Nos meus tempos de moleque, o melhor jeito de registrar o quanto uma pessoa era popular era quando o coitado se estrepava e quebrava algum osso. O fraturado costumava ser o centro das atenções, com seu gesso cheio de 'testimonials' gravados em bic ou pincel atômico (pincel atômico é o clássico exemplo de algo que não é nada daquilo que o nome sugere).
Hoje tem por aí nosso famoso amigo Orkut, que é o novo índice de popularidade das pessoas, e que não exige fratura ou luxação, só que você exponha sua vida medíocre e desinteressante para o Brasil inteiro.
O Orkut é o gesso moderno. Quando você quebra e engessa o braço, arruma um atestado e não vai trabalhar. Quando você acessa o Orkut, automaticamente não está trabalhando (a menos que seu trabalho seja escarafunchar perfis alheios ou metralhar scraps do tipo 'oi-ta-sumido-bjos'). Quando você quebra a perna, não pode jogar bola nem correr no parque. Quando você está no Orkut, os únicos jogos do qual faz parte são 'pega-ou-não-pega-a-pessoa-acima'. Usar gesso é um saco, usar o Orkut, bem, deduzam.
Se tem uma coisa da qual nunca escondi aversão é esse jogo de egos no qual nosso mundinho se transformou. É uma questão pura e simples de espaço: não cabe tanto umbigo assim num planetinha só - talvez em Júpiter, mas eu não quero ir pra lá depois que vi 2001. Uma biblioteca só suporta aquela quantidade imensa de volumes porque eles estão fechados, ladeados e organizados em prateleiras. Imagine só se cada um deles fosse um livro aberto.
domingo, 22 de julho de 2007
I-bop
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