sexta-feira, 4 de abril de 2008

Celebrity Death Match

Uma das características mais marcantes da nossa sociedade panóptica é a supervalorização das pessoas que costumam aparecer atrás da tela da TV, as famigeradas celebridades. Quantas e quantas vezes já não nos cansamos de ver imagens de pessoas públicas rodeadas por fãs e jornalistas como se fossem o pix de algum pega-pega colossal? E o número de popstars, a despeito de sua vida útil, só tem crescido.

Imagino que você, assim como eu, tenha um pé na cultura independente, underground, ou que seja um pouquinho distante do chamado mainstream. O mais legal disso é que, estando em outra esfera, outros tipos de celebridades existem, mas essas são mais gente da gente, se você me entende. Eu sempre vejo os caras do Cachorro Grande em shows furrecas (ou não) por aí, ou o Fernando Catatau segurando sua guitarrinha no busão. E não estou falando de quaisquer pessoas sem talento ou valor artístico, e sim da banda que o Lobão disse que era a melhor do mundo (tá, é o Lobão, mas enfim) e do guitarrista que já tocou com Los Hermanos e Nação Zumbi.

O negócio é que, acima de tudo, eles são pessoas. Sei que eu praticamente fiz um boquete verbal pro Bob Dylan aqui há um mês atrás, mas eu estava tratando de um cara e seu objeto de trabalho, o palco. Saiu dali, ele virou pessoa (tá, talvez o Bob Dylan não seja o melhor exemplo), como qualquer um. Não entendo por que esse frenesi estúpido em encostar, compartilhar o oxigênio ou mesmo uma assinatura de uma... pessoa.

Entrei nesse assunto porque hoje vi a Magali Biff na fila do banco. Você provavelmente nem vai ligar o nome à pessoa falando assim, mas ela era a megera do orfanato em Chiquititas (tá, eu era criança, assisti mesmo, vai pro inferno), aquela que até era alvo da música que dizia 'bruxa, fedida, tomara que te dê dor de barriga'. Pois é, a moça que toda a bastardada queria ver se acabando em bosta e que estava banguela e com as tetas de fora numa peça ano passado (o horror, o horror), de repente estava na fila do Banco do Brasil esperando pra depositar um cheque.

E ela é tipo uma puta atriz, muito melhor que a imensa maioria da mulherada que desfila frases decoradas na TV. Mas enquanto umas têm o corpo ridiculamente perfeito, ela tem os peitos caídos. No fim das contas, fatorando isso tudo, celebridades são, em regra, pessoas bonitas (às vezes talentosas também, sejamos justos). E todo mundo gosta de ver gente bonita, mas o tipo de reação que isso nos deveria causar não me parece coerente ao que de fato ocorre.

Por isso, parafraseando um cara que provavelmente nunca entrou no Banco do Brasil, tá com vontade sexual, estupra, mas não pede autógrafo.

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