domingo, 10 de janeiro de 2010

O velho e o moço

Por alguma razão, a gente sempre espera que velhinhos sejam intransponíveis reservas morais, estandartes dos bons costumes, bastiões de tudo que há de correto e imaculado nesse mundo. Tanto é que sempre que surge uma notícia ou fofoca (hoje em dia é impossível diferenciar um do outro) sobre algum delito cometido por um idoso, todo mundo fica espantado.

Isso se deve a dois erros de nossa parte, um de inocência e outro de lógica. Porque eles vem com essa conversinha de que o mundo está perdido, que ninguém mais tem respeito por ninguém, que não se faz mais nada como antigamente. A gente, então, compra essa ideia, acredita que hoje o mundo tá mesmo poluído pelo pecado e nos idos de mil-novecentos-e-a-Hebe-pegável as pessoas eram civilizadas e educadas. Besteira. Cheque os recortes históricos e vai ver tantas provas do contrário quanto se é esperado para um mundo povoado por seres humanos. E além disso, eles não assistiram Rá-tim-bum na infância. Rá-tim-bum inventou o amor ao próximo, mano.

O erro de lógica é bem lógico: independentemente da geração ou de qualquer coisa, você é uma pessoa certinha, correta, faz o bem e respeita o meio ambiente e os corinthianos. Aí passam-se sessenta anos da sua vida e você ouviu todo mundo ao seu redor contando as histórias mais cabeludas sobre todas as coisas que você evitou fazer. E então percebe que está velho, recebendo um salário mínimo por mês, tem três filhos que te exploram e netos que não querem saber da sua cara. Você já aguentou demais. Sua vida acabou e foi uma merda, você tem o DIREITO de ser um velho escroto do cacete. Justiça na terra, sim senhor.


Já que as leis, a exemplo do seu pau/suas tetas, amolecem com a terceira idade, dê-se esse último presente e saía por aí furtando mercados e escorraçando menininhas/menininhos. A vida ficou muito curta pra ter que servir de exemplo pra gente que liga pro Criança Esperança.

4 comentários:

Ana disse...

Tenho que esperar até a melhor idade para roubar (sim, a mão armada. sou CURINTIANA, mano) coisas e escurraçar criancinhas?

Rouxinol disse...

A frase "Rá-tim-bum inventou o amor ao próximo, mano." fez o meu dia!

HAHAHA, sensacional!

Paola disse...

Esses dias cruzei com um velhinho q meteu a mão no capô do meu carro e me xingou com baixarias pq eu não parei p/ ele atravessar(no farol vermelho para ele e verde para mim obviamente... e com meu carro já passando qdo ele começou atravessar).
Certeza q ele leu seu post...o velho folgado do caramba.

Thiago Padula disse...

Barbeira.