terça-feira, 29 de abril de 2008

Meu fi, minha fia

Esses dias me peguei pensando, após uma ligeira avaliação desses meus 23 aninhos de vida, sobre o que eu gostaria de preservar e o que gostaria de evitar quando tiver um filho.

A primeira coisa seria desencorajá-lo de chegar perto de papel e giz de cera. Esse negócio de desenhar não dá camisa a homem. Mas também não ia ficar colocando ele em tudo quanto é curso, o moleque precisa de todo o tempo livre pra brincar. No máximo, um tradicional inglês.

E eu quero que ele aprenda a tocar um instrumento, de preferência baixo ou bateria, pra gente formar uma banda. Vou deixar ele jogar meus video games velhos (porque nos novos ninguém tasca), e vou comprar uma bola de capotão pra ele fazer amigos na rua. Mas não vou deixar empinar pipa porque é coisa de retardado perigoso.

Ah, e vai comer de tudo. Tem essa de bolacha e salgadinho não, vai comer feijão e arroz. E vai estudar, quero ver nota boa na escola. Não quero que seja encrenqueiro, mas ele vai ter meu aval quando precisar quebrar a perna de algum moleque folgado.

E ele vai ter todos os cachorros e gatos que quiser. Mas vai ter que rezar sobre o túmulo de Maria todo dia. E pode ter amigos imaginários, desde que não sejam má influência.

Também vou acostumá-lo desde cedo à idéia de que a mãe dele é frígida, pois não quero que imagine os pais transando. E nada de trazer menininha pra minha casa, vou construir um porão pra ele levar as piriguete e passar o rodo. No aniversário de 18, claro, vai fazer excursão pro puteiro.

Agora, se for menina, é quase tudo isso, mas vou matá-la aos 14 anos pra não ter que saber que filha minha tá dando pra marmanjo por aí.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Virada de bosta

Mentira, foi legal, só pus esse título pra fazer a brincadeira besta com o nome do blog.

Ao contrário dos últimos anos, em que me afundei madrugada adentro rodopiando pelos escombros da cidade em busca de qualquer coisa pra ver/ouvir, dessa vez guardei minhas forças para o domingo, perdendo a Virada. Ainda restou o Cultural.

Embora a graça da coisa realmente esteja na madrugada, um combo Cachorro Grande + Arnaldo Antunes + Lobão + Ultraje a Rigor não se acha sempre por aí, de graça e com o céu lindo. Sendo assim, um tchauzinho pro sereno, um olá pro sol. E que sol quente filadaputa, tão quente que espantou as nuvens e, por tabela, quase espantou todos que estavam à minha volta.

Antes ainda desses shows todos, deu tempo de ver o Overcoming Trio, grupelho folk formado pela lindinha Mallu Magalhães, pelo gente boa Hélio Flanders e pelo esquecido Zé Mazzei. No repertório, um monte de músicas do (pai, filho, espritossanto) Bob Dylan, mais umas da garotinha. Aí teve It's all over now, baby blue, Maggie's farm, House of the rising sun (se ela cantasse essa música assim no Raul Gil seria a ídala do meu pai), Simple twist of fade, e outras.

Depois, o Cachorro Grande. Vou ser sincero, depois de vê-los pela sexta vez, o impacto já vem forrado de espuma. Mas é sempre um show divertido, com Hey, amigo, Lunático e My generation.


Tem aquela máxima machista de que panela velha é que faz comida boa. Como o rock 'n' roll é uma biatch, a regra se aplica aqui também. Embora às vezes o tempo afaste o auge criativo para longe, em cima de um palco a experiência é sempre um aditivo (cê tá acompanhando a metáfora, né? Meio vulgar, e tal), e um bando de tiozinhos com rugas nos olhos e cicatrizes nas veias podem manipular uma platéia como nenhum moleque consegue.

O Arnaldo Antunes fez um show excelente, até botou a multidão pra cantar alguns de seus hits obscuros e, evidência forte da chegada da idade, não se sentiu constrangido em fazer algumas estripulias no palco, como um velho que usa a regata transparente pra dentro da bermuda (com a carteira enorme apoiada entre o elástico da berma e o barrigão).

O Lobão é, tipo, o Lobão, né. Ainda faz discos ótimos, ainda fala mais que a boca, ainda é foda bagarai. O show, acústico, foi pesadíssimo, uma desumana violência contra as pobres cordas de aço dos violões. Intercalou músicas do disco da MTV com alguns outros sucessos não desplugados na ocasião, além de encarar a piada fácil e tocar Raul pra um público ensandecido que sabia a letra de Gita de cor (como se alguém não soubesse).

E aí teve o Ultraje. Eles pararam no tempo quase que totalmente. A maioria das músicas apresentadas eram do primeiro (e absurdamente maravilhoso) disco, Nós vamos invadir sua praia, do histórico (pelo menos pra mim) ano de 1985. A música mais nova tocada, Nada a declarar (cu), já é um clássico. Eles são praticamente uma banda cover de si mesmo, se me permitem o clichê. Mas, na boa, foda-se.

Se as músicas têm 23 anos de idade, hoje elas são tocadas com pelo menos 23 anos de técnica musical apurada. Zoraide, Independente F.C., Ciúme, Inútil, Sexo, Pelado, todo mundo cantava tudo, todo mundo pulava tudo. Eles carregavam a platéia no colo, recitavam um dos melhores capítulos da história do rock brasileiro pra vinte mil pessoas que preferiram começar o livro de novo a ter que encarar as últimas páginas. Foi o melhor show que eu vi no ano, mas só porque o do Bob Dylan foi o melhor que eu vi na vida.

E chega, né?

sábado, 26 de abril de 2008

All my friends

Deus é um bastardo filho da puta. Mas não um bastardo filho da puta no sentido ruim, e sim no sentido legal, tipo aquela coisa que você fala pra um camarada enquanto dá uma golada numa breja com a barriga esfregando no balcão do bar. É tipo isso, deus é meu amigão do bar.

E, em um grupo de amigos, tem sempre o certinho, o embalista e o cuzão, aquele que zoa todo mundo, sem pudores nem arrependimentos. Esse é o deus. Se liga na última:

Eu sou uma dessas pessoas que só pensa em si e se apropria de obras alheias sem pagar nada. Pirateio mesmo. Aí, nessa, meu Wii tem demonstrado nas últimas semanas claros sinais de abatimento, o que tem me deixado deveras chateado. O único jogo que consegui fazer pegar foi The Legend of Zelda - The Wind Waker, que tem uma temática marítima, cheia de - tcharam - piratas.

Já de algum tempo pra cá, meu olho esquerdo tá enxergando mal pra burro (minha mãe diz que é diabetes, mas tratemos disso em outro post). Como eu troquei de óculos há um mês e meio, nem ferrando que vou mandar fazer uma lente nova. Solução: usar um tapa-olho, como um - tcharam - pirata.

Vê, é tudo uma grande gracinha, um rompante de ironia e filhadaputagem, que só ele seria capaz de arquitetar. Você pode achar que tem os melhores amigos do mundo, os mais legais, os mais gente boa. Mas ninguém tem um buddy tão genial quanto eu tenho.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

O primeiro gol a gente nunca esquecemos

A época da faculdade foi de muitas mortes pra mim. Talvez por ser um período de transição pra fase do chefão adulta, o que ocorreu foi que vários dos meus eus foram tombando no campo de batalha.

Alguns exemplos? Então, teve a morte do eu mangazeiro, do eu prolífico, do eu com cabelo (oh, deus, por que não me levaste no lugar dele?), do eu vedor-de-Seinfeld-todo-santo-dia e, oração sem sentido para separar o item mais importante dessa lista, do eu futebolista.

É, eu jogava bola. Rodava essa cidade atrás de qualquer retângulo gramado onde desse pra rolar uma bola de capotão. Aí, tão abrupto quanto o penhasco por onde caem os carros dos bandidos no último capítulo da novela das oito (nove?), foi o fim do eu boleiro.

Passaram-se os anos, e repentinamente surgiu a oportunidade de fazer esse Romário ressurgir das cinzas. Na primeira quarta-feira, o insuportável peso dos anos de limbo pulou nas minhas costas, e a falta de preparo tanto físico quanto técnico fizeram do meu renascimento uma vergonha. Tudo bem.

As quartas-feiras se seguiam, e gradualmente fui me recuperando, alternando bons e maus momentos, mas já garantindo a confiança daqueles que viram em mim um dedicado guardião da defesa da equipe. Mas então começou a faltar algo, algo mais importante que qualquer coisa no futebol: o gol.

Eu ia, chutava, pegava na trave, chutava, pegava no zagueiro, chutava, ia pra fora. Mas foi quando, na última quarta-feira, um golpe certeiro de cabeça me transformou no jogador mais importante do mundo por um frame. Pescoço pro lado, olhos abertos, testada firme, bola na rede, woo hoo.

É bem verdade que a bola mais bateu na minha cabeça que eu bati nela, mas who gives a fuck?, o que importa é o gol. Meu primeiro gol.

Rumo ao milésimo agora.

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Falando em renascimento, meu celular subitamente saiu do coma e apareceu dando olá como se nada tivesse acontecido. Ainda bem que eu não sofro desses dramas da vida moderna, porque depois de dois meses sem celular qualquer pessoa mais neurótica (ou com mais amigos) teria se matado.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Apocalypse. Now, please.

Ontem um terremoto abalou São Paulo e alguns outros estados pelo Brasil. Vocês viram?

Se sim, então talvez tenham notado que nem foi um terremoto, foi uma tremidinha de terra, como se alguém tivesse jogado o celular no mar, com o modo vibratório ativado. E, tipo, que merda isso.

Eu acho os fenômenos da natureza uma coisa fantástica, e dentre esses fenômenos uma panelinha que eu admiro é a das catástrofes. Adoraria ver esse tipo de coisa por aqui, mas o máximo que a gente consegue são umas enchentes, que normalmente são mais danosas por causa do mijo de rato que pela água da chuva mesmo.

Falta emoção, falta grandiloqüência. Quero ver trombas d'água, ciclones, terremotos, tsunamis, vulcões, aerolitos. Quero ver o chão se partindo, o fogo caindo em gotas e os relâmpagos pintando a paisagem. Quero ver dragões, magos, bruxas, pokémons, anjos, demônios, hordas de trogloditas, turbas de zumbis, quero ver o circo pegar fogo, malandro.

E o que eu ganho? Uma balançadinha na terra. 5 segundos. Achei que fosse um caminhão passando na rua. Ah, faça-me o favor...

sábado, 19 de abril de 2008

É uma porção de pica

Eu entro na sala escura, acendo a luz, e lá de dentro eu grito 'surpresa!'. Eu faço aquela cara de 'oh, eu me peguei direitinho nessa', me cumprimento entre sorrisos bobos, e começo a cantar parabéns. No meio da música, eu mudo para aquela versão obscena, com uma porção de pica, e então eu rio, como se nunca tivesse ouvido essa antes. Eu faço um pedido, sopro a vela, eu bato palmas, e lá do fundo eu puxo o coro: 'com quem será, com quem será, com quem será que o Thiago vai casar? Vai depender, vai depender, vai depender se o Padula vai querer'. Então eu corto o bolo e dou o primeiro pedaço pra mim, enquanto canto 'puxa-saco, puxa-saco'.

Informação desimportante: hoje esse blog completa um aninho de vida. Embora eu não ligue pra isso (mentira, ligo sim, mas sacomé, blasé mode: on), decidi fazer algo pra comemorar a data. E nada mais fácil melhor do que mais uma listinha deus, quando isso vai acabar?, dessa vez com os sete piores textos em um ano de vida de bosta!

Morra Divirta-se!


7 - Pra ver se eu como alguém

Um dos textos sobre amor mais bregas que já se leu pela intenet. Na minha cabeça a idéia era boa: misturar Velhas Virgens, Evangelion, Monty Python e Beatles no mesmo post não era algo que se via sempre por aí.

No final, entendi por que.

6 - Insônia S/A

Uma coisa que eu aprendi fazendo esse blog é que pra fazer algo decente você precisa estar privado de quaisquer sentimentos que te possam influenciar. Quando isso não acontece, temos uma situação que foi recorrente durante esse último ano de blog: o mimimi.

Até pensei em não pôr esse post aqui, pra meio que fingir que ele nunca existiu. Mas what the hell, fez cagada, agora assuma.


5 - Mais de mil palhaços no salão

Mimimi mimimi mimimi.


4 - Inacabados

Eu posso ter tido vários motivos pra não terminar um texto. Falta de paciência, falta de inspiração, falta de tempo. O fato é que, se depois de não acabá-los eu começo outros e vou tocando minha vida, é porque realmente estes não eram pra virar.

Então me responda qual o sentido de publicar trechos de sucata literária? Eu sou algum escritor famoso? Não. Eu tenho fãs? Não. Eu vou ganhar algum dinheiro com isso? Pff. Então pra que gastar os olhos desse número mirrado de pobres coitados que visitam esse blog com lixo? Lixo tão ruim que nem conseguiu a façanha de ser publicado, mesmo tendo tantas outras escabrosidades por aqui (você viu essa lista). Lamentável.


3 - Sobre a Virada Cultural, o gangsta rap e duas nações apaixonadas

O mecanismo desse blog fundamenta-se no princípio de que ele é meu, eu escrevo o que eu quero, e dane-se quem tá lendo. Curto e grosso, como pipiu de anão.

E o que faz deste um texto ruim? Simples: eu tive que escrever um post de retratação. Foi tanta merda que nem a lógica do 'escrevo-o-que-eu-quero-pau-na-sua-bunda' foi suficiente pra segurar a barra. Se um post desse não merece estar entre os piores, então não sei o que merece.


2 - The social music revolution

Durante certo(s) período(s), eu queria postar mais do que havia assunto pra escrever. Então, como eu sempre escolho a opção errada, preferi postar mesmo assim.

Esse texto parece escrito por uma criança. Não fala nada com nada, começa com um assunto, termina com outro, sem nenhuma explicação, sem nenhum fundamento, sem nenhum sentido. Me dêem licença que eu vou ali chorar um pouco.


1 - No mundo da lua

Tem alguns textos que, quando você escreve, é atingido por um raio divino de orgulho e satisfação. E aí, com o passar do tempo, olha de novo e vê que não era bem isso. Esse é um exemplo. Quando acabei, teclei pra um amigo no MSN que essa era provavelmente o melhor texto que eu já havia escrito. The best, Jerry.

Agora eu leio ele e... qual é, trilha sonora? Trilha sonora do Kiss??? E esse texto de veado, 'ai, quando eu tinha 6 anos eu queria ter uma banca, pititi, pititi, pititi'???? Tudo isso por causa de um brinquedo? Acabou saindo o video game mais caro da história: R$ 1300,00 + meus testículos.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

I read the news today, oh boy

Depois que eu desisti de ser astronauta e jogador de futebol, a idéia de carreira que mais formigou pela minha cabeça foi a de jornalista. Não que eu achasse a profissão aquelas coisas, mas eu sabia que o Laerte era jornalista, e aí você conhece a história, os que podem pavimentam seu caminho, os que não podem vão na cola dos outros. Então, coisa de seis meses antes do vestibular, um golpe de pincel me desviou e eu decidi fazer publicidade. E aí, se você já lê esse blog há algum tempo ou me conhece um pouco, sabe o quanto me arrependo.

Mas, pensando bem, e com todo respeito a qualquer jornalista que possa entrar aqui por engano, que profissão de corno do caramba.

Veja se eu entendi bem: tem a fonte, e ela dá uma informação foda pro jornalista. Nosso amigo publica a notícia, e acaba atingindo gente poderosa que não gostou da história. Então a gente poderosa encosta o queridão no muro, dá-lhe um murro no estômago e pergunta, suavemente: 'de onde você tirou essa informação?'. O jornalista, cumprindo bravamente sua ética profissional, grita 'jamais direi!', e cospe na cara do poderoso. A porradaria se segue, e a tal da fonte fica ali quietinha, observando tudo calmamente, coçando o queixo e olhando pro alto.

E aí você faz uma reportagem incrível, ganha o Prêmio Esso, é reconhecido, trabalha na maior rede de TV do Brasil. E é fatiado pela lâmina da espada samurai de algum traficante.

Ei, qual a graça disso? Ser jornalista não é legal, legal é ser a fonte! Não é claro? Uma opção, já mostrou nossa amiga Mônica Veloso, é se envolver com algum parlamentar, protagonizar um escândalo e encher o cu de grana posando nua depois. Ela sim é esperta.

Mas pode ser que alguém venha aqui e diga 'ela não era jornalista!'. Até aí, Marcos Valério também não é publicitário e você não me vê defendendo a classe. Então seja homem e assuma logo, caralho.

E então tem aquele outro puritano que acha um nojo sair dando pra senador, ou alguma dessas espécies menos favorecidas pelo caráter. O mundo aí fora é perigoso, todos podem ser cruéis. A solução? Ficar com outro jornalista, ora!

Foi o que pensou a jovem e ingênua Sandra, quando caiu de amores por seu chefe Pimenta...

Update (na miúda): arrumei ali em cima o nome da Mônica, porque o burrão chamou a jornalista pelada pelo nome da atriz-delícia. E ninguém pra falar também, hein!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

=P

A comunicação via mensageiros instantâneos (MSN, SMS, ETC) é o que mais aproxima os seres humanos dos robôs (assim como o RPG é o que mais nos aproxima dos animais). Quando falamos com outra pessoa ao vivo, ou por telefone, deixamos que os músculos da face e a entonação da voz criem as nuances necessárias para que um cara de dois metros não confunda nosso respeito e temor com ironia (só um exemplo aleatório, nunca aconteceu). Quando utilizamos desses dispositivos digitais, e só dispomos da linguagem escrita, lança-se mão de todo tipo de frufru, de emoticons aos tradicionais smiles.

Na teoria, um =) é o equivalente a uma frase dita com simpatia, com doçura. Um rsrs é um risinho bobo, um =D é a alegria explodindo em flor. Mas você já reparou em outra pessoa teclando? Você já viu ela sorrindo quando digita um =)? E um hahaha (não um hahahahahahaha), normalmente tem a sonoplastia de uma gargalhada?

Não, não tem. O que acompanha é sempre a mesma cara de bunda com que o cara da mensagem fica quando está usando o computador (a menos que esteja vendo pornografia). Disso, podemos tirar duas possíveis conclusões: ou somos robôs, ou somos uns hipócritas filhos da puta.

Infelizmente, ambas as opções são realidades nos dias de hoje. Ligue para um serviço de atendimento qualquer e será atendido por um robô; aperte a tecla 2 e será atendido por um hipócrita.

O que nos diferencia dos robôs (assim como odiar o Corinthians é o que nos diferencia dos animais), é que eles sabem o português. Embora ainda se embananem nas regras gramaticais (vide a minhoquinha verde do Word), pelo menos se garantem na ortografia. E, nessa equação, ainda saem-se melhores que muito analfabeto funcional enrustido por aí.

No frigir dos ovos (eita...), a comunicação via mensageiros instantâneos nos aproxima de uma casta diferente de robôs: a de robôs hipócritas e burros. Se a teoria da seleção natural de Darwin se aplicar a essa situação absurda, dentro de algum tempo largaremos esses modelos textuais de interação e, gradativamente, caminharemos de volta à boa e velha comunicação oral. Porém, como tudo nos dias de hoje tende a se tornar uma bola de neve, mais essa onda retrô que não acaba nunca, é possível que em alguns anos estejamos dialogando através de pinturas rupestres.

O que pra mim vai ser ótimo, já que eu desenho melhor que escrevo, e terminar uma ilustração é mais fácil que terminar um texto.

sábado, 12 de abril de 2008

Festas, topless e favelas

O site Gamespot, reconhecida referência no mundo virtual sobre games, deu uma bela cutucada na bunda da nação ao escrever, em uma matéria que tratava sobre a proibição do jogo Bully por aqui, que 'com suas enormes festas, praias de topless e favelas sem lei o Brasil tem a reputação de um lugar onde vale tudo. Bem, quase tudo'. Quando um bando de conterrâneos soterrou as caixas de e-mail dos editores do site com críticas, o texto foi alterado para 'com sua economia grandiosa, população florescente e cultura vibrante, o Brasil é um dos principais jogadores no palco do mundo. Entretanto, os fatos que estão nas notícias como suas enormes festas, praias de topless e favelas sem lei, deram a reputação - a qual muitos cidadãos acham que não merece - de ser um lugar onde vale tudo' (tradução chupada do Wii Brasil).

Pra ficar em alguns exemplos semelhantes, vale lembrar o episódio dos Simpsons no Rio de Janeiro e o filme Turistas, que representavam nossa pátria amada como um amontoado desordenado de estereótipos. Foi um falatório, de repente todo mundo resolveu achar que aqui não tinha nada disso, que ser o país do futebol automaticamente nos transforma numa nação fantástica e sem defeitos.

Há alguns pontos a serem pensados: primeiro, com relação ao Gamespot, é no mínimo sinal de problemas mentais que um veículo jornalístico se deixe levar por uma visão tão superficial sobre um país gigantesco. Segundo, ainda quero ver o dia em que vão parar de tratar o Brasil como se fosse o Rio de Janeiro. Terceiro, ainda quero ver o dia em que brasileiro vai deixar der ufanista e se tocar que, pra ficar no assunto, muito mais grave que um site estrangeiro nos ironizar é a justiça brasileira dar provas após provas de incapacidade e despreparo.

Não querem ser vistos como o país das festas, das praias de topless (alguém me diga onde, por favor) e das favelas sem lei? Preferem como?, como o país da dengue, da impunidade, da imprensa carnívora (arrá!!!)? Com todo respeito, se é pra ser assim, ainda prefiro que nos vejam como um bando de Blankas.

Se é pra achar que o Brasil é um grande Rio de Janeiro misturado com Amazônia, tudo bem, tô cagando. A gente também acha que os franceses são afetados e os americanos gordos e burros. Mas tem hora que é foda ver um bando de gente crescida brigando como criança.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Uma vez é humano...

Maçãs são coisas diabólicas, e todos nós conhecemos muito bem o currículo dessa fruta. Primeiro, foi no jardim do Éden, quando fez Deus pôr Adão e Eva no olho da rua a pontapés. Aí teve a bruxa Má (que tipo de mãe desnaturada põe na filha o nome de 'Má'?) que pôs na fruta um feitiço pra Branca de Neve adormecer à espera de um príncipe anônimo que viesse lhe comer o cu beijar. E então, caso mais célebre (ou não), teve aquela maçã que despencou na cabeça de Newton e o fez inventar toda aquela coisa de lei da gravidade. Imagine que poderíamos estar voando hoje se ele não tivesse inventado isso.

O ser humano é tosco por natureza. Sabem que a sereia só fode com a vida de todo mundo, mas continuam dando trela praquela pistoleira. Sabem que o Maluf é um menino levado e continuam votando nele. Sabem que mexer na chave do chuveiro com ele ligado é pedir pra levar choque, mas... enfim. A pergunta é: por que?

O que está errado com o empirismo? Deus não embutiu essa função na gente, ela precisa ser comprada separadamente? Por que é tão difícil perceber que um mais um é sempre dois? Como isso pode ser mais claro?

Ao concordar com a frase que diz que 'errar uma vez é humano, errar duas vezes é burrice', estamos automaticamente assumindo que somos um planeta de imbecis. E ao representar os alienígenas que invadem o mundo sendo sempre seres mais evoluídos, estamos aceitando que... isso não tem nada a ver com o assunto.

E deus, sempre ele, com seu senso de humor maravilhoso (sério isso, sem ironia), nos fez com apenas uma vida. Se a gente não aprende na primeira, nem na segunda, nem na terceira, bem, que não haja a segunda. Até porque, defensor de seu planeta feito em seis dias, ele não poderia dar aos aliens invasores o benefício de ter mão-de-obra barata e burra por toda a eternidade.

Mas na moral, eu acho que se ele nos desse mais inteligência ia ser muito mais proveitoso.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Celebrity Death Match

Uma das características mais marcantes da nossa sociedade panóptica é a supervalorização das pessoas que costumam aparecer atrás da tela da TV, as famigeradas celebridades. Quantas e quantas vezes já não nos cansamos de ver imagens de pessoas públicas rodeadas por fãs e jornalistas como se fossem o pix de algum pega-pega colossal? E o número de popstars, a despeito de sua vida útil, só tem crescido.

Imagino que você, assim como eu, tenha um pé na cultura independente, underground, ou que seja um pouquinho distante do chamado mainstream. O mais legal disso é que, estando em outra esfera, outros tipos de celebridades existem, mas essas são mais gente da gente, se você me entende. Eu sempre vejo os caras do Cachorro Grande em shows furrecas (ou não) por aí, ou o Fernando Catatau segurando sua guitarrinha no busão. E não estou falando de quaisquer pessoas sem talento ou valor artístico, e sim da banda que o Lobão disse que era a melhor do mundo (tá, é o Lobão, mas enfim) e do guitarrista que já tocou com Los Hermanos e Nação Zumbi.

O negócio é que, acima de tudo, eles são pessoas. Sei que eu praticamente fiz um boquete verbal pro Bob Dylan aqui há um mês atrás, mas eu estava tratando de um cara e seu objeto de trabalho, o palco. Saiu dali, ele virou pessoa (tá, talvez o Bob Dylan não seja o melhor exemplo), como qualquer um. Não entendo por que esse frenesi estúpido em encostar, compartilhar o oxigênio ou mesmo uma assinatura de uma... pessoa.

Entrei nesse assunto porque hoje vi a Magali Biff na fila do banco. Você provavelmente nem vai ligar o nome à pessoa falando assim, mas ela era a megera do orfanato em Chiquititas (tá, eu era criança, assisti mesmo, vai pro inferno), aquela que até era alvo da música que dizia 'bruxa, fedida, tomara que te dê dor de barriga'. Pois é, a moça que toda a bastardada queria ver se acabando em bosta e que estava banguela e com as tetas de fora numa peça ano passado (o horror, o horror), de repente estava na fila do Banco do Brasil esperando pra depositar um cheque.

E ela é tipo uma puta atriz, muito melhor que a imensa maioria da mulherada que desfila frases decoradas na TV. Mas enquanto umas têm o corpo ridiculamente perfeito, ela tem os peitos caídos. No fim das contas, fatorando isso tudo, celebridades são, em regra, pessoas bonitas (às vezes talentosas também, sejamos justos). E todo mundo gosta de ver gente bonita, mas o tipo de reação que isso nos deveria causar não me parece coerente ao que de fato ocorre.

Por isso, parafraseando um cara que provavelmente nunca entrou no Banco do Brasil, tá com vontade sexual, estupra, mas não pede autógrafo.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Losers que amamos

A vida é um jogo, e num jogo há vencedores e perdedores. Os vencedores são essas criaturas detestáveis que têm dinheiro e mulheres e tudo na mão. E os perdedores...

Bem, os perdedores são aqueles que nós amamos. Talvez (provavelmente) por misericórdia, mas ainda assim amamos. E é por isso que eu resolvi listar (preciso criar uma categoria 'listas' aqui no blog, tá ficando chato já) os 10 losers que moram no nosso coração.

Ou não.

10 - Eu
Tá, talvez o 'amamos', assim no plural, seja prepotente da minha parte, mas eu me amo, e o blog é meu, então eu acho que mereço esse posto. Simples assim.




9 - Jack (Clube da Luta)
Como eu não quero estragar a experiência de alguém que não tenha visto o filme ainda, não vou comentar nada. Se você viu, sabe do que eu estou falando - e dói. Se você não viu, morra.



8 - Dr. Zoidberg (Futurama)
Ele é um médico que desconhece completamente o funcionamento do corpo humano, pertence a uma raça em que não é desejado por nenhuma fêmea e nenhum dos seus companheiros de trabalho liga para a sua existência. Que perdedor.


7 - Michael Scott (The Office)
Michael não tem amigos, tem uma namorada louca que lhe suga inescrupulosamente, é um piadista péssimo e gerencia uma empresa cheia de subordinados que não o respeitam, justamente por conta da sua incompetência. E ele se dá conta disso? Não.


6 - Shun (Cavaleiros do Zodíaco)
Ele é fraco, sem personalidade, sua maior habilidade de luta é um par de correntes que basicamente trabalham sozinhas e não consegue dar cabo de uma batalha sem pedir a ajuda do irmão mais velho. Sua maior contribuição enquanto guerreiro de Atena? Transmitir 'energia corporal' para o amiguinho Hyoga, deitando sobre ele e toda aquela veadagem que ficou estampada nas nossas ingênuas mentes infantis.

5 - Rubens Barrichello
Rrrrrubinho não é só um perdedor no sentido figurado (esse sentido que estamos usando para definir todos os outros membros dessa seleção, caso não tenha se dado conta), ele é um loser literalmente. Ficou famoso por estar sempre atrás do multicampeão Michael Schumacher, e nunca foi capaz de admitir que era um piloto de merda: a culpa era sempre do carro que quebrava, da equipe que mandava ele deixar o alemão passar, de um cisco que entrou no olho dele... Patético.

4 - Luigi (Mario Bros.)
Assim como Rubinho é o incompetente eclipsado pelo companheiro mais importante, Luigi é sempre relegado ao posto de irmão do Mario. A princesa Peach nunca pede a sua ajuda, o Bowser nem sabe o seu nome, e ele próprio não ajuda muito com todo aquele pavor de qualquer coisa que possa ameaçar sua integridade física. Mas ele é o bigodudo com mais carisma que eu conheço (como se isso servisse pra alguma coisa), depois do baixinho da Kaiser.

3 - Ringo Starr
Calma, calma, não deixe o beatlemaníaco xiita que existe dentro de você me atirar flechas de rancor. Eu também amo o Ringo. Ele toca bem, é boa-praça e canta Yellow Submarine. O azar dele, e o azar é para os losers o que o papagaio é para os piratas, é que, ao lado de John, Paul e George, você não pode ser simplesmente... Ringo.

2 - Charlie Brown
Estourem os rojões! Aqui está ele, senhoras e senhores. O ícone máximo da loseritude mundial, o avatar de todos nós que só nos fudemos na vida, a sintetização de tudo que pode existir de mais deprimente em uma pessoa. E ele é apenas uma criança! Quem pode ser mais amado que Charlie Brown? Quem? Quem?

1 - George Costanza (Seinfeld)
Claro. Se o dono do Snoopy é o mascote, George Costanza é a lenda viva. Ele não é só perdedor, ele não tem dignidade, ele não tem carisma, ele não tem auto-estima, ele às vezes nem sequer tem caráter. Um mentiroso profissional, um azarado inigualável, a pessoa que todos nós nos esforçamos para não ser, muitas vezes em vão. Vamos todos no ajoelhar perante a presença do imperador dos losers. Ave, George Costanza!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Join the brawl

Não sou particularmente um entusiasta dessa classe de pessoas que diz que não possui ídolos. Na verdade, eu as desprezo e cuspiria na cara de cada um desses arrogantes do cacete. Se eu soubesse cuspir.

Quando a idolatria não se transforma em fanatismo, tá oquei. Mas e quando essa idolatria é direcionada a uma empresa?

Opa, perigo. A gente sabe que isso existe, tá por aí. Ah, humanos decrépitos, cordeiros do capitalismo, morram todos. Mas é que, ahn, bem...

Eu sou um deles. Pronto, falei. Estou de joelhos pela Nintendo. Logo eu, o cara que defendia o Sonic nas ingênuas discussões da escolinha (e do colégio. E... da faculdade). Mas hoje estou aqui, rendido aos encantos da máquina, acenei a bandeira branca e me deixei levar por eles.

Mas me deixa explicar meu lado. Vocês sabem que eu tenho um Wii, né? Pois então. Há quase um mês lançaram um jogo chamado Super Smash Bros. Brawl, que é, basicamente, um jogo de luta.

- Tipo Street Fighter?

Não, aí é que tá. Estivemos acostumados, ao longo dos anos, com jogos de luta 'lentos', em que o seu sucesso dependia em grande parte de você conseguir desempenhar os comandos de maneira correta. Essa fórmula inclusive consagrou o imortal 'meia-lua pra frente e soco', que, se você não sabe do que se trata, saia do meu blog agora, seu, seu... normal.

A sacada do SSBB é, a exemplo de outras franquias competitivas famosas da Nintendo, simplificar para divertir. Nada de soco forte, soco médio, soco fraco, aqui é dois botões de ataque, que você pode combinar com um direcional para criar um golpe diferente. Assim, tira-se o foco da maldita execução de comandos (quem nunca ficou puto tentando dar um hadouken enquanto só saiam jabs?), e lança-se a luz sobre a estratégia, que vai além dos pontapés, pois você pode usar itens e o próprio cenário a seu favor.

Nem vou ficar aqui comentando a batelada de extras que estão no disquinho, mas eu estou começando a acreditar que eles não acabam nunca.

Veja bem, lá se vão 16 anos que Street Fighter II mudou a vida de milhões de moleques (eu incluso) mundo afora com uma jogabilidade inovadora e viciante. Durante 16 anos, esse era o modelo a ser seguido, o título a ser batido. Street Fighter era o geocentrismo, nada poderia ir além disso.

E então surgiu o Super Smash Bros., o antropocentrismo. As duas versões anteriores do jogo, pra Nintendo 64 e Game Cube, foram as fagulhas que serviram pra chamar a atenção de todos para a explosão que viria nesse feliz 2008.

Veja só, Street Fighter II ainda é o melhor jogo de luta de todos os tempos. Mas Super Smash Bros. Brawl é a revolução, e a revolução não tem oponentes. Nintendo, sua filha da mãe, me dá um autógrafo.