que meu funeral seja assim. Vou até escrever os textos pra quem não tem a manha.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Why can't we be friends?

Tem um cara, o Marcos, que estudou comigo de metade da quinta até a sétima série. Ele era a referência nerd da turma (se considerarmos 'nerd' nos padrões de hoje, porque na minha época nerd era o cara que ia muito bem na escola, e o Marcos, até então, já tinha repetido de ano três vezes), e foi na casa dele que eu joguei Playstation pela primeira vez (Need for Speed e Street Fighter Zero - não me pergunte como eu lembro disso). Depois que ele saiu da escola a gente se viu poucas vezes, durante o ano posterior, quando ele ia lá fazer uma visita.

Onde eu moro, na Freguesia do Ó, tem um bar chamado Matriz do Açaí, que é onde a gente vai às vezes. Na primeira em que eu fui, reconheci o garçom de cara: era o Marcos. Mas depois de tanto tempo, não dava pra chegar e dizer um 'oi, e aí, beleza?'. E nem todo mundo é lá chegado a esses maçantes rituais de reencontros, com abraços e sorrisos (e eu detesto sorrir. Se querem que eu sorria, contem uma piada). Então eu fingia que não conhecia ele, ele fingia que não me conhecia, mas mantínhamos ainda aquele fio de amizade telepática, em que ele me zoava pensando 'ah, que veadinho, não toma cerveja', e eu replicava 'vai, você virou garçom'. Tudo na camaradagem.

Pois aí vai que o Marcos namora uma mina que mora perto da minha casa, e pega o mesmo ônibus que eu toda manhã, então por vezes os dois aparecem juntos no ponto. Até aí tudo bem, até o dia em que a moça resolveu cismar que eu estava olhando muito pra ela (o que era mentira, porque nem bonita ela é), e pediu pro Marcos tomar uma atitude. Aí fodeu. Ele não podia chegar e dizer 'tudo bem, ele é meu amigo' e pular todo o tal ritual de reencontro - e seguer poderia haver um ritual de reencontro a essa altura, depois que a gente já cansou de olhar pra cara um do outro. Então, por essas coisas da vida, ele teve que vir tirar satisfação comigo. Apesar das palavras agressivas que saíam pela boca, com os olhos ele dizia 'porra, mano, sacomé, perdoa aí'. E eu, por trás dos palavrões que são a única coisa que homens sabem utilizar numa discussão antes de efetivamente resolvê-la na porrada, respondia 'tá suave, bróder, é nóis'.

Aí ficou nisso, cada um pro seu lado, embora eu e ela ainda tivéssemos que dividir o mesmo coletivo.

Claro que existe a possibilidade de na próxima vez em que eu for ao Açaí ele jogar um copo de cerveja na minha cara, mas faz tudo parte da coreografia que a gente precisa encenar pro mundo - e pros nossos eus adultos -, porque você sabe, o que importa mesmo são as aparências, mais do que essas coisas bobas como amizade e toda essa merda.

sábado, 24 de novembro de 2007

Hoje é sábado e eu estou trabalhando, e amanhã é domingo e eu estarei trabalhando também e não, eu não recebo hora-extra

Justificando o fato de todos (menos um) os títulos dos episódios de seu seriado serem sempre "The-alguma-coisa" (The Pen, The Deal, The Betrayal), Jerry Seinfeld disse que ele não queria que os roteiristas perdessem tempo pensando em títulos, e se concentrassem no que era importante - o próprio episódio.

Eu tenho esse problema com títulos. Se você já parou pra reparar aqui no blog, deve ter visto que meus títulos são sempre de mau gosto e, não-raro, não tem nada a ver com o assunto do texto. Porque é realmente complicado fazer isso. Veja bem: o título precisa ser curto, precisa fazer referência ao que você escreveu sem estragar o conteúdo e precisa ser uma boa sacada, mesmo que isso signifique entortar alguma frase-feita.

Não é como dar um nome a uma criança, por exemplo. Um bebê é só um negocinho sem personalidade nem raciocínio, então a não ser que você espere até a pessoa completar 20 anos, não há como dar-lhe um nome baseado em suas próprias características. Uma pessoa chamada Saco de Bosta pode tranqüilamente se tornar um doutor, sem problema nenhum.

Eu sei muito bem que meus títulos vão continuar sendo péssimos, então por isso mesmo decidi fazer hoje, nesse post, uma pequena retratação: ao invés do título não ter relação com o texto, hoje é o texto que não tem relação com o título. Parece a mesma coisa, mas não é: tudo o que eu tinha pra dizer hoje está ali em cima escrito em laranja, e tudo que veio abaixo é só enrolação e saco de bosta.

Pode não significar muita coisa, mas é uma pequena lembrancinha para esses nobres homens de frente que carregam em suas serifas a responsabilidade de portar a voz de todo um emaranhado de pensamentos. Sim, pode não significar muita coisa. E não significa mesmo, o fato é que eu deveria estar trabalhando e estou aqui perdendo meu tempo.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

No mundo da lua

Antes de tudo, põe esse treco pra rodar e servir de trilha pro texto. Sim, é brega e tudo mais, mas é importante pra coisa toda.



Quando eu tinha 6 anos, queria ter uma banca de jornal. Eu estava aprendendo a ler, e adorava a idéia de ter um lugar cheio de gibis e revistas de colorir pra passar todos os meus minutos.

Foi nessa época que eu ganhei meu Master System.

Um pouco mais pra frente eu já não lia tantos gibis, gostava mais de revistas sobre entretenimento e video games. Então eu não queria ter uma banca, mas trabalhar numa revista de games. Isso no caso era mais um sonho utópico, porque eu sempre soube que era um jogador de bosta, embora gostasse bastante. Então eu criava minhas próprias revistas sobre games, usando as folhas de caderno. Inventava os consoles, inventava os jogos, escrevia resenhas, detonados, dicas e até desenhava as telas dos jogos.

Nessa época eu já tinha um Mega Drive.

Depois, entre o primeiro pêlo no suvaco e a primeira, ahn, punheta (ou outra palavra menos ofensiva), eu decidi criar meus próprios jogos. Com um monte de folhas de sulfite coladas e com milhões de quadradinhos rabiscados, eu inventava todo tipo de jogo de tabuleiro. E, modéstia às favas, eu fazia jogos muito bons, tanto que freqüentemente meu quarto estava cheio de primos e amigos da rua querendo se embrenhar nas minhas aventuras de papel.

Foi aí que eu ganhei o Playstation.

Então o tempo passou. Eu desisti da banca, das revistas de video game e dos jogos de tabuleiro. Todos já tinham Playstation 2, eu mal usava o 1. Aquelas crianças que nem tinham idade pra jogar quando eu comprei meu último video game já estavam com máquinas mais poderosas que a minha. Então decidi me aposentar. Parei, chega. Ainda dei uma chance ao Game Boy, que é video game de quem não tem tempo para video game, e joga no ônibus. Mas era só isso, estava convencido de que meu tempo tinha passado, e deixei o bastão pra molecada.

Mas então eu percebi que, se tinha uma coisa que eu aprendi com Sonic CD e Chrono Trigger era que eu posso mexer no tempo do jeito como eu quiser. O tempo é tocável, mutável, manipulável. Eu sou o dono do tempo, eu faço o que eu quero, eu posso enfiar o tempo no meu cu, se eu quiser.

(Mas eu não quero.)

Hoje não há mais Master System. Não há mais Mega Drive. Não há mais Playstation.

Só há Wii. Só a u i.

Comprei, abandonei a idéia de me tornar um baixista para comprar um brinquedo de criança. Um brinquedo que vai fazer cada átomo cinzento do meu mundo triste se transformar em um pixel colorido e luminoso. Hoje tudo vai ser diferente, eu vou ter minha banca de jornal, vou ter minha revista de video game, vou fazer o maior jogo do mundo, vou cortar os inimigos com o Link, pular nas estrelas com o Mario e deixar o som comendo poeira com o Sonic.

Amanhã eu vou acordar e não vou trabalhar, não vou me preocupar com dinheiro, com trânsito, com guerra, com petróleo, com HTML. Vou ter meu dia de criança, e ele vai ser tão bonito e especial que, quando ver, já vai ter acabado. Mas eu controlo o tempo, então por que não fazê-lo durar pra sempre?

Então até nunca, have a good life =)

domingo, 18 de novembro de 2007

O cliente semple tem lazão

Já ouvi dizer muito sobre as diferenças de comportamento dos povos espalhados pelo mundo afora, embora nunca tenha saído desse Brasilzão pra conferir. Falam que os argentinos são metidos, os estadunidenses são burros e os orientais são reservados. Tá.

Em São Paulo, com essa quantidade incrível de gente saída de todos os buracos desse planeta, é possível esbarrar em gente de toda cor e formato de cabeça. E aí tem o nosso querido Stand Center.

Explicação pra quem não tá ligado: o Stand Center fica na avenida Paulista, e é tipo um 'shopping' cheio de stands onde se encontra de gravatas e charutos a dvds pra pôr no carro. É também possivelmente o lugar onde mais se encontra oriental por metro quadrado, e eu falo de orientais legítimos, nascidos lá na outra banda do mundo.

A comunicação normalmente é bem difícil com eles, mas o que mais me incomoda, e isso provavelmente passa pelo aspecto cultural, é o modo como nos atendem.

Entenda bem, não sou xenófobo, bem pelo contrário, acho ótimo que todo esse povo que não encontrou boas condições em seus países ou estados de origem venham se abrigar sob as asas dessa megalópole insana. Só acho que, se você se deu ao trabalho de cruzar cinco continentes e abandonar um país economica e tecnologicamente desenvolvidíssimo para encontrar um modo de viver aqui no meu cantinho, pelo menos tenha a decência de olhar na minha cara enquanto me atende.

É só isso que eu peço. Pode burlar os impostos daqui, pode tomar as vagas dos meus filhos nas universidades, eu não ligo. Podemos perfeitamente conviver em harmonia. Mas me irrita muito, muito mesmo quando eu quero comprar algo de alguém e o filho de uma égua tem comigo a mesma atitude de quem está lendo um jornal enquanto caga.

Estamos combinados?

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Por trás dessa lente também bate um coração

Foi com 13 anos (uma das poucas idades das quais não tenho aversão a lembranças) que eu comecei a perceber que enxergar a lousa ficava cada vez mais difícil. A aula de história, então, era um terror, porque a letra da Renata era muito pequena.

Foi aí que eu comecei a usar óculos. Tinha 1 grau de miopia. Só 1, mas já era bem ruim conviver com um mundo borrado. E eu morria de vergonha, paranóico e estúpido que sempre fui, então só usava os óculos dentro da sala de aula. Pra ir embora, meu irmão era quem lia o letreiro do ônibus. Um dia ele faltou, e não quero nem lembrar a quebrada onde eu fui parar.

Aí o tempo passa, você acostuma e tal, até o ponto em que pôr o óculos é a primeira coisa que você faz quando acorda e tirá-lo a última antes de ir dormir. Assim fui, diariamente, até alguns meses atrás, quando comprei um par de lentes. Nunca havia usado, queria saber como era.

Não era bom. É como fazer um fio-terra no olho, com proteção (ou pelo menos é como eu imagino que seja um fio-terra). Como eu fiquei boa parte do ano sem trabalhar, nem me dava ao extenuante e sádico trabalho de ficar machucando meus olhos com aquilo se não fosse pra sair ou algo assim. Depois eu comecei a trabalhar, e optei por usar as lentes todos os dias - e depois de 4 meses nessa rotina, eu já consigo colocá-las em menos de 10 minutos.

Mas o caso é que, como disse, até metade desse 2007 eu só usava óculos. E aí corta para a cena 2.

Fui à faculdade duas vezes essa semana, ver a apresentação de TCC de duas amiguinhas minhas, a Dani e a Dani. Chegando lá depois de tanto tempo rola aquela estranheza inicial, mas o que me incomodou mesmo era que todo mundo que eu conhecia simplesmente passava direto por mim como se eu fosse um fantasma.

Eu sei que peso 30 quilos, mas daí a ser um fantasma ainda há um abismo.

E uma professora reconheceu. Quanto tempo pra cá, o que tem feito pra lá, ela chama outra professora e diz 'olha quem tá aqui!'. A outra olha, olha direito, faz cara de ponto de interrogação e diz 'é você?'.

Aí o leitor, já cansado dessa ladainha, vai perguntar: e que caralho tem a ver aquilo do óculos com a minha deprimente impopularidade?

Os mais sagazes vão ligar os pontos e descobrir que não me reconheciam justamente por eu estar sem óculos. Claro, existe outra possibilidade, mas se eu freqüentasse um psiquiatra ele diria pra eu avoidar esse tipo de pensamento.

Avoidar é foda. Eu preciso mesmo de um psiquiatra.

Uma coisa que eu nunca entendia era como o Clark Kent simplesmente tirava o óculos, trocava de roupa e ninguém mais reconhecia o veado. Agora, esbofeteado pelo choque da experiência, percebo que tinha muito fundamento. E tem outra, quem desconfiaria que um cara que tem visão de raio-x precisaria de óculos? Genial.

Mas veja como é triste a minha situação: passei 9 anos da minha vida usando óculos. As lentes de vidro fazem parte da minha aparência, assim como meus braços finos, minha sobrancelha juntada e, daqui um tempinho, meu cavanhaque homossexual. Quando eu deixei de usar óculos, simplesmente matei o Thiago/Padula anterior. Toda a minha história, meus amigos, meus sonhos (cof), tudo arremessado longe, a perder de vista (tá, desculpa). De repente, passar a usar lentes de contato me fez uma nova pessoa, com a chance de começar tudo de novo.

E eu continuo fazendo as mesmas burrices, puta merda...

sábado, 10 de novembro de 2007

Dying days

Considerações, pensamentos, coisas sobre esses últimos três dias, dois dos quais passei em casa com o pé inchado - e o terceiro trampando, até 11 horas da noite, também com o pé inchado.

E ele continua inchado.

- Eu poderia ter sido contaminado por um vírus alienígena, poderia ter contraído elefantíase, poderia ter sido só uma torçãozinha, mas não, tinha que ser um pêlo encravado. Agora, além de sofrer com esse troço ainda tenho que contar a história, de cabeça baixa e auto-estima esmigalhada.

- Meus dias só têm sido iluminados pelo fantástico horizonte de ter um Wii ocupando espaço na minha estante. Arrepio só de imaginar.

- Já viram o clipe de Everlong, né? Então imagina meu pé como se fosse daquele jeito. É assim.

- Enquanto não compro pilha pra máquina, você vai ter que imaginar, amigão, embora eu tenha certeza que você está pouco se lixando pra isso.

- Como é bom poder voltar a assistir The Office e My Name is Earl.

- Hoje eu fiquei preso no banheiro porque... não conseguia abrir a porta. Tô precisando de muito Toddynho...

- Ah, Leonor, recebe essa flor que eu roubei pra te dar.

- Sou só eu ou a Paris Hilton não é nem nunca foi bonita?

- Não que eu esteja perguntando se eu sou o único que não sou nem nunca fui bonita, perguntei se só eu acho isso.

- Porque eu até sou jeitozinho.

- Souberam do cara que viu uma mina no metrô, ficou apaixonado e fez um site pra procurar ela? Se eu fosse fazer isso ia gastar todo meu salário com hospedagem.

- Porque nenhuma menina ia querer sair com um cara que põe o site no Geocities, isso é óbvio.

- Nem com um cara que não consegue abrir a porta do banheiro.

- Eu não consigo engolir comprimido grande, e me considero a pessoa mais patética que já se atreveu a pisar nesse mundo triste.

- Ninguém riu da minha piada sobre eu ter me transformado em uma besta mitológica com um pé de flamingo e outro de elefante. As pessoas deveriam ter um senso de humor mais parecido com o meu.

- O meu gosto por música é muito cíclico. Coisas vão e voltam sempre à minha playlist. A do dia é Gigantic, do Pixies. Além de Leonor, do Mundo Livre S/A, na versão do Ludovic com o Vanguart.

- E do disco todo do Fratellis.

- Agora preciso voltar ao trabalho, porque sim, eu trabalho de sábado, tudo pra ganhar mais dinheiro e comprar o Wii. Todos estão convidados pra brincar aqui em casa quando eu comprar.

- Isso se não amputarem meu pé e eu gastar todo o dinheiro numa prótese.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Sad feet

Dia desses surgiu uma feridinha no meu tornozelo esquerdo, e eu não dei muita bola porque anomalias são normais na minha pele, e coisas normais, essas sim, são anomalias.

E aí o pé começou a doer quando eu pisava. Tá, normal. Aí começou a doer mais. Aí eu comecei a mancar. E mancar, mancar, mancar. Aí eu descia do ônibus me segurando no corrimão e me arremessando na rua (divertido, aconselho), pulava que nem um saci, e doía, doía. Fui pra casa, tirei o tênis e tava lá o pé com o dobro do tamanho que costumava ter. Eu sou tipo um tanto desprovido de massa muscular, então fiquei parecendo uma besta mitológica com um pé de flamingo e outro de elefante.

No dia seguinte (vulgo ontem), fui ainda assim pro trabalho, me segurando nos puta-que-pariu do ônibus como o pobre coitado que se agarra a um galho de árvore pra não ser levado pela correnteza, sem um miserável nem pra se oferecer pra segurar minha mochila. Aí não teve jeito, fui ao hospital.

Vocês lembram da minha última experiência no hospital, né? Mas agora eu tenho convênio e fui num particular, que é outro nível. Porque as cadeiras pra esperar não eram de plástico, a consulta levou mais de um minuto e o médico não era chileno e - lá se vai minha masculinidade - era charmosão. Apaga essa parágrafo.

Depois de receber um dia de descanso e pezinho pra cima no meu gélido lar, fui fazer um curativo. O enfermeiro pediu pra eu deitar na cama e tal, e quando levantou a barra da calça pra ver onde iria o curativo arregalou os olhos e semi-berrou 'caramba, cara!'

Abre para divagação: certas frases têm um impacto maior quando vindas de determinados setores da atuação humana. Se um bandido te diz 'vou te roubar', você nem liga, mas se o juiz do jogo diz o mesmo a coisa já muda de figura. Se o manobrista do estacionamento vê um pé inchado e diz 'caramba, cara!', você também não dá muita bola, mas se a mesma frase vem de um enfermeiro que passa os dias vendo todos os tipos de coisas feias e estranhas nos corpos das pessoas, já bate um desespero. Fecha.

Aí veio um outro enfermeiro, muito simpático (isso é verdade) e parecido com o Richarlysson (isso é verdade), que parecia ter algum fetiche mórbido por apavorar pessoas, repetindo o tempo todo 'isso é sério, cara', ou 'você vai ter que tomar benzetacil', enquanto esfrega e espreme seu pobre machucado sem um mínimo de compaixão (tudo verdade).

Tá, eu sou frouxo, sei disso, mas também não precisa pisar.

Aí saí do hospital e pensei: 'posso ir pra casa chorar minha dor na cama ou dar um pulinho (literalmente, porque esse tem sido meu principal modo de locomoção) ali no Sesc e ver o show do Vanguart'.

Foi bem bom, bem bom.

Mas eu fiquei sentadinho no canto, antes que venham falar alguma coisa.

Ps.: queria pôr uma foto do meu pé aqui, mas a câmera tá sem pilha, e claro que eu não vou sair pra comprar assim.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Ode ao campeão

Há tempos não se via um campeonato brasileiro tão emocionante. Todo mundo tem chance de Libertadores, todo mundo tá sujeito a cair, a média de público é excelente, todo mundo se diverte.

Menos um.

Sentado em seu canto, só e sem amigos, está aquele que deveria ser o centro das atenções, o objeto de cobiça: o líder. Mas não, ele está solitário, pois assim é o mundo, escurraça àqueles que se atrevem a ser diferentes. Esse líder pecou, sim, pecou. Pecou por ser bom em um país onde impera a mediocridade, pecou por ser organizado onde reina a bagunça, pecou por ter Rogério Ceni em terra de Bruno Otávio. E assim é punido, como foram queimadas as bruxas, como foram sufocados os judeus: pessoas que pagaram o preço de ser diferentes.

Mas esse é o mundo, a festa dos ordinários. Riam, pulem, chorem acolhidos em sua insignificância, pois hoje o líder estará no topo do mundo, sorrindo sua solitária perfeição. E que uma coisa fique aqui bem clara a todos os que lerem essas confusas palavras:

Se o São Paulo não for campeão hoje, esse blog estará fechado até a próxima semana.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

In Rainbows /

Só pra não perder o bonde: a primeira vez que eu ouvi In 'quer-pagar-quanto' Rainbows, o revolucionário disco novo do Radiohead, eu ajoelhei aos prantos e agradeci a deus (eu acredito nele às vezes) por existir um disco tão bom.

Mundão véi sem portêra

Desde a proximidade do fim da faculdade, e percorrendo esse ano todo, ouvi histórias e planos de colegas (amigos, né) que queriam sumir daqui e dar um tempo em outro país. E, um a um, estão mesmo indo - logo nossos amigos secretos não vão mais ser secretos, pois só vai sobrar uma pessoa pra dar presente. E é aquele ritual, sempre que se aproxima a data de partida de um, a gente faz uma despedida no lendário bar do Mineiro. Ontem foi a vez da Bárbara, vizinha de blog, que vai pra Londres - nem grega, nem romana. It makes sense.

Minha turma da faculdade (a palavra 'turma' só é aceitável para um maior de 10 anos se aplicada a esse contexto estudantil) nunca foi muito ligada, unida. Até porque, convenhamos, fica meio ridículo para pessoas adultas andar em blocos de 50 quando não se pode mais fazer fila. É muita desorganização. Mas voltando: a gente nunca foi assim aquele povo unido, mas se gosta, e tal. E como a cada quinzena algum dos nossos resolve partir, temos nos visto com alguma freqüência. Nós somos como aqueles primos que brincaram juntos a infância toda, aí o pai de um deles teve que mudar pro interior a trabalho e agora todo mundo só se junta de novo quando alguém da família morre.

Perdoem a comparação, mas ela funciona, vai.

Enfim, todos estão indo, e logo aquela chata sensação de fim de faculdade de que nos separaríamos vai se tornar geograficamente um fato. Eles dizem que voltam, mas ninguém é a mesma pessoa depois de um ano ou mais convivendo num ambiente completamente diferente (e, principalmente, civilizado), e eu não quero esses impostores, quero meus amigos antigos.

By the way, segue abaixo um texto mais ou menos sobre o assunto que eu escrevi há algum tempo e, que me lembre, não publiquei no blog. Se sim, avisem aí.

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Uma coisa que me fascina na mesma proporção em que me apavora é essa coisa do mochileiro, o mano que põe uma mala nas costas e se aventura mundo adentro, em busca de drogas, ou sexo, ou boas fotos, ou assunto pro seu blog.

Sou grande fã de mochilas, não por menos meu apelido no trampo é 'Mochilinha'. E gosto também da idéia de se perder por lugares desconhecidos sem saber aonde vai estar semana que vem, amanhã, daqui a pouco. Mas ser um viajante nômade requer alguns detalhes importantes, como desenvoltura, coragem e o menor número de frescuras possível. Aí já me fode a vida.

E tem também outro ponto: pra onde ir? De Brasil eu tô sussa, América é muito clichê, Europa é muito chique (onde fica todo o glamour da coisa, do fedor e sofrimento?), Ásia é particularmente assustadora pra quem tem fobia de gente, África é muito quente (e ter fobia de gente não me faz ter vontade de ficar cercado de jaguares) e a Oceania... convenhamos, a Oceania não é nada, uma bostinha, o Distrito Federal do mundo.

Fora as agruras por que se tem que passar, como religiões e políticas malucas, curiosos sobre o Pelé ou bichinhos que podem se instalar no seu cu, ou em outra parte mais nobre do corpo.

O problema é que, como eu disse, eu curto a idéia. Sou apaixonado por road movies, road books, road whatevers, e adoro as histórias que contam pessoas que vivem esse tipo de aventura, porque das duas uma: ou ela realmente viveu aquilo ou tem uma imaginação sensacional, o que também é de se aplaudir. Pode não parecer (aliás, não parece at all) mas eu gosto de contar histórias - só não tenho nenhuma. Sério, se você já passou cinco minutos conversando comigo sabe disso; se já viu o tipo de relatos pessoais que eu conto no blog também.

Acho que, no fundo, o legal da coisa de se embrenhar em todos os lugares onde Judas perdeu seus milhares de pares de botas é poder ter coisas pra contar sobre isso tudo. Pois olhando friamente, a menos que você seja sozinho de tudo e não tenha a que se apegar no seu habitat, mochilar por aí é um sofrimento desgraçado, só compensado pelo prazer de ver seus amigos pagarem um pau pra todas as coisas que se passaram em lugares tão distantes quanto o Sesc Interlagos. Ou a Indonésia, dá na mesma.

Se for pensar bem, o mochileiro é um vovô planejador, daquele que quer ter histórias realmente legais pra contar pros netos (trauma infantil é foda, eu sei), e pra isso arrisca sua sanidade entre culturas não lá muito fascinantes e artesanatos porcos. E, no fim de tudo, o pentelho nem vai te ouvir pois está gastando os dedos no Winning Eleven 30.

E alguém me explique como eu cheguei a esse ponto da conversa.

domingo, 28 de outubro de 2007

Fala baixo

Eu não sou um bom músico - aliás, acho que deveria haver alguma liminar pra me manter a pelo menos 15 sílabas da palavra 'músico' -, mas gosto de maltratar o violão e tal - paguei caro por ele, agora faço o que quiser, that's the law.

De uns tempos pra cá decidi comprar mais um instrumento, pra poder tocar com mais gente, sacomé. Uma guitarra seria a opção mais óbvia, mas um violão elétrico também era uma alternativa bacana - essa ladainha folk não me larga nunca. Bateria nem pensar, porque a) é muito caro; b) faz muito barulho; c) minha mãe arrancaria minha baqueta fora se eu aparecesse com isso em casa.

E não é que lá pelas últimas duas semanas fui tomado de súbito por uma vontade incontrolável de tocar... baixo. Num primeiro momento aquilo foi repugnante, pois - começa agora o momento preconceituoso e a arte de se falar sobre aquilo que não se sabe -, convenhamos, baixo é instrumento de corno.

Repara num show como o baixista parece estar sempre alheio ao que se passa. Enquanto o vocalista se curva e esgoela sobre o microfone, o guitarrista roda pelo chão e o baterista espanca seu instrumento como um gorila, o baixista está lá na dele, mexendo os ombrinhos e, se muito, os quadris, com aquela cara de 'calma, pessoal, está tudo sob controle'.

E o baixista é o cara que não come ninguém. E o instrumento dele não faz barulho e é proporcionalmente feio. E veja bandas lideradas por baixistas, como o Iron Maiden e o Rush - podem ser ótimas bandas, mas ninguém liga. E se baixo fosse bom, o Thee Butchers' Orchestra teria um.

Mas de algum modo, após quase furar o primeiro do Stone Roses de tanto ouvir (tá, era mp3, mas vale a metáfora), me convenci de que queria tocar baixo. Fodam-se o Steve Harris, o Geddy Lee e o Roger Waters - ainda temos o Gene Simmons, o Flea, o Paul McCartney! E o Sting, o Brian Wilson, o Paul Simonon, o Lemmy Kilmister, o John Paul Jones, o Sid Vicious (ahn... é), o Nick Olivieri.

Certo, agora eu quero ser baixista. Sou um corno conformado, escuto a voz do coração. E depois, sobre aquilo de o baixista não comer ninguém, é até um peso a menos sobre meus ombros: imagine que guitarrista vergonhoso eu seria.

Update: Alguns vídeos de linhas de baixo divertidas pra fazer a alegria da criançada:





sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Alô alô Realengo - aquele abraço!

Duas coisas que eu tinha vontade de fazer eram viajar de avião e visitar o Rio de Janeiro. Porque, imaginava eu, que voar - ainda que em uma baleia de metal - era uma das sensações mais gostosas que se pode ter, e que o Rio, apesar dos pesares, era uma cidade lindona.

Ontem, a trabalho, fui pro Rio de avião. Fui no transporte mais seguro do mundo para a cidade mais perigosa do mundo.

Brincadeira, estou exagerando. Deve haver algum transporte mais seguro.

Sabe quando dizem na TV sobre o tal do Caos Aéreo, da bagunça nos aeroportos, do atraso nos vôos? É tudo verdade. E três horas depois do horário previsto, lá vou eu (cantando mentalmente '30000 pés', do Pato Fu) universo acima.

1ª constatação: não tem nada de mais voar nessa merda. Que bobagem.

O serviço é excelente. Após 3 horas de espera, somos brindados com 2 cream-cracker e um copinho de refrigerante quente. Mas a visão da aeromoça tornou tudo mais, ahn, confortável.

Cheguei no Rio e só o que se via era chuva e o céu cinzento. Por um minuto achei que o piloto, pilantrinha, deu meia-volta e aterrissou em São Paulo. Mas falo mais sobre essas semelhanças mais pra frente.

Os cariocas em geral são muito gente boa (descobri isso no decorrer do dia), mas por alguma razão astral o taxista que nos levou até o hotel era um maníaco, uma mistura de Joel Santana com Travis Bickle (vocês assistiram Taxi Driver, né?), que ficava cantando, resmungando, falando mal do governo, da criminalidade, da polícia e do sistema tributário, tudo isso entre um ruído esquisito e outro.

2ª constatação: cidade maravilhosa my ass. Vá distante 50 metros do mar e você terá São Paulo, com a mesma arquitetura, os mesmos bairros e a mesma sujeira (ponto negativo: eles têm outdoors). Coloquem um punhado de areia e água no final da Paulista e um jesus de braços abertos no prédio da Gazeta e ficamos rigorosamente iguais.

Vôo de volta, atraso de 4 horas, mais o detalhe que a barca ia descer em Guarulhos - fora que ela já não saiu do aeroporto que era pra sair.

E foi assim o dia mais feliz da minha vida.

domingo, 21 de outubro de 2007

The way to the future

A gente tem essa paixão forte por ficção científica, né. As máquinas, a tecnologia avançada, as estratégias, os seres de planetas desconhecidos, tudo isso habita nossa imaginação e nossa esperança de no futuro o mundo ser um lugar menos entediante. Embora a visão de futuro dos ficcionistas seja sempre pessimista, de um mundo vivendo após algum colapso que parece ser a previsão mais acertada no meio daquilo tudo. De Blade Runner a Akira, de Matrix a Laranja Mecânica, de Megaman a Do The Evolution: o futuro é sombrio, triste, macabro.

Hoje o que a gente possui de mais próximo a essa cultura das máquinas é a Fórmula 1. Tecnologia de ponta, máquinas ganhando mais destaque que humanos, a atmosfera de batalha, a fumaça, os macacões de 25000 dólares.

Só destacando, caso não tenha recebido a devida importância no meio do parágrafo acima: aquele macacão custa VINTECINCOMILDÓLAR!!! Ele é autosuficiente e tal, você pode fazer suas necessidades lá dentro, mas duvido que alguém reutilize o mesmo macacão depois de ter lhe dado uma bela mijada.

Esse final de semana o circo está na cidade, e em final de temporada, então as atenções, mais do que nunca (excetuando-se, ahn, os últimos anos em que o campeonato finalizou-se aqui também) estão voltadas pra nosso modesto espetáculo sci-fi.

Abre parênteses: acredita que só agora, nesse segundo, eu entendi por que aquele jogo de corrida futurista da Nintendo se chama F-Zero? Fecha parênteses.

Eu não gosto de Fórmula 1, não gosto de automobilismo at all, nem gosto de carro. Mas não é implicância minha pensar que se continuarmos com essa prática perigosa nosso futuro será sombrio, triste e macabro, é?

O dia em que uma McLaren engolir um piloto e transformar-se num máquina autosuficiente a gente conversa.

Update: como o universo é um complexo mecanismo que se move pra me contradizer, a corrida foi sensacional. Mas é uma em um milhão.

Update 2 (23/10): mais uma coisa clássica nas histórias futuristas (especialmente as dos anos 80) : http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u338956.shtml
O pior é ler a matéria e tentar não rir. Patético...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Pardon me

Já fazia um belo tempo que eu não ia a um show, então ontem fui ao Citibank Hall, antigo Cie Music Hall, mais antigo Directv Music Hall, quase pré-histórico Palace, pra ver a apresentação do Incubus, a banda californiana que faz a alegria da garotada.

A coisa funciona assim: eu não sou um fã, nem acho uma banda ótima, mas tenho a maior boa vontade. A família gosta, tem umas músicas legais, são bacanas de tocar. Se você separar as músicas legais, dá pra ouvir numa boa por algumas horas. E os caras são bons músicos, o vocalista tem uma voz legal e tal, embora os atributos mais famosos dele sejam físicos, o que me faz pensar o que é que a mulherada tanto vê naquele frango testudo. Whatever.

Mas aí o show começou e eu me dei conta de que já não tenho mais idade pra essas coisas. Colaboraram pra isso:

- o fato de todo mundo ao meu redor ser homem e com alguma séria disfunção nas glândulas sudoríparas;
- lembra que eu falei sobre separar as músicas que eu gosto e tal? Eles tocaram todas as outras;
- o lugar é fechado, apertado, quente e sempre tem uns filadaputa que resolvem fumar lá dentro;
- a música de encerramento, ah, a música de encerramento.

O negócio é que o Incubus é uma ótima banda de nu-metal, mas uma banda de rock 'n' roll bem meia-boca. É banda de moleque, you know, e por mais que em alguns momentos eles nos brindem com canções brilhantes, logo em seguida voltam à barulheira juvenil, pra não perder o pé no berço. O saldo final é positivo, mas por pouco.

Mas como eu sou legal, separei uma das bacanas deles. Enjoy.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Upon this tidal wave of young blood

O Clap Your Hands Say Yeah é uma das minhas bandas relativamente novas favoritas, e eu até tenho um post sobre ele mais ou menos pronto pra pôr aí qualquer dia desses.

Mas resolvi mostrar esse videozinho aqui, gravado num show em Dublin, terra do Bono e agora do Hugão, que a qualidade não é lá grandes coisas, e quem não conhece a música vai achar uma merda (ela já é esquisita na versão normal), mas a interação da platéia é absurda, vale a vida.

Mas é, pra quem não conhece a música não vai ter graça de qualquer modo.

sábado, 6 de outubro de 2007

Game over

Não sei se a data é bem essa, mas dia 10 de outubro, quarta-feira agora, meu PlayStation faz 10 anos de aquisição.

Que tipo de imbecil marca data de compra de um videogame?

Não eu, por isso disse que não sei se a data é bem essa ¬¬

Lembro bem do dia em que fomos na loja, minha mãe, meu irmão e eu. Era uma galeriazinha na Lapa, e a loja existe até hoje. Pagamos 3 prestações de 110 reais e levamos aquele paralelepípedo cinza horroroso, com um controle e três jogos que não merecem ser citados.

E aí o tempo voa, sacomé, e fazem 10 anos que eu comprei meu último videogame (o Game Boy não é um videogame, é uma calculadora que, ao invés de números, mostra o Mario pulando). Não sei se você pensa assim também, mas se faz 10 anos que a pessoa comprou seu último videogame, das duas uma: ou ela está ficando velha, ou morreu. Sexta-feira uma moça nova no trabalho disse que eu tinha cara de 18 anos, o que tira a possibilidade de eu estar ficando velho. E isso faz de mim um cadáver.

Tenho pelo menos um continue?

sábado, 29 de setembro de 2007

In your ass

Estou com uma espinha, grandinha até, na parte posterior da coxa. Sei, talvez você imagine que eu tenha dito que a espinha está na coxa pra não dizer que está na bunda, o que seria bem constrangedor, mas não é verdade.

Porque eu já tive uma espinha na bunda.

Isso foi há uns 4, 5 anos. Ela era enorme, e se alojou bem no meio da nádega direita, bem ali onde vai o parafuso dos bonequinhos articulados. Era extremamente desconfortável, não vou negar. Pra sentar era particularmente difícil, e aí, como deus é bom, na mesma época um caminhoneiro burrão derrubou a ponte da Freguesia do Ó, fazendo com que todo o tráfego da região fosse desviado, fazendo com que o trânsito aumentasse bem consideravelmente, fazendo com que eu tivesse que ficar três horas no ônibus sentado de lado.

Aí aconteceu que um dia eu fui tomar banho (era sábado, como pode-se deduzir) e, ao tirar a cueca, tive a mesma espantosa sensação que toda menina tem no auge de sua puberdade: eu estava menstruado!

Certo, essa foi a primeira conclusão, que, grazadeus, estava errada. Era, sim, a minha espinha, como uma borboleta, largando sua forma original pra se transformar num belo espetáculo de sangue e pus explodindo como fogos de artifício no céu de uma noite chuvosa.

Um belo final, hein?

Outro dia conto da vez que esqueci de limpar a bunda depois de uma cagada e sentei com o cu sujo no lençol limpo da cama.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Idiot wind blows everytime you move your teeth

Não sei quem mudou, se eu ou ela (possivelmente os dois), mas eu gostava da MTV. Também não sei se já contei aqui, mas essa coisa de roquenrôu é nova na minha vida, tem só um punhado de anos que eu decidi me entregar à apologia da distorção. E, nesse tempo, a MTV foi tipo minha mentora.

Hoje eu não suporto mais. Não agüento aquelas vinhetas sem sentido, não agüento a empáfia do povo que trabalha lá, não agüento o senso de humor terrivelmente sem graça deles, não agüento aqueles VJs que acham que têm uma profissão, não agüento os programas da matriz estanudidense que eles injetam em doses cavalares na programação.

Mas mesmo assim, há de se dizer, ainda é a emissora de TV aberta mais criativa que a gente tem. Depois da (e você pode torcer o nariz, mas há de concordar) Globo.

Aí ontem teve aquele VMB, que é um combo de cenas constrangedoras com roupa de festa importante. Não vi, pra ser sincero, mas durante alguns momentos acompanhei pelo rádio, em volume inaudível, pois teimaram de interromper a programação da minha estação favorita pra passar isso.

Teve uma hora que eu fiquei ouvindo a Hora do Brasil, juro.

O VMB é um retrato muito triste da nossa juventude. Porque, estranhamente, a MTV tem um poder de influência infinitamente maior do que o coerente pra faixa de audiência que eles atingem. Desse modo, dá pra fazer um rápido estudo antropológico do futuro da classe estudada do nosso Brasil. Sem pudores, sem frescura: um país que celebra o NX Zero merece morrer.

Por empalamento.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Se sente mal?

Sábado de manhã eu fui doar sangue, mas fui reprovado. Já havia acontecido a mesma coisa há uns três anos atrás, quando fui doar pela primeira vez.

Tempo pra você pensar no motivo da minha inadmissão.

Nas duas vezes, assim que eu dizia que não havia podido doar, logo replicavam:

- Por causa do peso, né?

Dessa última vez, ainda houve uma resposta diferente:

- Ah, anemia?

O que mais me assusta nas respostas, além do julgamento quase sempre igual, é que ninguém sequer perguntava por que, e logo respondia, como se a resposta fosse tão óbvia que seria uma tolice perguntar o motivo. E isso me faz pensar na imagem que as pessoas têm de mim, quesito aparência.

Manja aquele episódio em que todos perguntam pro Seu Madruga se ele se sente mal? Então.

Eu tenho mais de 50 quilos, não sou anêmico, não sou desnutrido e, modéstia a parte, meu sangue é ótimo, e pode alimentar as veias de qualquer pobre enfermo, independentemente do tipo de sangue que o moribundo carregue. Pensando bem, a única coisa boa em mim é meu sangue, e mesmo assim o rejeitam.

Só pra constar, o motivo das minhas reprovações é um sopro minúsculo no coração. Coisa besta mesmo, nem sinto, e só preciso de um atestado liberatório do cardiologista pra poder distribuir meu sangue sensacional aos menos favorecidos. Mas fico a pensar se o tal menos favorecido não sou eu na verdade, pois tantas pessoas que vêem em mim um rascunho de ser humano não podem estar erradas.

domingo, 23 de setembro de 2007

Baby, you can drive my car

Ontem, sábado, dia 22 de setembro, rolou em São Paulo um certo 'dia mundial sem carro'. A idéia, caso não tenha conseguido deduzir, era de que todo mundo deixasse seu carro em casa e saísse por aí de bicicleta, ônibus, metrô, ou na caminhada mesmo. Ou em outra opção não citada.

Passei o dia inteiro andando por essa cidade. Fui doar sangue no Hospital das Clínicas, depois fui pra Paulista, depois pra Mooca, depois pro Morumbi ver meu amor jogar (o São Paulo, não o Richarlysson. Ou sei lá como escreve o nome dele). Em todos esses lugares você via carros e carros e carros, pra lá e pra cá, pra cá e pra lá, pra cima e pra baixo, de um lado pro outro.

Não que eu esperasse que o dia mundial sem carro não fosse um fiasco, mas foi interessante pelo menos para observar as discussões que a data suscitou. E a tecla mais batida é a questão da pobreza e ineficiência do transporte coletivo na cidade.

Concordo, claro, sou vítima cotidiana da lástima que é o transporte coletivo paulistano. E olha que, em meus 22 anos de experiência no setor, já observei muitas melhorias. Da qualidade dos transportes à própria organização em torno deles, as coisas têm melhorado. Mas como oferecer um transporte decente a toda a população de uma cidade que é gigantesca? Não só no número de habitantes, mas na amplitude geográfica, a cidade de São Paulo é tão grande que pra chegar em certos pontos dela você leva três horas num dia sem trânsito.

Fora que comprar carro é muito fácil, seis milhões de prestações e você tem lá seu uninho na garagem. Algumas estatísticas dizem que a cada dia 800 carros novos passam a circular na cidade. E tome trânsito.

Não sei se é vício de raciocínio, mas só eu acho que não tem solução e a hecatombe se avizinha?

Dylan sabe tudo

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Dênis, tênis, pênis

Os motivos que circulam o relacionamento de um homem e seu pênis são tema para anos e anos e séculos de estudo. Está acima da relação entre a mãe e o filho, o torcedor e o time, a Maria e eu.

É também uma relação que se caracteriza pelo corujismo, ao menos em parte. Existe sempre aquela tendência do dono em exagerar as qualidades do aparelho, mas ninguém nega que a imagem do pênis é a coisa mais repugnante que pode ser processada pelo cérebro de alguém.

Não é exagero. Pegue um exemplo clássico, as embalagens de cigarro: nas mensagens desencorajadoras do verso, sempre há o 'ministério da saúde adverte...' e uma foto ilustrativa. Se a mensagem versa sobre o risco de ocorrer câncer no pulmão do fumante, lá está uma foto de um pulmão, nu e cru, apodrecendo sob a chaga do fumo. Se a mensagem fala sobre necrose, mostra lá a canela asquerosa do pobre fumante. Mas se fala sobre impotência sexual, a imagem mostra um... cigarro.

Eu posso ver um feto abortado num vidrinho e um sujeito com a laringe arregaçada, mas não posso ver um pau mole. 'Não, isso seria forte demais, devemos usar o bom senso', pensaram os criadores da campanha.

Essa é a prova cabal de que, no fundo, eles não querem que as pessoas parem de fumar. Ninguém liga se ingerir veneno de rato ou tiver uma perna amputada, mas se a pessoa vir, ali na caruda, que botando aquela fumaça toda pra dentro ela corre o risco de não ver seu ponteiro sair do zero, aí o número de fumantes irá diminuir drasticamente.

Tamanho é o apreço do homem pelo seu pipiu que as maiores atrocidades da História tiveram início por causa de ciúmes ou estranheza peniana. Homem nenhum admite que seu pênis seja menor que o de outro, e aí quando aportaram pela primeira vez na África e viram aqueles negões nus com seus bambus raspando os tornozelos, logo trataram de escravizar todos pra mudar o foco da atenção. Mesmo a Segunda Guerra Mundial, e poucos sabem disso, foi provocada pois Hitler achou muito estranho aquele negócio dos judeus cortarem fora seus capuzes.

Mas acho que, se pararmos pra raciocinar, veremos que isso tudo é a mais pura bobagem. Um pênis é só um mijador (e nisso ele é insubstituível) que pode ter outras atribuições, as quais eu não vou citar porque acho que todos aqui têm mais de 9 anos. Se você, seu namorado, ou alguém que você conhece tem esse caso de paixão mortal pelo próprio bilau, fale disso com seu médico. Eu falaria.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

The song remains the same

Eu tenho aqui pra mim uma teoria de que o Led Zeppelin é a maior banda de rock de todas. Eles são o centro e o rock n' roll os orbita.

Não é questão de preferência, eu mesmo gosto até mais dos Beatles e do Nirvana, é uma questão mais racional. Olha só, o rock começou como uma variação do blues. Aceleraram o menino, botaram a mulherada de saia rodada pra dançar, arranjaram um branquinho bonito de vozeirão pra servir de rei e voilá! That's roquenrou.

Do blues acelerado, o rock chegou ao peso. As saias rodadas viraram jaquetas de couro, o blues virou metal. A partir daí, tudo é derivação, nem tudo é rock.

E o que é o Led Zeppelin senão a união do blues com as guitarras pesadas? É o elo que liga a música de dança com a música de caveira. É o posto mais alto da instituição, é o heaven cuja stairway todo mundo ainda está subindo. É A MAIOR BANDA DE ROCK N' ROLL EVER!

Certo. E daí? Daí que isso aqui, ó:

Led Zeppelin volta para show único no dia 26 de novembro, em Londres
Da Redação

A banda britânica Led Zeppelin, uma das mais influentes da história do rock, anunciou nesta quarta-feira que reunirá os remanescentes de sua formação original (o vocalista Robert Plant, o guitarrista Jimi Page e o baixista John Paul Jones) para um único show em homenagem ao executivo Ahmet Ertegun, morto no ano passado. O show será realizado no dia 26 de novembro na O2 Arena, em Londres, em benefício da Ahmet Ertegun Education Fund, que financia bolsas de estudo nos EUA, Inglaterra e Turquia.


Agora fodeu. Se eu perder isso, serei uma pessoa incompleta. Mas como ter isso? Arrrgh!!!

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Pra boi dormir

Estou escrevendo isso num momento de desânimo total. Bode, preguiça, saco-cheio, whatever. Como não há motivo para escrever, além do desânimo, provavelmente esse post vai se transformar numa massa de frases desconexas que não levam a lugar nenhum.

Estava me perguntando, dia desses - hoje. Agora mesmo -, por que inventam tantos meios diferentes de comunicação e diálogo se a gente nunca tem nada pra falar?

Olha só: antigamente você podia conversar cara a cara, ou mandar uma carta. Em séculos distantes, a carta poderia levar dois meses pra chegar. Então você precisava dizer tudo que fosse realmente importante, pois o autor de uma carta era como uma estrela distante: você está ali vendo, mas talvez já tenha morrido.

Aí inventaram o pombo-correio, o telégrafo, o telegrama , o telefone, e a cada passo iam-se ampliando as possibilidades e diminuindo o tempo de conversa, para aproximar a experiência de um diálogo de verdade, cara a cara e tal.

Hoje existem mecanismos de conversação aos montes: quando o telefone não era chato o suficiente para lhe atazanar a vida, inventaram o celular, porque aí você não consegue fugir. E também veio e-mail, mIRC, ICQ, MSN, Skype, scrap e o caralho a quatro.

Minha pergunta é: por quê? Por que a gente tem que tá sempre conectado um ao outro, se falando, se tocando virtualmente, se a gente não tem nada pra dizer?! O que pode acontecer de tão interessante na nossa vida o tempo todo pra gerar assunto pra tanta conversa? Ou será que eu sou a única pessoa trabalhando num escritório enquanto todos estão em safaris na África ou escalando as montanhas do Himalaia?

Há os que digam que a modernidade e o anexo tecnologia afastaram as pessoas. Discordo. Acho que tudo isso aproxima as pessoas, só que com a vantagem de não haver o contato físico. Imagine você e seus 500 'amigos' espremidos no mesmo lugar pra falar sobre as nulidades que conversam sempre pelo meio digital.

'Ah, mas se rolasse uma breja...'. Boa. Séculos e séculos de evolução, de desenvolvimento, pesquisas, empenho, pra simplesmente substituir uma cerveja. E, chupa, humanidade, ainda não conseguimos.

Como eu disse lá no primeiro parágrafo, 'provavelmente esse post vai se transformar numa massa de frases desconexas que não levam a lugar nenhum'. Pois bem, eu posso ser um monte de coisas (ou nada), mas sei cumprir uma promessa.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

A melhor defesa é a defesa

Esse post você não é obrigado a ler (os outros sim, entendido?), até porque, e eu posso compreender, sometimes a inveja cega e não nos permite assimilar as coisas bonitas do mundo.

Vou começar com uma digressão: lá pela minha distante juventude, tempos em que eu tinha cabelo e sonhos, eu era um maníaco jogador de futebol. Jogava na escola, nos campinhos, na rua, na chuva, na fazenda. Um dia entrei (entrei é modo de dizer, eu era membro fundador =P) para um time e me colocaram pra jogar na zaga.

Eu sou bem ridiculamente fraco, né, sempre fui (como já disse mais enfaticamente aqui), e, embora hoje eu tenha uma estatura normal, em tempos passados eu era bem bem pequeno, o que me torna o total oposto do biotipo típico de um zagueiro. Mas aí sabe como é, quem sabe jogar vai pro ataque, quem não sabe vai pro gol. Como já tinha um goleiro, fiquei na zaga. E acabei me saindo surpreendentemente bem - ou não, se pensar bem: o papel do defensor é destruir jogadas, e nisso eu sempre fui ótimo; só precisei me focar em destruir unicamente as jogadas do adversário.

Eu gosto de futebol, e acho que todo mundo que gosta de futebol (a.k.a. pessoas de bem) prefere ver um jogo bonito, bem jogado, com dribles incríveis, passes maravilhosos, gols de placa. Mas eu, pela minha experiência, sei também ver beleza no trabalho da defesa. Vibro às vezes mais com um desarme bem feito que com uma finta desconsertante. Um carrinho daqueles impossíveis que acerta só a bola e deixa o atacante rolando é quase o nirvana.

Sendo assim, muito me agrada ver esse time do São Paulo (a.k.a. melhor time da história do universo) jogar, principalmente pelo incrível trabalho de defesa. Como são paulino, já vi vestirem aquela camisa defensores terríveis, e hoje mais do que nunca sei dar valor a isso.

Futebol pragmático, de resultados, fim do futebol-arte, os adjetivos e comentários sobre a soberania da defesa sobre o ataque são inúmeros. Em outros esportes coletivos, a defesa é a parte mais importante. Veja a comemoração da torcida num bloqueio no vôlei ou num toco no basquete. É sensacional. E isso nada impede que o jogo seja bonito, pelo contrário.

Mas como eu disse, você não precisava ler isso. Pode estar se remoendo de inveja, eu entendo, faz parte. Também ficaria assim se torcesse para um time de casta inferior, é absolutamente normal. Mas, se já leu tudo isso aqui, não se preocupe. Relaxa e chuuuuuuuuuupa!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Another brick in the wall

Voltei a estudar. Ontem, munido da minha mochila e do meu celular com FM fui até a Consolação, insólito terreno Mackenzista, para levar meus parcos conhecimentos em design um passo à frente.

A coisa mais marcante pra mim foi o banheiro: tinha cheiro de banheiro de escola. E não falo de cheiro de mijo, ou qualquer coisa assim, mas um odor talvez psicológico, que a gente sempre associa com algo. Sabe cheiro de dentista, cheiro de hospital, cheiro de casa da vó? Então, lá tinha cheiro de banheiro de escola, e só isso já foi uma agradável recordação, excluindo aí o aspecto repugnante da coisa.

E aí teve aula, eu aprendi coisa nova, anotei o nome da professora, me enfureci com os alunos que paravam o troço de cinco em cinco minutos pra fazer uma pergunta absolutamente estúpida, travei um duelo particular com o cara da máquina do lado (tudo na paz, tudo na paz), e cheguei em casa maior tarde, como em tempos passados. Mas o resultado foi bem positivo, e mal posso eu esperar pela próxima aula.

E o salário, ó...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Tempos difíceis

Como boa parte das vezes em que fico em débito com o blog eu chego aqui e ponho um vídeo pra tapar buraco, não vou fazer diferente hoje.

A musiquinha é do Rodrigo Santos, baixista do Barão Vermelho, e chama 'Tempos difíceis'. Justificando com a piada fácil, nesses tempos em que sertanejos se travestem de roqueiros tem sido cada vez mais difícil achar uma boa canção pop, e, bem, aí está ela. Não é uma puta música nem nada assim, mas é bem gostosa e deixa aquela atmosfera irritante de 'caraio, onde eu já ouvi isso?'.



Logo logo eu devo vir com texto novo. Enquanto isso vai assobiando essa.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Lembra o final de Débi e Lóide?

Como revelar alguns hábitos constrangedores da minha rotina já não é novidade por aqui, vamos a mais um hoje.

Coloquei como 'constrangedor' ali em cima pra ser legal, porque se por um lado é extremamente patético, por outro é praticamente regra entre os homens, em maior ou menor grau (o meu é um dos maiores, modéstia à parte), só não é tão exposto num espaço assim, unissex.

Eu sou voyeur de busão.

Siiiim, confesso, uma das minhas tarefas diárias é ficar secando garotas bonitas no coletivo. E daí? Esse é o tipo de coisa que se faz todo o tempo, em qualquer lugar. Eu só tenho uma preferência particular pelos ônibus primeiro pelo tempo que se pode gastar observando (da onde eu moro, as viagens costumam levar horas); segundo pelo desafio da coisa: não é fácil achar mulher digna de ser admirada por esses lados de cá, verdade seja dita.

'Machista!', 'Canalha!', praguejarão contra este humilde e inútil digitador. Rubem Braga e Vinícius de Moraes são dois notórios voyeurs, e não só ofereceram algumas das obras literárias e musicais mais importantes do nosso portfólio erudito como também fizeram a vida de muita gente nessa brincadeira (Helô Pinheiro taí e não me deixa mentir). Agora, tirando as óbvias disparidades intelectuais entre os supracitados e eu, a única diferença é que meu escritório é o ônibus, enquanto o deles eram as românticas praias cariocas do pré-guerra.

Que nem é lá uma diferença tão grande se for pensar bem: no Rio, o principal ponto de agrupamento coletivo e mesclagem de gente de todo tipo, toda cor e todo bolso é a praia. Pois em São Paulo o que é esse mesmo ponto senão justamente o ônibus (e o metrô, o trem e esses transportes de corno)?

Taí, convenci a mim mesmo de que o voyeurismo de busão é uma prática saudável e bonita. O que não quer dizer que não seja prejudicial em doses cavalares.

Alguém me ajude...



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Now playing: Vanguart - Miss Universe
via FoxyTunes

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

É proibido fumar?

Todos os meus amigos fumam. Tá, talvez não todos, mas os mais chegados sim. Alguns nem fumavam antes de me conhecer, o que põe em caráter de dúvida os benefícios da minha amizade. Mas não é essa a questão.

Eu às vezes até encho o saco, mas na verdade não ligo: quer fazer do seu pulmão uma lareira, fique à vontade. Eles fumam, eu não como, tem gente que leva uma vida sedentária, e quase todo mundo tem aquele hábito que lhe é prejudicial à saúde - então quem sou eu pra dizer qualquer coisa. Na verdade, a situação até me é confortável: sabendo que todos nós, eu e meus amigos, cuidamos da nossa saúde com o mesmo carinho com que limpamos a bunda, a chance de todos morrermos cedo e juntos é bem grande. Imagina que bonito, vivemos juntos, morremos juntos.

Mas eis que um dia desses estou em casa judiando do meu braço (trabalhando, pessoal, antes que o post de baixo dê impressões erradas sobre a minha pessoa) e ouço a chamada de um programa, possivelmente o Globo Repórter, em que o apresentador mancheta que pessoas que comem menos vivem mais.

Que coisa, nasce anti-social, morre anti-social. Talvez eu tenha que começar a fumar também.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Pornografia, eu quero uma pra viver

Antes de começar o texto, já vou deixar algo avisado: você, menina, moça, mulher, que tem dois xis no cromossomo 23, talvez possa sentir que o conteúdo do post de hoje é um tanto indelicado. Não a repreendo, sei como é, e exatamente por isso estou aqui, gastando um parágrafo da minha vida - que pode me fazer falta no futuro, vá saber - para alertá-la do tipo de coisa que se segue, então sinta-se a vontade para não ler.

Mas, se ler, e o assunto for de seu interesse, deixe um comentário dizendo isso, tá?

Ontem estava reunido com duas amigas minhas pensando em maneiras de ficar rico com a dáblio-dáblio-dáblio. Uma delas perguntou 'do que você sente falta na internet?'.

Respondi em tom de brincadeira na hora, mas é sério: falta pornografia de qualidade na rede. Ou melhor, falta um lugar que organize a pornografia, que seja claro, limpo, bem taxonomizado, em português, gratuito e sem vírus. Seria O Portal do Punheteiro.

Já tenho essa tese pra mim há alguns anos, de que a internet é um grande mar de putaria, e de que tudo nela é um rio que encaminha pra lá. O grande motivo do fracasso do Youtube (tá, ainda é um sucesso, mas um dia vai cair miseravelmente, vai por mim) é esse pudor à mais antiga atividade humana, vide Adão e Eva. Amiga minha que trabalha com links patrocinados, sites de busca e tal, disse que as palavras mais procuradas são sempre relacionadas a isso - mesmo que elas não tenham relação nenhuma com a campanha em si.

Veja quanto ganha uma atriz de filme pornô, veja quanto ganha uma baranga famosa pra posar nua. Encaremos o fato: a pornografia é o que faz o mundo andar, o fluido do amor solitário é o combustível do planeta. Organizar isso de maneira, ahn, organizada e acessível pra todo mundo é um passo importante pra virar um mártir do mundo virtual. Você provavelmente não iria ficar rico nem nada, mas imagine a quantidade de impérios da putaria que iriam ruir graças a essa iniciativa.

Foder com a vida dos outros não tem preço.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

As trágicas conseqüências de um milagre

Aí eu fui no hospital ontem, pra ver a coisa da tendinite. Não sou um grande admirador de hospitais públicos, ainda mais o de Pirituba (nada é bom em Pirituba), então cheguei no balcão, perguntei pra moça se tinha um ortopedista e virei as costas, já me projetando à saída. Quando ela disse 'sim', o choque foi tão forte que, por pouco, ao invés de ir ao ortopedista eu teria que ser encaminhado à ala de internação.

Passado o milagre, a moça preencheu minha ficha e me mandou esperar. Eu era o último da fila, e quando via pessoas que nem conseguiam andar se arrastando ao 'consultório' e saindo um minuto depois, imaginei se na minha vez chegaria a dar tempo de fechar a porta.
Até deu. Sentei e ele perguntou, com um sotaque chileno safado:

- Que aconteceu, Chiago? (repara na minha emulação ortográfica do sotaque)
- Acho que é tendinite, doutor. Tá doendo esse braço.
- Isso não é tentinite, é uma inflamação muscular. Eu fou te passar um remetinho, focê fai tomar a cada oito horas. Mas começa a tomar logo, que a inflamação tá quace alcançando o tentão.
- Tá legal. Brigado, doutor.
- Teixa a porta aperta.

Que fique registrado que eu sequer cheguei a arregaçar a manga da blusa. O cara é um gênio. Mas enfim, fui embora, passei na farmácia e não tinha o remédio. Fui pra casa, senti mais dor, dormi, acordei, vim trabalhar, fui procurar o remédio de novo. Achei na terceira farmácia.

- Você vai tomar isso quanto tempo?
- Ixe, não sei. Ele não disse.
- Tem o de 30 dias e o de 10.
- Vê o de 10, não deve ser tão grave. Existe esse remédio?
- Existe. Mas tem o de 300g e o de 400g. Ele não escreveu qual é pra tomar. Você vai ter que voltar lá e perguntar pra ele.
- Awww...

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Tell me where it hurts

Uma tendinite vem se avizinhando aqui, e já estou quase acostumando a essa rotina de maneta. Mas engana-se quem pensa que eu venho aqui me lamentar, até porque é o que se faz quando se sente dor, mas não! Acho isso o maior bom e pra não precisar escrever muito pra expor meus argumentos (não por preguiça, cara de melão, por repouso mesmo), vou usar um texto que escrevi em fevereiro, lá no finado fotolog, sobre uma coisa bizarra que me acometia.



Há coisa de três semanas surgiu um calombo roxo no peito do meu pé direito, que só deus sabe qual é a procedência. Depois de muito me incomodar e deixar meu pé mais ou menos da circunferência de uma pata de elefante, ele explodiu, uma semana depois. Aí cê sabe, aquele tanto de sangue preso tinha que sair, e foi saindo, o pé foi desinchando, e coisa e tal.

Pois o pé já está mais magro que o outro e eu ainda tenho esse vulcãozinho aqui, cuspindo labaredas de sangue e, eventualmente, pus. É das coisas mais feias que eu já vi, me impede de usar tênis e atrai pessoas assustadas como um cadáver atrai um urubu faminto.

Mas o que mais me incomoda é que tenho vivido em função desse machucado há três semanas. Não que seja uma coisa grave, preocupante, etcétera, mas é que realmente foi a única coisa "interessante" que me aconteceu em muito tempo. As pessoas até falam mais comigo. "Oi, e como tá o pé?". Quero ver se descolo um desse na cara agora. E esses são basicamente meus planos de vida pra um futuro próximo.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Saudosa maloca

Está enganchado em algum lugar do inconsciente coletivo a máxima de que alguma coisa especial se perdeu com o tempo, fazendo as coisas que antigamente exalavam uma fragrância artística se transformarem em mecanismos rígidos e com cheiro de parafuso.

Exemplos não faltam. Vejam o futebol, que lindo era nos tempos românticos de Pelé, que lixo é hoje, no pragmatismo dos tempos do Dunga. Ou as brincadeiras, que perderam a inocência e as ruas e se transformaram em jogos violentos pixelizados entre quatro paredes.

Somos naturalmente saudosistas, e isso é resultado do rumo que as coisas tomaram com o passar dos anos, à medida em que íamos mais e mais profundamente na caverna do capitalismo, da pós-modernidade, do caralho a quatro. Certo?

Não necessariamente. Veja o exemplo do cabeleireiro. Hoje temos nessa classe dois exemplos interessantes da ação do tempo: tem o cabeleireiro tiozinho, o barbeiro, aquele velhinho de avental azul semi-transparente de tão velho, que trabalha num salão apertado, com o espelho enferrujado nas bordas, um calendário amarelado de 1985 e um radinho analógico sintonizado em uma AM católica.

E tem os salões modernos, grandes, cheios de luzes e espelhos, com bichas rodopiando pra lá e pra cá e peruas e famosos esperando para ter seus cabelos cortados pela mixaria de 400 reais.

Vamos colocar no gabarito desenvolvido lá em cima: o antigo é o artístico, o novo é o mecânico. Mas pensa aqui comigo: se existe alguém que pense mais pro artístico nessa história, é o tiozinho, que corta o seu cabelo do mesmo jeito desde que você tinha cinco anos, ou o cabeleireiro moderno, que passa os dias a inventar e desenvolver todo tipo de design capilar?

Somos saudosistas, sim, não nego. Mas não somos saudosistas porque antes era tudo bom e hoje é tudo uma merda. Achamos que antes era tudo bom e hoje é tudo uma merda justamente porque somos saudosistas. Artístico, mecânico, romântico, pragmático, o caso é que o único artista nessa história toda é mesmo o tempo, que lapida nossa memória e põe tudo que se foi lá no alto da montanha, enquanto pra gente só resta o precipício.

O sentimento é universal, está até na letra do hino do meu tricolor. Mas chega a ser engraçado pensar que, quanto mais se quer andar pra frente, mais se quer voltar pra trás. Manja aquela música do Cartola em que ele diz que o mundo é um moinho? Faz sentido.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Quem poderá nos defender?

Que a linha que separa os US and A e o México divide não só dois países como também duas realidades bem opostas, todos sabemos. Mas não é só a fronteira que nos dá a medida de onde terminam as Américas e onde começa a América.

Todos os povos precisam de ídolos, deuses, heróis. E é na personalidade desses heróis que se imprime o retrato sociológico de uma nação.

O Super-Homem é o herói da América. Imponente, forte, invencível, bravo. O Chapolin é o herói das Américas. Humano, frágil, vulnerável e medroso. Ambos são amados e respeitados por seus povos. O Super-Homem é a imagem estadunidense: convencido, todo-poderoso, dono do mundo. O Chapolin é um retrato fiel das outras duas Américas: gentil, falível, sabe rir das suas próprias mazelas. Enquanto o Super-Homem ostenta em seu peito um pentágono, cheio de ângulos sólidos, o Chapolin carrega um coração, símbolo da ternura que deve restar àqueles que vivem na miséria.

Com o Chapolin não existe nicho de mercado: ele faz de tudo. Derrubar mal-feitores e salvar o mundo até pode ser, mas pra sobreviver às vezes também se faz necessário dar bronca em criança que joga o brinquedo por cima do muro e atuar como si mesmo em um seriado sobre... si mesmo. E isso tudo além de enfrentar o Tripa-Seca, o Abominável Homem das Neves, a Bruxa Baratuxa e um bebê gigante jupiteriano.

E lá vou eu incorrer em heresia aqui, mas pensa comigo: quem é o Jesus dos tempos modernos senão o Chapolin? Um cara que está sempre no meio do povo, e não foge voando sem nem receber os agradecimentos, que vive em um lugar pobre e inexpressivo na geografia mundial, que tem um coração como símbolo e é magro, pequeno e feio. E aí não venha usar como contra-argumento o Chapolin ser um personagem de ficção porque... bom, chega de heresia por hoje.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Merci beaucoup

Sou um entusiasta e fã apaixonado dos filmes da Pixar. Acho que desde que a Disney fez Mulan, ninguém mais além da Pixar alcançou o patamar máximo de qualidade, embora tenhamos obras que chegaram aos pés da perfeição, como Era do Gelo, Robôs e os trabalhos do Miyazaki.

Não vi muito estardalhaço em cima desse Ratatouille, especialmente se considerarmos o tipo de atenção que se criou em volta de Carros e Os Incríveis, pra ficar nos exemplos mais recentes. Pra você ter uma idéia, nem brinquedo no McLanche Feliz rolou (droga). Mas o fato é que Ratatouille é, fácil, um dos pontos altos da curta carreira longa-metrágica (?) da Pixar - só não me venha pedir pra escolher um ponto alto, é crueldade demais.

Ratatouille é elegante, sutil, inteligente, engraçado pra caralho e simplesmente genial. Como qualquer coisa que a Pixar faça, o filme jorra idéias brilhantes e detalhes precisos (repara como todos os cozinheiros têm cicatrizes de faca nas mãos). Remy, o protagonista, embora seja cozinheiro e tudo o mais, não é aquele rato humanizado (como o Mickey, que chega ao cúmulo de ter um cachorro de estimação), e seus movimentos e expressões são os mais 'animais' possíveis (lembrei da minha cachorra várias vezes) - além disso, a justificativa dele pra andar sobre duas patas, coisa que todo animal de desenho faz, como se fosse a coisa mais natural do mundo, é ao mesmo tempo simples e certeira.

O filme continua a lógica invertida da Pixar, de fazer obras para adultos e que agradam também às crianças, e, pra variar, acerta mais uma vez. O chato é que depois de oito acertos consecutivos, você começa a ficar mal-acostumado, e ver outras animações com outras perspectivas. Shrek é um excelente passatempo, Ratatouille é um filmaço.

domingo, 29 de julho de 2007

Pan pan pan

Sou bem ranzinza às vezes, admito. E pego demais em alguns pés, caso desses Jogos Panamericanos. Achava um absurdo tanta gente perdendo seu tempo com um evento tão meia-boca, e agradecia aos céus haver chegado finalmente o dia do encerramento.

E então não é que, do alto da minha prepotência, me pego num domingo de manhã (eu acordado num domingo de manhã, veja como as coisas mudam) sentado no sofá acompanhando de olho colado na tela à final do basquete, entre Brasil e Puerto Rico (adoro falar assim).

Minha implicância com o Pan nunca foi social, filha do argumento padrão de que se esquece da miséria do país pra se concentrar em uma bando de gente jogando alguma coisa, mesmo porque acho isso uma balela sem tamanho (como diria Arnaldo Branco, o problema dessas pessoas que reclamam da atenção que se dá a esses jogos é que elas pensam que os falsos patriotas são os outros). Eu acho que é uma alienação esportiva mesmo, e tenho medo de pensar que o suposto bom desempenho do Brasil nos jogos dê a nós mesmos a impressão de que está tudo bem, que a prática de esporte no nosso país vai de vento em popa. A situação do esporte amador no Brasil é deplorável, os atletas não têm incentivo, patrocínio, infra-estrutura, nada. E não me venha dizer que o Pan pode ter aberto os olhos das nossas autoridades para a importância que se deve dar a esses atletas anônimos que se elevaram ao mais alto patamar da prática esportiva nas Américas (há controvérsias, mas oficialmente vá lá), porque isso não vai acontecer, nossas autoridades estão cagando pra Diogo Silva, pra Marta, pra Thiago Pereira. Ouvimos essa história há anos, após cada final de Olímpiada em que Vanderleis Cordeiros de Limas fazem de suas canelas finas a capa com que os heróis ostentam seu valor, e nada acontece, nunca.

Adoraria estar errado, adoraria ver o Brasil se transformar em uma potência esportiva como é os Estados Unidos, como tem sido a China, como foi a União Soviética. Estamos cheios de exemplos que garotos que se salvam pelo esporte, e nosso país é um lugar onde muitos garotos precisam ser salvos. Mas que o Panamericano não seja uma medalha pra pendurarmos nos pescoço, e sim uma bengala pra nos ajudar a caminhar em direção a um lugar melhor pra todos.