sábado, 19 de maio de 2007

Bom humor

Ontem (ou hoje), liguei a TV de madrugada e tava passando o programa do Jô. A convidada, nunca vista, era comediante. E ela era excessivamente simpática e sorridente, então logo pensei: 'ela é ruim'.

Não nego, alegria alheia me incomoda, mas nem é esse o ponto. Ela até pode ser feliz e tudo o mais, mas vá trabalhar em outra profissão. Explico: se ela é assim toda sorridente, ri de tudo, que tipo de critério ela usa pra definir o que é engraçado ou não nas suas atuações? I mean, se o senso de humor dela é tão defasado assim, fica difícil passar algum tipo de credibilidade humorística, entende?

Mais do que ninguém, o humorista precisa ter um cuidado especial com essa coisa do riso, porque esse é o seu salário, seu objetivo. Ele mais do que ninguém precisa saber valorizar uma gargalhada, e não sair distribuindo-a por aí como se fosse folheto de 'compro ouro'. Nunca vi o Larry David rindo em uma entrevista, a não ser aquele sorriso cínico de canto de boca. Ele aliás está sempre amuado, triste, reclamando da vida - e, ainda assim, é engraçadíssimo.

Risadas são sempre bem-vindas, mas não garantem a diversão. Tanto é que o antigo modelo de sitcoms, com aquelas claques (risadas da platéia) ao fundo (tipo Seinfeld e Friends), tem estado em baixa nos US and A, dando lugar aos seriados sem as claques e sem locações fixas (My Name is Earl). Porque às vezes uma fração de segundo silenciosa e contemplativa após uma piada tem um efeito cômico muito mais devastador que risadas se atropelando à fala do ator.

Só para concluir, no segundo bloco do programa nossa amiga comediante se apresentou, e adivinhe só: ela é péssima. Um castigo de São Golias a quem maltrata tanto o riso. Bem feito.

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