O natal está aí, dobrando a esquina, e tanto como há os que adoram, há os que detestam. Eu não sou desses radicais, que odeiam tudo a respeito.
Em primeiro lugar, porque qualquer dia que apareça em vermelho no calendário precisa ser louvado. Há aqueles que reclamam que feriados são um problema, que travam a economia, que isso, que aquilo, e olha aí: esse ano não teve feriado nenhum e estamos atolados na maior crise das últimas décadas.
Não tenho nada contra as raízes da data. Jesus nasceu, quem é cristão tem mais é que comemorar mesmo. Também não vejo nada de errado na atitude capitalista e mercantilista e etceterista da coisa. Não dou presente, não ganho presente, então pra mim tá tudo em ordem. E esse papo de Papai Noel é não mais que resultado de uma cultura que está acostumada a transferir os méritos para criatura mágicas. Se os pais querem que as crianças acreditem que quem deu os presentes foi um velho de barba ao invés deles próprios, está bem pra mim.
Meu problema com o natal, e é inadmissível que eu tenha perdido três parágrafos para finalmente chegar nesse ponto, é a combinação de cores: verde e vermelho não dá. Sei que parece motivo de bicha e tal, mas eu não suporto ver tanto verde e vermelho junto. É um combo grotesco, é como querer misturar óleo com água. Pode até usar todo aquele papo de teoria das cores, de cores complementares e o caralho, mas o fato é que quando mistura-se verde e vermelho, simplesmente não fica bom.
Não que as cores tenham significados ruins. O verde é a esperança e o vermelho é paixão; na verdade, eu poderia até pintar a minha biografia nessas cores. A questão aqui é estética.
Quando eu ando pela cidade e vejo tudo rubro-verde, de algum modo eu sempre acho que estou dentro de uma garrafa de Guaraná Dolly. E de repente, ao invés de flocos de neve caindo do céu, eu vejo bolhas de gás subindo. E no lugar de duendes e renas e papais noéis, eu vejo Dollynhos e Lucianas Gimenez e presidentes da empresa. E, oh meu deus, os 'dingoubéu, dingoubéu, acabou o papel' na minha cabeça transformam-se em 'Dolly, Dolly Guaraná Dolly, sabor brasileiro...'
Tenho lá minhas dúvidas se toda essa coisa de verde-vermelho não é na verdade uma forma do Papai Noel, lá do alto, se orientar. Sabe, como um semáforo. 'Hum, aquela casa tem decoração de natal, então há crianças ricas. É pra lá que eu vou'. Claro que nessa ele já deve ter se enfiado em algum incêndio na floresta, o que pode ter lembrado suas renas sobre o que aconteceu em Bambi, mas isso é problema deles.
Mas enfim, verde e vermelho ou não, um feliz Natal pra você. Embora eu não tenha a menor idéia do que isso signifique.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
White christmas
Postado por Thiago Padula às 14:37
Marcadores: Inutilidades, Verdades
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Um comentário:
Adorei! Seu texto está muito bom. Verde e vermelho é ridículo...hahahahaha. Nunca tinha pensado nisso, mas vc tem razão.
Valeu mesmo, o texto ficou demais.
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