Todo mundo diz que minha mãe é mó legal. Eu falo pra alguém da minha mãe, e o alguém diz, 'porra, sua mãe é mó legal'. Legal, eu tenho uma mãe mó legal.
Mas, tipo, não é tão legal ter uma mãe mó legal. Digo, é, mas não tanto quanto ter um carro mó legal, uma roupa mó legal. Vou chegar numa menina na balada e dizer 'oi, eu ando de ônibus e me visto como um farrapo, mas minha mãe é mó legal'. Claro, andar de ônibus é bom pra desatolar o trânsito, e minha roupa é limpinha e cheirosa, porque minha mãe além de mó legal faz um serviço bem feito. Mas não embute sex-appeal. E eu não posso levar minha mãe na balada e pedir pra ela chegar na mina pra mim, já basta ela ter que ir comigo à pediatra.
Em matéria de conectividade social, eu não sou um cara com muitos atrativos. Quando eu era moleque, eu tinha uma bola de capotão, e era o máximo, todos queriam ser meus amigos. Hoje eu tenho um Wii que não funciona, e, mesmo que funcionasse, só serviria pra arrumar coleguinhas da mesma idade dos que eu arrumava com a bola de capotão. E não me venham com esse papinho de que isso não é importante, que o que vale é a pessoa ser legal, gente boa e yada yada yada, porque se eu tivesse um iate vocês iam ver os comentários desse blog bombando.
E, olha, nem é que eu ligue. Por mim, tudo bem ser o amigo engraçado (escrevo sobre isso outro dia, não me deixem esquecer), mas deve haver algo terrivelmente errado quando a melhor coisa sobre uma pessoa é a sua mãe. A culpa é, em boa parte, dessa maldita estrutura patriarcal da qual não conseguimos no livrar há milênios. As donas do lar não têm toda a importância que merecem. A mãe de Jesus era Maria e o pastor chuta a imagem dela. O pai dos KLB é o Franco e falta ter um altar pra ele no camarim do Raul Gil. Tá, não sejamos injustos, fazer três incompetentes sem talento se transformarem em fenômeno nacional é impressionante, mas parir o filho de deus numa manjedourazinha no cu do mundo e sendo virgem é algo que não se vê todo dia.
Será que eu corro o risco de um dia ficar como o Quico?
Esse texto foi escrito há muito tempo, quando o Wii ainda estava no conserto e o São Paulo jogava a Libertadores.
Hoje, o video game está recuperado e passa bem. Já meu coração tricolor...
terça-feira, 10 de junho de 2008
Vou contar pra minha mãe
Postado por Thiago Padula às 15:28
Marcadores: I hate myself and I wanna die
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2 comentários:
Tiago,,, Você é gay,,,
E a partir de hoje não entro mais aqui se não for pra te xingar.
Ah, duvido que você não vá fazer nem um elogiozinho, você não vai resistir.
Ou vai, se eu continuar escrevendo posts como esse. Benzadeus...
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