As pessoas mudam de acordo com o tempo, com o lugar e com a cultura em que estão inseridas. Entretanto, correndo com o olho sobre a linha da História, dá pra notar alguns comportamentos que pixaram uma tag bem grande no muro da humanidade.
Sair antes sempre foi uma virtude. Ainda que no atletismo isso caracterize queima de largada, em geral um bom arranque é o companheiro de vitórias de muitas pessoas durante o curso da História. Peguemos como exemplo os samurais, honrados guerreiros que povoaram o Japão feudal durante a maior parte do segundo milênio: dentre as técnicas de espada, uma das mais importantes é o battoujutsu, que é basicamente a velocidade no saque da, ahn, espada (não existe um bom sinônimo pra espada, né? Difícil não se repetir assim). Puxar a lâmina (nhé...) da bainha e se colocar em posição de ataque antes do seu adversário era quase garantia de vitória. Outro exemplo, esse da borda ocidental do ocidente, é o dos cowboys, em que o saque rápido da pistola era tipo um golden goal (a menos que o cara errasse o tiro ou ao invés de um bala saísse da arma uma bandeirinha escrito 'bang!').
Hoje em dia, quando tudo é mais chato, não há mais duelo de espada ou bang bang (há gang bang, mas isso é uma coisa completamente diferente). Mesmo assim, a regra do parágrafo acima se aplica, só que com a simpática alcunha de 'pró-atividade' (ou proatividade, 2009 vai ser um ano confuso). Como nos dias atuais brigar é feio e crescer na carreira é bonito, a tal da pró-atividade é atributo de assalariado prendado e chefe gosta.
Se a gente resumir o conceito todo a uma massa amorfa e incolor, e daí tentar tirar uma definição, pró-atividade é fazer mais do que aquilo que te pedem pra fazer. E fazer antes de te pedirem. Eu sinceramente não sei por que é que chefe gosta tanto desse troço. Eu se tivesse um cargo que me permitisse mandar em alguém, eu ia mandar e desmandar o tempo todo. 'Chefe, eu tive essa idéia...'; 'Ah, é? Então pode enfiar no cu'. Mandar é a única coisa legal dessa vida e querem me tomar esse prazer?
Na verdade, eu acho que todo mundo pensa igual a mim, mas só ficam nessa de incentivar pró-atividade pra parecer que o funcionário colaborador tem algum poder dentro da empresa. Eu mesmo nunca dou idéia nenhuma, só faço o que me mandam e mesmo assim às vezes ainda faço pela metade, só pro meu chefe poder me dar bronca. Melhor agradar, vai que ele é mestre de battoujutsu.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
De zero a cem
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2 comentários:
Cacete meu... Que texto longo.
Arrasou mais uma vez!!!
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