quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Só sei que ZzZzzzzZZz

Eu não escrevo isso com muita frequência por aqui (não gosto do assunto), mas eu não acredito em deus. Em nenhum deles, nem Deus, nem Alá, nem Dendê. E não é que eu refute a existência deles, eu só acho que o universo é grande demais e tem tantas possibilidades que alguém com o meu intelecto de merda não deveria achar que sabe de alguma coisa. É brega aquela frase do Sócrates (o filósofo), mas é por aí.

E eu fui autodegradante pra ser educado com os visitantes, mas já que vocês chegaram ao segundo parágrafo eu posso falar: ninguém sabe de merda nenhuma. A gente não entende o planeta, o universo, o corpo humano, a vida, a morte, nada. Em uma semana, beber cerveja faz mal. Na outra, descobrem que faz muito bem. Na outra, faz mal de novo. E se não dá nem pra saber se afinal de contas é bom beber uma porra dum líquido amargo, imagina essas coisas maiores que a gente, tipo deus. Portanto, quando eu digo que não acredito, não tô dizendo que não existe. Eu sei lá se existe. Pode ser que exista, e pode ser que seja um ser de infinita bondade, mas que ao invés de ter a aparência de um simpático senhor de barbas longas seja na verdade uma galinha verde com uma perna de pau, um olho de ciborgue e um pedaço do crânio aberto deixando o cérebro à mostra. Por que não? Probabilisticamente, as chances são iguais. De modo que, se eu não estou dizendo que deus não existe, não venha você também me dizer que existe sim, por quaisquer razões absurdas que sejam. No fim das contas, é só uma questão de crença mesmo.

Mas não, não pode ser. Crença é um negócio muito subjetivo, e se é subjetivo tudo tá valendo, e se tudo tá valendo ninguém ganha, e se ninguém ganha EU não ganho. Eu sei lá o que diabo aconteceu com o mundo que todo mundo agora quer currar o cérebro do próximo na parede na base da martelada intelectual, mas tá foda. Naquele tempo primitivo em que a grande biblioteca do conhecimento humano tinha só umas revistinhas de fofocas, podia mais quem batia mais. E eu sei que parece absurdo dizer isso hoje em dia, mas aquilo fazia muito mais sentido. Porque já que todo mundo quer ser melhor que o outro, não tem jeito mais sem erro que por esse povo pra cair na porrada. Quem ficar de pé no final ganha, é muito simples. Mas depois que algum desgraçado inventou que o cérebro valia mais que os músculos, fica essa palhaçada de gente se agredindo com superargumentos tipo "Deus existe porque tá escrito na bíblia", no que o outro rebate dizendo... bem, dizendo nada, só fazendo cara de esnobe, porque parece que nesse jogo uma atitude blasé vence um argumento. Sei lá, deve ser tipo papel ganhar da pedra.

O problema é que a gente processa essas questões complexas com base nas ideias e informações que conhecemos, e as esquadrinhamos de acordo com nossos padrões lógicos (ou simplesmente aceita o que outra pessoa falou, acontece também). Só que nossos padrões lógicos são nada. Nossos padrões lógicos são tão medíocres que pra muitas pessoas ainda é um mistério se o tomate é uma verdura ou um fruto. E essa maldita classificação foi inventada justamente pelas pessoas! Então a gente fica aí achando que precisa haver um criador com C maiúsculo, ou que a ciência sabe de tudo, ou que o Luciano Huck é um bom apresentador. Eu não consigo nem começar a imaginar essa questão, porque tente, num esforço de pensamento, encaixar no seu cérebro a totalidade da ideia de deus ou do universo. É demais. É maior que esse espacinho, não cabe. Não faz sentido! Como pode o universo não ser infinito? Ou como pode ele ser infinito, como isso acontece?

Tem um livro chamado You are not so smart, do qual eu só li o prefácio porque não sou lá muito esperto, que trata um pouco disso. Tem lá aquelas pesquisas com um monte de gente pra demonstrar que essa coisa de a gente procurar motivo em tudo e ter explicação pra tudo é só uma autotapeação, pra não nos sentirmos uns merdas ignorantes. Se você também for um grande preguiçoso, dá pra ler uma entrevista com o autor aqui. Mas se estiver engajado mesmo na causa, me manda um email que eu te, ahn, 'providencio' o livro. O Megaupload morreu, mas seu espírito continua vivo nos nossos corações bucaneiros.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tu não quiseste ou esqueceste de mencionar aquele instante em que a gente é comparado com o tal Tomé. E que tem de ouvir que é feio precisar ver pra crer. Daí, quem também tem lá suas dúvidas, vê-se diante de um idiota que se sente "divinamente" abençoado porque crer mesmo sem ver.sic!