quinta-feira, 26 de junho de 2008

Senta que lá vem história

Eu sempre gostei de boas histórias, e sempre quis ter boas histórias pra contar. Como não tenho, com o tempo fui tentando desenvolver a maneira de contá-las, de modo a tentar fazer as pessoas acharem graça em algo que eu, sem o verniz vistoso das palavras, só enxergo mediocridade.

Falo isso porque ontem fui ao bar com alguns companheiros assalariados para saudar a volta a terra brasilis de um camarada que trabalhou por muito tempo na mesma empresa que nós, e depois resolveu percorrer esse mundo de meu deus. Não cheguei a conhecê-lo antes da partida, de modo que esse foi nosso primeiro encontro, e ele, claro, tinha centenas de histórias para contar aos ouvidos ansiosos da mesa, categoria que não me incluía pois eu, afinal, sequer conhecia o rapaz.

Foi quando eu me dei conta de que boas histórias desfazem todos as barricadas sociais que a gente se impõe. Por natureza, ao menos em uma cidade tão grande, as pessoas se fecham para se proteger das outras pessoas, o que eu não reprovo. Mas o cidadão que possui um bom repertório de histórias pra contar tem grandes chances de desatar os nós que se põem entre nossas carcaças.

Aí eu decidi que quero, então, viver coisas diferentes pra ter histórias diferentes pra contar. Por mais que eu já tivesse obtido algum êxito na criação de mundos imaginários (a Padulândia, no ranking dos locais míticos que ninguém prova a existência, só perde para Atlântida, Eldorado e Acre), eu estou concentrado em começar a juntar material para a minha biografia. Afinal, não quero ter que comprar histórias para não ser conhecido como o cara que um dia deu uma nota de dez no busão e desceu pela porta da frente porque o cobrador não tinha troco. E também porque os meus assuntos precisam parar de girar em torno de Seinfeld e cocô, ou as pessoas não vão parar de me bloquear no MSN.

E lembra do Missão: ser humano? Ele volta. Afinal, já dizia o ditado, fogo ladeira acima e tédio ladeira abaixo, ninguém segura.


Ps: tô postando com meu chefe aqui do lado. O quão destemido é isso, hein? Capítulo garantido na minha biografia.

3 comentários:

Anônimo disse...

Engraçado que você escreve como se seres-humanos realmente lessem seu blog.
Aliás. Vc tá cada vez mais yuppie. Não? Amigo que voltou do exterior, se preocupando com coisas além da simples sobrevivência... Realmente deprimente.

Marcelo disse...

é paduleiro, vc achou que iria sair isento?? Te peguei, malandro!! hahaha. Bom post, belo blog, gostei! Só os brothers que comentam são meio mal-humorados... deve ser por causa da rotina.

Thiago Padula disse...

É nada, o Morto é meu amigo, eu Morto é meu colega, eu vou fazer com o Morto o que...