sábado, 7 de novembro de 2009

Beber, cair, levantar

Terminei de ler há pouco (tipo no ônibus, antes de chegar em casa, cinco minutos atrás) a autobiografia do Eric Clapton, ídolo eterno porque passou a jiromba na Pattie Boyd e furou os olhos do George Harrison ao mesmo tempo, o que me fez decidir que meu filho vai se chamar, definitivamente, Ericlepton. O livro é bom, legal e sincero. Aí chega no ponto em que o amigo Eric larga a bebida e passa a viver uma vida de sobriedade. Acho ótimo pra ele e pra família, mas o livro de repente fica um saco.

Vão-se as orgias, as drogas, a destruição, as brigas, as músicas ruins. Ficou apenas o cotidiano. Veja esse trecho:

Depois do almoço nos despedimos de todos e fomos até Jamie Lee montar equipamento para a caçada. Jamie e sua esposa, Lydia, têm [futuro sic] duas garotas adoráveis, Jessica e Georgia, que são um pouco mais velhas que as nossas e se deram otimamente com elas; Paul Cummins também estava vindo com a esposa, Janice, e o filhinho, Jamie, de modo que estávamos todos empolgados com os dias que se seguiriam.

Longe de mim vir aqui criticar Deus. Meu pai parou de beber há pouco mais de um ano, depois de passar 37 dias no hospital, 25 dos quais na UTI, fazendo o favor de não morrer devido a uma pancreatite causada pelo alcoolismo. Depois disso, a vida aqui em casa tem sido incrivelmente boa, provavelmente pela forçada mudança de perspectivas de que eu falo nesse post. Então se o problema não é com o Eric, com quem é?

Comigo. Veja bem, eu não bebo - provavelmente culpa do seu Armando, mas não vem ao caso - e, pelo que pude observar pelo livro, eu devo ser chato pra cacete. Conversando e escrevendo. A rotina do Eric Clapton envolve tocar todos os maiores músicos de quem já se ouviu falar e fazer cruzeiros pelas praias do mundo num barco luxuosíssimo. A minha se resume a acordar, trabalhar, ir pra casa, fazer um sexo, lavar a mão e dormir. Cadê os casos de infidelidade, as loucuras, os arroubos de genialidade, a contemplação do suicídio, as doenças poderosas? Tomando Toddynho, o máximo que eu já consegui foi uma caganeira. Convenhamos, ficar um dia inteiro no banheiro me desfazendo em bosta não é lá muito digno de virar parágrafo em livro (blog é outra história).

Pronto, agora está claro que eu sou chato. Posso ser mais chato um pouquinho? Se, quando você leu 'cadê os casos de infidelidade' ali em cima, pensou imediatamente na mão esquerda, esse parágrafo serve só pra te tirar essa piada fácil. Abraços.

5 comentários:

Edu Melo disse...

Por que futuro sic?

Otávio Pacheco disse...

Putz, mas esse parágrafo do livro é realmente um porre. A felicidade alheia é um porre, principalmente quando eles se divertem caçando.

Thiago Padula disse...

É que quando as velhas normas ortográficas deixarem de valer, o tem no plural vai perder o acento.

Ou não?

Renato Sansão disse...

A Pattie Boyd não é a cara daquela japa que ficamos babando no Bigode???

Quanto ao Eric, sei lá. Que tal um post sobre o Jon Seccada???

Tutututututututututatatatatatatatatta... Mario bros disse...

... TÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉDIOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!