quarta-feira, 22 de agosto de 2007

As trágicas conseqüências de um milagre

Aí eu fui no hospital ontem, pra ver a coisa da tendinite. Não sou um grande admirador de hospitais públicos, ainda mais o de Pirituba (nada é bom em Pirituba), então cheguei no balcão, perguntei pra moça se tinha um ortopedista e virei as costas, já me projetando à saída. Quando ela disse 'sim', o choque foi tão forte que, por pouco, ao invés de ir ao ortopedista eu teria que ser encaminhado à ala de internação.

Passado o milagre, a moça preencheu minha ficha e me mandou esperar. Eu era o último da fila, e quando via pessoas que nem conseguiam andar se arrastando ao 'consultório' e saindo um minuto depois, imaginei se na minha vez chegaria a dar tempo de fechar a porta.
Até deu. Sentei e ele perguntou, com um sotaque chileno safado:

- Que aconteceu, Chiago? (repara na minha emulação ortográfica do sotaque)
- Acho que é tendinite, doutor. Tá doendo esse braço.
- Isso não é tentinite, é uma inflamação muscular. Eu fou te passar um remetinho, focê fai tomar a cada oito horas. Mas começa a tomar logo, que a inflamação tá quace alcançando o tentão.
- Tá legal. Brigado, doutor.
- Teixa a porta aperta.

Que fique registrado que eu sequer cheguei a arregaçar a manga da blusa. O cara é um gênio. Mas enfim, fui embora, passei na farmácia e não tinha o remédio. Fui pra casa, senti mais dor, dormi, acordei, vim trabalhar, fui procurar o remédio de novo. Achei na terceira farmácia.

- Você vai tomar isso quanto tempo?
- Ixe, não sei. Ele não disse.
- Tem o de 30 dias e o de 10.
- Vê o de 10, não deve ser tão grave. Existe esse remédio?
- Existe. Mas tem o de 300g e o de 400g. Ele não escreveu qual é pra tomar. Você vai ter que voltar lá e perguntar pra ele.
- Awww...

Um comentário:

Anônimo disse...

Hahahahahaha permita-me contar uma história chilena? Trabalhava numa gráfica e lá rodava o jornal Chile en Evidência. O dono é o Eduardo, chileno nato. Faltava pôr legenda numa foto e ele ditou uma palavra qualquer que não me lembro, eu digitei e ele logo me corrigiu:
- É "v"!
eu apertei a tecla v.
- É "v"! - ele insistiu.
apertei o V de novo, dessa vez maiúsculo.
- É "V"! "V"! "V"!
Apertei várias vezes o v e tirei a mão da frente do teclado, virei o monitor pra ele ver melhor, e ele insistia:
- V! V! V! V!
- Mas é o V que tá lá caraio! - já perdi a compostura também.
Aí ele disse:
- É v de vurro! v de vurro! Esse aí é o b de baca!