terça-feira, 1 de setembro de 2009

Arquitetura da destruição

Eu costumava pensar - e as pessoas costumavam me dizer - que tinha cara de menino. Era uma coisa que até me incomodava um pouco, tanto que minha barba não tem como principal qualidade estar sempre feita. Em 2007, uma moça recém chegada à empresa em que trabalho disse que achava que eu tinha 18 anos - eu tinha 22. Alegria!, oras, é uma mulher dizendo que você parece mais novo do que é, mesmo que, por consequência, seja o mesmo que te chamar de moleque, irresponsável, estagiário e fudido. Eu não era estagiário, mas admito que há razão nas outras.

Daí que se passam dois anos, e uma linha recente nas conversas com os coleguinhas ultimamente tem sido como eu estou decadente. Um, de 28 anos, achou que eu era mais velho que ele. Outro, quando viu uma foto minha do ano passado pendurada em um dos murais da empresa, mandou um 'como você tá acabado, cara!'. É, com essas palavras.

Eu não entendo, juro. Não é o estresse que me detona, porque tô pra achar alguém mais sossegado que eu (não parece, mas é verdade). Não é o linguajar, porque se a menina lá de cima fosse cega poderia achar que eu tinha 12 anos. Também não é no visual, de um modo geral, porque a única mudança significativa nesse campo que eu fiz nos últimos sete anos foi trocar o All Star pelo Adidas. E não deve ser porque eu não rio, já que todo mundo sabe que não sou sério, sou cínico.

'Mas Padula, seu imbecil, no texto linkado ali de cima você dizia que queria parecer mais adulto'. Adulto é uma coisa, velho caquético é outra. Fora que um amigo meu certa vez disse, com razão, que eu vou ser daqueles velhos safados.

Mas, vá lá, tem suas vantagens. Um cara no trabalho, por exemplo, acha que eu sou o chefe do departamento, e desde então tenho agido como tal. Precisa ver os esporros falsos que eu dou quando ele tá por perto.

É, isso compensa tudo.

4 comentários:

Tati disse...

No trabalho, o importante é parecer, ser fica em segundo plano...

Edu Melo disse...

Na minha opnião você sempre pareceu um moleque acabado.

Otávio Pacheco disse...

Deve ser o cabelo caindo.

Ana disse...

Na minha infância em Barbacena volta-e-meia achavam que eu era a mais velha da turma.

Agora, acham que sou mais nova, que tenho cara de menina, etc...

Seria eu uma versão "de saias" (mas não muitas) de Benjamin Button?

Você me fez pensar nesse assunto.