domingo, 29 de julho de 2007

Pan pan pan

Sou bem ranzinza às vezes, admito. E pego demais em alguns pés, caso desses Jogos Panamericanos. Achava um absurdo tanta gente perdendo seu tempo com um evento tão meia-boca, e agradecia aos céus haver chegado finalmente o dia do encerramento.

E então não é que, do alto da minha prepotência, me pego num domingo de manhã (eu acordado num domingo de manhã, veja como as coisas mudam) sentado no sofá acompanhando de olho colado na tela à final do basquete, entre Brasil e Puerto Rico (adoro falar assim).

Minha implicância com o Pan nunca foi social, filha do argumento padrão de que se esquece da miséria do país pra se concentrar em uma bando de gente jogando alguma coisa, mesmo porque acho isso uma balela sem tamanho (como diria Arnaldo Branco, o problema dessas pessoas que reclamam da atenção que se dá a esses jogos é que elas pensam que os falsos patriotas são os outros). Eu acho que é uma alienação esportiva mesmo, e tenho medo de pensar que o suposto bom desempenho do Brasil nos jogos dê a nós mesmos a impressão de que está tudo bem, que a prática de esporte no nosso país vai de vento em popa. A situação do esporte amador no Brasil é deplorável, os atletas não têm incentivo, patrocínio, infra-estrutura, nada. E não me venha dizer que o Pan pode ter aberto os olhos das nossas autoridades para a importância que se deve dar a esses atletas anônimos que se elevaram ao mais alto patamar da prática esportiva nas Américas (há controvérsias, mas oficialmente vá lá), porque isso não vai acontecer, nossas autoridades estão cagando pra Diogo Silva, pra Marta, pra Thiago Pereira. Ouvimos essa história há anos, após cada final de Olímpiada em que Vanderleis Cordeiros de Limas fazem de suas canelas finas a capa com que os heróis ostentam seu valor, e nada acontece, nunca.

Adoraria estar errado, adoraria ver o Brasil se transformar em uma potência esportiva como é os Estados Unidos, como tem sido a China, como foi a União Soviética. Estamos cheios de exemplos que garotos que se salvam pelo esporte, e nosso país é um lugar onde muitos garotos precisam ser salvos. Mas que o Panamericano não seja uma medalha pra pendurarmos nos pescoço, e sim uma bengala pra nos ajudar a caminhar em direção a um lugar melhor pra todos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mesmo de bengala, podemos ser campeões nas Para-Olimpíadas.

Anônimo disse...

do Para-Panamericano aliás, pra se reter ao continente.