Não sei se você já notou, mas quando o assunto é música, meu negócio é rock 'n' roll. Assim, brega mesmo, fazendo chifrinho com as mãos e cara de mau. Mas a família e os amigos mais próximos não partilham do meu gosto, e se ligam numa micareta.
Micareta, mãe (aprendi com certas pessoas que, quando você coloca um termo mais específico num texto, tem que explicar antes pra mãe), é um carnaval fora de época. Ou seja, um tipo de festa em que a moçada vai pra beber demais, ouvir música ruim demais e beijar demais (mas só no rosto, mãe, não tem pecado na parada). Até aí, tudo bacana, tudo legal - gosto é que nem cu, então desde que não ponha seu pau no meu gosto, está tudo bem.
Também não me incomoda mais, como em outros tempos, a felicidade abundante que os micareteiros espirram por aí. Fazem é muito bem, errado sou eu que choro ouvindo Lou Reed. Só me chateia a coisa de eles usarem abadá pra todas as situações. Em primeiro lugar, abadá não é roupa, é ingresso. Você não me vê usando apenas minha entrada pro Bob Dylan (mesmo porque ela só daria pra cobrir meu... queixo). Em segundo lugar, porque a regatinha passa uma mensagem do tipo 'eu estive lá e peguei um monte de mina', como se isso fosse motivo de orgulho. Acho legal um assassino marcar com risquinhos na parede os seus sucessos homicidas, mas não há mérito nenhum em esfaquear alguém que já está rodando no chão devido a um ataque do coração. Essa comparação não ficou boa.
O bacana de viver em meio a esse pessoal é que existe uma caricatura de Brasil presente aí. O que pode ser mais brasileiro que 'carnaval fora de época'? O chato é que às vezes eu acabo mergulhando nessa noção errada e perco a mão da semelhança boba, achando que vivo mesmo num país de micareteiros.
Já imaginou um bandido apontando a arma na sua cara e gritando 'joga as mãozinhas pra cima'?
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Tira o pé do chão
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Um comentário:
hahahaha, seu besta. Explicou direitinho pra mãe.
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