Sempre disse que Seinfeld é meu seriado favorito e que o grande (embora baixinho) George Costanza é meu personagem preferido. Ele é cheio de neuroses e complexos, e seu histórico de decisões, atitudes e mesmo sorte o colocam num patamar diferenciado no clube dos perdedores.
O caso é que ele não é meu personagem favorito por nada: eu vejo um monte de semelhanças entre nós - o que teoricamente deveria me fazer odiá-lo, mas não vou desperdiçar meu antiamor num personagem de ficção. E ultimamente estou passando por uma fase em comum que foi possivelmente o período mais engraçado (por olhos de terceiros - não confundir com terceiros olhos) dele na série: o maldito desemprego.
Estar desempregado derruba a auto-estima de qualquer um. Em todos os aspectos. Num certo momento, nas conversas na mesinha do restaurante Monk's com nosso herói Jerry Seinfeld, ele mandou: 'eu estive pensando e cheguei à conclusão de que não existe nenhuma possibilidade de eu transar com alguém de novo'. E, no meu momento preferido, minutos antes de entrar numa reunião com executivos da NBC, rede de televisão estadunidense, o nervosismo o abateu, e então Jerry tentou acalmá-lo:
- Calma, o que são eles? Eles não são melhores que você.
- Eles são homens com empregos, Jerry! (ênfase no 'empregos')
Entende, tenho me sentido assim também. Nunca fui uma pessoa muito feliz e com uma atitude positiva perante a vida, mas ultimamente tenho abaixado a cabeça pra qualquer pessoa que tenha um trabalho, esteja ele de terno e gravata ou com o uniforme do supermercado. O que me consola é saber que a pessoa em quem o George foi inspirado - Larry David - é hoje um rico e bem-sucedido estandarte do entretenimento televisivo mundial. Mas o que me deixa pra baixo de novo é pensar que mesmo Larry ainda se considera infeliz, e, diferença letal entre nós - ele é genial, enquanto eu fico juntando sobras de algum talento mirrado que tentei desenvolver na adolescência.
Sabe que agora comecei a entender o que diabo é a TPM?
terça-feira, 26 de junho de 2007
Complexo de Costanza
Postado por Thiago Padula às 18:24
Marcadores: I hate myself and I wanna die, Televisão
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Legal que vc não precisa esperar o tempo passar pra um dia olhar pra trás e rir de tudo isso.
Postar um comentário