Dia desses surgiu uma feridinha no meu tornozelo esquerdo, e eu não dei muita bola porque anomalias são normais na minha pele, e coisas normais, essas sim, são anomalias.
E aí o pé começou a doer quando eu pisava. Tá, normal. Aí começou a doer mais. Aí eu comecei a mancar. E mancar, mancar, mancar. Aí eu descia do ônibus me segurando no corrimão e me arremessando na rua (divertido, aconselho), pulava que nem um saci, e doía, doía. Fui pra casa, tirei o tênis e tava lá o pé com o dobro do tamanho que costumava ter. Eu sou tipo um tanto desprovido de massa muscular, então fiquei parecendo uma besta mitológica com um pé de flamingo e outro de elefante.
No dia seguinte (vulgo ontem), fui ainda assim pro trabalho, me segurando nos puta-que-pariu do ônibus como o pobre coitado que se agarra a um galho de árvore pra não ser levado pela correnteza, sem um miserável nem pra se oferecer pra segurar minha mochila. Aí não teve jeito, fui ao hospital.
Vocês lembram da minha última experiência no hospital, né? Mas agora eu tenho convênio e fui num particular, que é outro nível. Porque as cadeiras pra esperar não eram de plástico, a consulta levou mais de um minuto e o médico não era chileno e - lá se vai minha masculinidade - era charmosão. Apaga essa parágrafo.
Depois de receber um dia de descanso e pezinho pra cima no meu gélido lar, fui fazer um curativo. O enfermeiro pediu pra eu deitar na cama e tal, e quando levantou a barra da calça pra ver onde iria o curativo arregalou os olhos e semi-berrou 'caramba, cara!'
Abre para divagação: certas frases têm um impacto maior quando vindas de determinados setores da atuação humana. Se um bandido te diz 'vou te roubar', você nem liga, mas se o juiz do jogo diz o mesmo a coisa já muda de figura. Se o manobrista do estacionamento vê um pé inchado e diz 'caramba, cara!', você também não dá muita bola, mas se a mesma frase vem de um enfermeiro que passa os dias vendo todos os tipos de coisas feias e estranhas nos corpos das pessoas, já bate um desespero. Fecha.
Aí veio um outro enfermeiro, muito simpático (isso é verdade) e parecido com o Richarlysson (isso é verdade), que parecia ter algum fetiche mórbido por apavorar pessoas, repetindo o tempo todo 'isso é sério, cara', ou 'você vai ter que tomar benzetacil', enquanto esfrega e espreme seu pobre machucado sem um mínimo de compaixão (tudo verdade).
Tá, eu sou frouxo, sei disso, mas também não precisa pisar.
Aí saí do hospital e pensei: 'posso ir pra casa chorar minha dor na cama ou dar um pulinho (literalmente, porque esse tem sido meu principal modo de locomoção) ali no Sesc e ver o show do Vanguart'.
Foi bem bom, bem bom.
Mas eu fiquei sentadinho no canto, antes que venham falar alguma coisa.
Ps.: queria pôr uma foto do meu pé aqui, mas a câmera tá sem pilha, e claro que eu não vou sair pra comprar assim.
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Sad feet
Postado por Thiago Padula às 09:40
Marcadores: I hate myself and I wanna die, Inutilidades
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5 comentários:
Hahhahahahahha... 'Lá se vai minha masculinidade' foi sensacional!
Que merda aconteceu com esse pé, Pada???
Abraço!!!
O doutor disse que é um pêlo encravado, mas eu não entendo como um negocinho daquele pode fazer um estrago desse.
Se Sansão tivesse um pêlo encravado ele teria um traumatismo, então.
Qual o nome popular pra filariose mesmo?
Sabe? Aquela doença transmitida pela filária, que bota ovos no sistema linfático impedindo que esse exerça sua função de transporte das linfas...
Não sei porque? Me lembrei dela agora?
... Doença bunita.
Pontos de interrogação em lugares errados.
Gostei do trocadilho com Happy Feet.
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