Desde a proximidade do fim da faculdade, e percorrendo esse ano todo, ouvi histórias e planos de colegas (amigos, né) que queriam sumir daqui e dar um tempo em outro país. E, um a um, estão mesmo indo - logo nossos amigos secretos não vão mais ser secretos, pois só vai sobrar uma pessoa pra dar presente. E é aquele ritual, sempre que se aproxima a data de partida de um, a gente faz uma despedida no lendário bar do Mineiro. Ontem foi a vez da Bárbara, vizinha de blog, que vai pra Londres - nem grega, nem romana. It makes sense.
Minha turma da faculdade (a palavra 'turma' só é aceitável para um maior de 10 anos se aplicada a esse contexto estudantil) nunca foi muito ligada, unida. Até porque, convenhamos, fica meio ridículo para pessoas adultas andar em blocos de 50 quando não se pode mais fazer fila. É muita desorganização. Mas voltando: a gente nunca foi assim aquele povo unido, mas se gosta, e tal. E como a cada quinzena algum dos nossos resolve partir, temos nos visto com alguma freqüência. Nós somos como aqueles primos que brincaram juntos a infância toda, aí o pai de um deles teve que mudar pro interior a trabalho e agora todo mundo só se junta de novo quando alguém da família morre.
Perdoem a comparação, mas ela funciona, vai.
Enfim, todos estão indo, e logo aquela chata sensação de fim de faculdade de que nos separaríamos vai se tornar geograficamente um fato. Eles dizem que voltam, mas ninguém é a mesma pessoa depois de um ano ou mais convivendo num ambiente completamente diferente (e, principalmente, civilizado), e eu não quero esses impostores, quero meus amigos antigos.
By the way, segue abaixo um texto mais ou menos sobre o assunto que eu escrevi há algum tempo e, que me lembre, não publiquei no blog. Se sim, avisem aí.
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Uma coisa que me fascina na mesma proporção em que me apavora é essa coisa do mochileiro, o mano que põe uma mala nas costas e se aventura mundo adentro, em busca de drogas, ou sexo, ou boas fotos, ou assunto pro seu blog.
Sou grande fã de mochilas, não por menos meu apelido no trampo é 'Mochilinha'. E gosto também da idéia de se perder por lugares desconhecidos sem saber aonde vai estar semana que vem, amanhã, daqui a pouco. Mas ser um viajante nômade requer alguns detalhes importantes, como desenvoltura, coragem e o menor número de frescuras possível. Aí já me fode a vida.
E tem também outro ponto: pra onde ir? De Brasil eu tô sussa, América é muito clichê, Europa é muito chique (onde fica todo o glamour da coisa, do fedor e sofrimento?), Ásia é particularmente assustadora pra quem tem fobia de gente, África é muito quente (e ter fobia de gente não me faz ter vontade de ficar cercado de jaguares) e a Oceania... convenhamos, a Oceania não é nada, uma bostinha, o Distrito Federal do mundo.
Fora as agruras por que se tem que passar, como religiões e políticas malucas, curiosos sobre o Pelé ou bichinhos que podem se instalar no seu cu, ou em outra parte mais nobre do corpo.
O problema é que, como eu disse, eu curto a idéia. Sou apaixonado por road movies, road books, road whatevers, e adoro as histórias que contam pessoas que vivem esse tipo de aventura, porque das duas uma: ou ela realmente viveu aquilo ou tem uma imaginação sensacional, o que também é de se aplaudir. Pode não parecer (aliás, não parece at all) mas eu gosto de contar histórias - só não tenho nenhuma. Sério, se você já passou cinco minutos conversando comigo sabe disso; se já viu o tipo de relatos pessoais que eu conto no blog também.
Acho que, no fundo, o legal da coisa de se embrenhar em todos os lugares onde Judas perdeu seus milhares de pares de botas é poder ter coisas pra contar sobre isso tudo. Pois olhando friamente, a menos que você seja sozinho de tudo e não tenha a que se apegar no seu habitat, mochilar por aí é um sofrimento desgraçado, só compensado pelo prazer de ver seus amigos pagarem um pau pra todas as coisas que se passaram em lugares tão distantes quanto o Sesc Interlagos. Ou a Indonésia, dá na mesma.
Se for pensar bem, o mochileiro é um vovô planejador, daquele que quer ter histórias realmente legais pra contar pros netos (trauma infantil é foda, eu sei), e pra isso arrisca sua sanidade entre culturas não lá muito fascinantes e artesanatos porcos. E, no fim de tudo, o pentelho nem vai te ouvir pois está gastando os dedos no Winning Eleven 30.
E alguém me explique como eu cheguei a esse ponto da conversa.
terça-feira, 30 de outubro de 2007
Mundão véi sem portêra
Postado por Thiago Padula às 12:43
Marcadores: I hate myself and I wanna die, Inutilidades, Verdades
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3 comentários:
Meu Deus, Thiago. Você é muito ignorante sobre a cultura dos outros países.
Bora viajar ou ler mais, menino.
Por que você acha isso? Pode perguntar a qualquer guerreiro canibal de osso atravessado na garganta da África se lá não é cheio de jaguares.
A África é um continente gigante.
Acha que existe jaguares em todos os lugares?
Pergunte ao embaixador guerreiro canibal de osso atravessado na garganta mas próximo da sua cidade e ele vai confirmar.
E mais, você como bom brasileiro devia chamar os jaguares de jaguatiricas.
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