sábado, 29 de novembro de 2008

Meu sonho é ser vice

Vou dizer: cansei dessa merda. Eu já gostei de futebol, na época em que havia competição, em que havia esforço; agora tá chato demais. Vamos ser campeões de novo.

A coisa tá tão igual que nem vou me dar ao trabalho de escrever algo diferente. Vou rebostar repostar um texto sobre o mesmo assunto, escrito ano passado. Segue:


Há tempos não se via um campeonato brasileiro tão emocionante. Todo mundo tem chance de Libertadores, todo mundo tá sujeito a cair, a média de público é excelente, todo mundo se diverte.

Menos um.

Sentado em seu canto, só e sem amigos, está aquele que deveria ser o centro das atenções, o objeto de cobiça: o líder. Mas não, ele está solitário, pois assim é o mundo, escurraça àqueles que se atrevem a ser diferentes. Esse líder pecou; sim, pecou. Pecou por ser bom em um país onde impera a mediocridade, pecou por ser organizado onde reina a bagunça, pecou por ter Rogério Ceni em terra de Bruno Otávio. E assim é punido, como foram queimadas as bruxas, como foram sufocados os judeus: pessoas que pagaram o preço de ser diferentes.

Mas esse é o mundo, a festa dos ordinários. Riam, pulem, chorem acolhidos em sua insignificância, pois amanhã o líder estará no topo do mundo, sorrindo sua solitária perfeição. E que uma coisa fique aqui bem clara a todos os que lerem essas confusas palavras:

Se o São Paulo não for campeão amanhã, esse blog estará fechado até a próxima semana.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Amor em vão

Já que eu falei do Robert Johnson no último post, se liga nisso aqui:



Deus tocando uma música do diabo. Foda.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Águas barrentas

Eu sempre achei que deveria ser cantor de blues. Não pela minha habilidade na voz ou na guitarra, mas porque eu gosto de fazer mimimi como ninguém.


Sabe aquela música do Garbage que diz que só é feliz quando chove, quando é complicado, quando a música é ruim e que é tão bom se sentir tão triste? Pois é, você não sabe (nem a Shirley Manson, nem o Butch Vig), mas eu sou o 'I' da música. Eu gosto do céu cinza, eu gosto da melancolia, eu tenho vontade de atirar no meio dos olhos de cada filho da puta que me abre um sorriso. E eu sou feliz assim. =)

Por isso eu acho que deveria ser cantor de blues. Esse negócio de ser designer, de trabalhar em consultoria, de lidar com cliente grande é coisa de gente que quer subir na vida. Não quero nada disso, quero miséria e sofrimento. Eu e meu violão. E também preciso aprender a beber, pega mal um blueseiro abstêmio.

Além disso, eu tenho um fetiche por histórias, sejam elas lendas ou somente bizarras. Ainda que o rock 'n' roll seja recheado delas - do Mike Patton comendo cocô ao Keith Richards cheirando as cinzas do pai, do Jerry Lee Lewis atirando no baixista no palco ao Paul ter concebido 'Yesterday' num sonho (sei) -, o blues ainda guarda as melhores. Tipo, Robert Johnson vendeu a alma numa encruzilhada pra tocar violão feito o diabo; quero ver algum cabeludo de calça apertada quebrar essa.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Rá-tim-bum

Há um ano essa belezinha enfeita meu chiqueiro =)




E não, comemorar aniversário de compra de video game não é deprimente.

domingo, 16 de novembro de 2008

Rir é o pior veneno

Você pode achar que estou falando absurdo, mas eu jamais seria uma boa dançarina do Faustão. E não me refiro exatamente a beleza, habilidade no gingado ou cromossomo 23 (bem, um pouco nesse caso); meu problema é que eu não consigo rir.


Eu descobri isso aos 16 anos, no curso técnico de desenho. Era uma aula de desenho de observação, e eu estava lá sendo o modelo, quando alguém soltou alguma piada sem graça e eu ri (quando se está na frente de um bando de aspirantes a artistas fazendo pose de Gato-a-jato, qualquer um fica vulnerável). A reação, pra minha surpresa, foi de, ahn, surpresa. 'Olha, ele riu!'.

Até então, eu achava que ria pra caralho. Foi quando eu reparei que muitas das vezes em que eu pensava estar rindo, eu estava mesmo era fazendo cara de 3x4. O problema é que eu sou racional demais. 'A chuva cai de pé e corre deitada. É, faz sentido'; 'a portuguesa não percebeu que era o próprio reflexo no espelho e se chamou de puta. Interessante'.

Desde então, eu me esforço pra dar sorrisos amarelos, pra pelo menos não parecer tão antipático. O resultado costuma ser assustador, mas tem ajudado um pouco. Só que se eu fosse dançarina do Faustão e tivesse que sorrir o tempo todo olhando pra cara de milhões de brasileiros de mau gosto, provavelmente teria um derrame no meio do programa.

Seria um sucesso, mas duvido que me contratariam se dissesse isso na entrevista.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

The big bang theory

Nada é exatamente imutável, e valores que se refrescam sob a sombra do subjetivo têm uma propensão gigantesca a mudar de percepção com o correr dos anos. Um caso que todo mundo adora citar é o dos padrões de beleza, que se um dia já repousou aconchegado na imensidão de moças rechonchudas, hoje precisa se agarrar em qualquer ponta de osso que se destaque através da pele pálida de um vara-pau. Outro caso, esse mais recente, é o do papel dos nerds na sociedade: no passado, criaturas risíveis; na atualidade, rótulo de orgulho pra qualquer um que se considere da laia - e agora todo mundo se considera.

O que você, manezão, não percebeu, é que há muito mais aí do que simplesmente uma mudança de perspectiva. Há uma maquinação diabólica, a distorção de uma série de fatores que, por um motivo ou outro que não me cabe explicar, transformou o nerd de antigamente no nerd de hoje. Não, não é a mesma coisa. O nerd de raíz, o cara do óculos gigante, da postura côncava, do mau-gosto para o vestuário, ainda que partilhasse do gosto por cultura pop com o pseudonerd de hoje, ia muito além disso. Está na natureza do nerd ser patético, miserável e desgostoso com si próprio. Está na natureza do nerd ser alvo, abertamente ou não, da chacota alheia. Nerd não socializa, não vai a festas passar o rodo na mulherada, não dança bem, não se veste bem, não aparenta ser bonito - por mais que seja.

Esse nerd que você aí do outro lado do monitor considera ser é um pastiche, uma piada (ainda que a piada da piada seja um elogio). Em algum ponto, no castelo sombrio dos publicitários e marqueteiros, decidiu-se que o nerd seria o cara legal da vez. Então deu-se uma limpada na imagem e ele ficou cool, invejável. Bosta de búfala Bullshit! Esse é um nerd maquiado, um papel higiênico de 30 metros, uma casquinha sem as vísceras negras que ditam a triste profundidade de um perdedor de verdade.

Nerd cool é o cacete, se eu me ferrei agora todo mundo tem que se fuder também.

sábado, 8 de novembro de 2008

Some candy talking

Esperei alguns anos para poder finalmente assistir ao Jesus and Mary Chain ao vivo, e chegou, lindo e retumbante, o grande dia.

E aí deu de eu pegar uma caganeira foda. Hoje. Agora.

Seria um sinal de que o show vai ser uma merda?