Você sabe que eu gosto bastante de video game. E você sabe também que eu tenho por hábito ser um retumbante fracasso nas coisas que eu me meto a fazer. Ligue as duas frases anteriores e entenderá o que eu estou querendo dizer.
O que eu fiquei me perguntando durante muito tempo foi por que diabo gostar de uma coisa em que eu sou claramente uma merda e só faço passar raiva? Não é diversão, claro, e nem escapismo, porque há lugares menos dolorosos pra fugir. Há um pouco de curiosidade, já que é uma forma de entretenimento relativamente nova e que eu tenho podido acompanhar praticamente desde as origens, mas não é isso que justifica toda a paixão.
O motivo, concluí, é a auto-estima. Inflar o próprio ego com elogios e tolas ilusões de sucesso criam uma auto-estima parecida com um balão: enorme e frágil. Mas ter o fracasso esfregado na própria cara várias vezes ao dia, vários dias ao ano, por 18 anos, molda uma auto-estima semelhante a uma pequena pedra: mínima, mas sólida.
Não que isso seja algo além de baboseira, pois qual a serventia de uma auto-estima do tamanho de uma unha? Parti, então, para a conclusão 2: eu sou masoquista.
Não o masoquismo no sentido clássico da palavra, de gostar de apanhar e tal. Não sou cristão nem fã desse lance de dar a outra face, ou de que os miseráveis é que vão pro céu. Como eu já disse, não há prazer imediato em levar game over atrás de game over (prova disso é que estou escrevendo isso depois de fechar o emulador, puto). O que rola é um masoquismo de resultados, masoquismo pragmático, masoquismo comercial (ainda tenho dezenas de nomes, escolhe aí), aquele que tem por finalidade um resultado prático ao invés do leviano prazer imediato. No caso, como já disse acima, é nunca perder de vista que a decepção pode estar sempre na próxima esquina (ou no próximo Goomba. Sério, eu morro pra Goomba).
Como destaquei no primeiro parágrafo, eu tenho por hábito ser um retumbante fracasso em tudo que me meto a fazer. E se não fossem as cicatrizes e os calos adquiridos nesse árduo treinamento que já dura 3/4 de todo meu tempo de permanência no planeta, eu poderia estar no chão agora, pedindo por água.
Mas ao invés disso estou aqui, sábado à noite, escrevendo num blog que fica às moscas. Posso só perder no video game, mas na vida, amigos, eu venci.
sábado, 3 de janeiro de 2009
Eu, the hedgehog
Postado por Thiago Padula às 16:46
Marcadores: I hate myself and I wanna die, Videogame
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2 comentários:
Eu acho que escrevendo vc é muito bom.
Quanto mais válido são seus posts, menos vontade de comentar eu tenho.
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