terça-feira, 25 de dezembro de 2007

A tradição do natal

Em geral, as pessoas aguardam com grande ansiedade a data mais importante do calendário cristão. Enfeitam a casa com árvores, luzes e bolinhas, compram presentes pros parentes e amigos queridos e etc. E existe aí também um capítulo especial que se refere à tal da virada, ou, pra ser bem tecnicamente chato, a dois segundos: o 23:59:59 do dia 24 de dezembro, e o 00:00:00 do dia 25. Compram roupa nova só pra usar nessa hora, fazem ceia, reunem um monte de gente pra comemorar. E você, como passou o começo do natal?

Eu? Eu passei, ahn, cagando. É, cagando. Não que eu seja contra o natal, ou estivesse fazendo um protesto ou qualquer coisa assim. É que aqui em casa a gente não tem dessas coisas, e se alguém quiser uma ceia decente que vá em outro lugar. Somos uma família totalmente desapegada de tradições, tirando a da Coca-Cola no almoço de domingo (tomo Dolly a semana inteira, nada mais justo que uma gasosa decente pelo menos uma vez, certo?), e, despreocupado, fui pro banheiro, levei meu mp3 e sentei lá pra descarregar todo o lixo dentro de mim.

Eu não sou desses (e por 'desses' eu quero dizer 'todo mundo') que simplesmente senta, joga as fezes pra fora, limpa a bunda e pronto. Cagar pra mim é um ritual (já deu pra reparar que existe algo terrivelmente errado aqui, né?), é a hora de aproveitar a tranqüilidade do sanitário pra fazer algo produtivo, criativa ou intelectualmente. É quando eu leio, ouço, desenho, penso, essas coisas. E então estava lá, quando reparei que a intensidade dos fogos havia aumentado. Fui dar uma espiadinha pelo vitrô, e aí percebi que já passava da meia-noite.

Na rua eu via todas aquelas pessoas que enfeitaram árvores, compraram presentes, fizeram ceia e escolheram a melhor roupa pra ocasião se abraçando, felizes e contentes, enquanto eu estava olhando pela janela, seminu e segurando um pedaço de papel higiênico melado de bosta.

Depois eu reclamo que deus não gosta de mim.

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