Eu ando num desânimo filho da puta - a vida tem dessas coisas, a minha tem quase sempre. Mas não pensem que isso é motivo para não escrever nada no blog, porque eu juro que tento, só tá foda de terminar o que eu começo.
E então, em mais um desses esforços bestas para não deixar o espaço abandonado, por mais que isso acabe funcionando apenas como artifício psicológico, resolvi soltar aqui alguns dos textos não finalizados que eu tentei fazer durante esses tempos de blog. Tem mais coisa além disso, mas nem sempre eu me senti suficientemente animado a dar um ctrl+s e tentar salvar meu texto natimorto (adoro essa palavra, qualquer dia escrevo sobre isso. Ou não).
Isso posto, aí vão alguns deles separados por uma fileira de asteriscos, uma das palavras mais feias quando pronunciadas incorretamente.
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Talvez eu esteja ficando velho, e algumas cismas e manias se instalaram no vácuo da minha veloz insinuação rumo à caduquice prematura. Mas o negócio é que já há um bom tempo uma coisa me incomoda ao ponto de me obrigar a fazer uma triste afirmação: a música alta está matando as relações sociais.
Não é nem que eu não goste de ouvir música no talo. Gosto bastante, mas quando estou ouvindo pra mim, no fone de ouvido ou na solidão do meu quarto. Eu só não entendo qual a função da música alta quando há mais de uma pessoa envolvida, a menos que as pessoas
a) estejam ali pra dançar
b) estejam ali pra ouvir a música, como num show ou coisa do gênero
c) estejam constrangidas com a presença uma da outra e a música sirva para tapar o silêncio
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Como ando realmente sem assunto (e saco, e tempo) para escrever nesse blog, vou aproveitar a grande sugestão do João nos comentários do post anterior e listar aqui os shows que eu não vi e ainda quero ver nessa vida. É meio complicado indicar quais artistas podem ser considerados, então vou me limitar àqueles que estão em atividade (o que tira o Led Zeppelin, que certamente seria o primeiro da lista). É mais ou menos assim:
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Algumas coisas são e sempre serão incompreensíveis aos cérebros leigos, incapazes de ver valor além da superficialidade racional em que arremessam o objeto de desprezo. O futebol é um caso clássico.
O argumento padrão para aqueles que não gostam é 'qual a graça em ver 22 homens correndo em volta de uma bola?'
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O que eu acho chato no mundo hoje, geograficamente falando, é que ele é muito pequeno. É muito simples você dar a volta nele (simples em termos mais, ahn, gerais, sem se prender a frivolidades como dinheiro e tempo), perdeu o mistério, perdeu o encanto.
Eu gosto de história, em especial da época das navegações, por conta disso: o mundo todo é um lugar hostil e cheio de surpresas. Eu gostava da primeira fase de Dragon Ball porque era assim, e depois quando eles podiam voar e destruir o universo só com um peido de suvaco mais forte, tudo perdeu a graça.
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Não sei em que ponto da história foi que inventaram essa veadagem de que o principal plano de conflito entre seres humanos deveria ser pelo poder do intelecto, deixando a tradicional porradaria para os bárbaros.
Mas o fato é que coisas tão arraigadas na personalidade de um conjunto (no caso, a humanidade inteira) não são assim tão descartáveis, e desde então uma espécie de rixa se estabeleceu entre a turminha do cérebro e a turminha dos músculos.
Homens e mulheres adoram músculos. Eles adoram os próprios, elas os deles, embora haja, claro, eles que gostam dos músculos delas e elas que gostam dos próprios, mas isso acontece com uma freqüência menor.
Desde os hostis e remotos tempos da pré-história que músculo é sinônimo de força, e força é sinônimo de poder (ok, na pré-história só).
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Existem duas maneiras de lidar com coisas que estão fora do seu alcance: tentando e tentando até chegar ao ápice (tendo o esforço sido ou não em vão), ou desistindo logo no começo.
Sou um adepto da segunda. Sou um desistente profissional - e talvez eu diga isso da próxima vez que me perguntarem minha profissão (ao menos não é tão vergonhoso quanto 'desempregado'). Sabe aquela música do Los Hermanos, 'olha lá, quem sempre quer vitória e perde a glória de chorar'? Então, é mais ou menos assim, só que eu costumo chorar derrotas por W.O.
É um jeito de lidar com a decepção, entenda. Não tenho estrutura emocional pra receber um jato de sentimento negativo de uma vez, então eu absorvo, e vou deixando a coisa ir morrendo dentro de mim. Às vezes pode demorar, demorar bastante, anos até, mas não vou entrar numa briga cuja derrota é certa (já tomei muita goleada, quero mais isso não).
Há coisas das quais não se pode desistir. Tipo arrumar um trabalho (esse tema vai ser muito recorrente por aqui, já aviso). Tenho vontade de mandar tudo à merda todo dia, mas não posso, modern life. Mas tem várias outras das quais eu vou abrindo mão com a mesma facilidade e velocidade com que o patrão carimba aquela pilha de documentos.
O caso é que eu não tenho vocação para a vitória. Voltando à música do Los Hermanos, eu realmente não acho que 'perder é ser menor na vida', embora muitas vezes me pegue um pouco frustrado por ter experimentado tão poucas vezes o gosto de se ter concluído com êxito alguma coisa.
segunda-feira, 24 de março de 2008
Inacabados
Postado por Thiago Padula às 17:54
Marcadores: Inutilidades
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2 comentários:
esse lance do fone de ouvido é intrigante. Certa vez vi um casal que andavam...como um casal, de mãos dadas, porém cada um com o próprio MP3. Juntos, porém sem diálogo, cada um no seu universo.
São os novos mals que assolam a humanidade e ainda não são detectados pelos olhos e ouvidos menos sensíveis.
Eu nem pensava no fone de ouvido quando escrevi, falava mais sobre essa mania idiota de colocar musica muito alta em lugares onde as pessoas estão pra conversar, tipo um bar ou dentro do carro mesmo. Mas o seu exemplo acabou caindo bem no assunto, pela peculiaridade =P
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