terça-feira, 24 de março de 2009

You and whose army?

Várias pessoas (duas) me pediram pra escrever aqui minhas impressões sobre o show do Radiohead. Eu bem que tentei ontem, mas quando vi que no texto tinha muito 'lindo', 'maravilhoso' e 'sensacional', parei por aí. Eu sei (e você sabe) que no fundo eu sou só um menino sozinho e cheio de ídolos, mas nesse blog eu tenho que manter a aparência de cara revoltado e 'do mal'.

No post anterior eu disse que o problema do ônibus te tornar uma pessoa pior é inevitável. Errei, e errei grandão. Porque o que todo mundo passou até a hora do show - e principalmente depois - põe no chinelo qualquer viagem Terminal Pirituba - Praça Ramos. Da má educação dos seguranças e despeito dos guardas da CET à zoação das putas da região, li relatos de gente reclamando de praticamente tudo - um ou dois inclusive do show. Mas, em geral, o sentimento foi de que valeu a pena.

Que é mais ou menos o sentimento de recompensa que abate o coitado do burro na busca do raio da cenoura que está sempre a um palmo do focinho, mas nunca chega. Segundo imaginou a organização do evento, de burro e louco todo mundo tem um pouco, e se esse todo mundo ainda topou pagar 200 reais por isso, não dá nem pra restringir as porções desses adjetivos a 'um pouco'. E quando 30 mil malucos berram e se descabelam e, em menor escala, cantam 'I'm a creep, I'm a weirdo', fica difícil tirar a razão da produtora em pensar isso.

Mas o Radiohead juntou seu pequeno exército de esquisitos e entregou a eles o que foi possivelmente um dos melhores shows de suas vidas. O palco era lindo, o set list maravilhoso e a interação entre banda e público sensacional (opa). Grandes shows deixam marcas, e as minhas vão desde a memória nítida de cantar Paranoid Android para o Radiohead até o registro físico de ficar com tantas dores no corpo no dia seguinte que andava como se tivesse sido estuprado por um cavalo.

Podemos até ser bizarros e esquisitos, mas se há algum lugar no mundo a que pertencemos, era na frente daquele palco, naquelas duas horas.

Por isso, senhor secretário do transporte, se quiser evitar que os coletivos virem escola de estressados e psicopatas, dê a cada usuário, quando chegar em seu destino, um show do Radiohead. Como retratação. Porque a gente chia e reclama, mas já deu pra perceber que respeito não é de graça. E, até onde sei, custa mais de 200 reais.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Magic bus

Numa cidade tão grande e populosa como São Paulo, é natural que os transportes públicos coletivos tenham diversos problemas. Reclama-se do estado dos veículos, do preço das passagens, da superlotação, da falta de conforto, etc, etc, etc. Mas se você me permitir fazer uma observação (se não permitir, suma daqui), pra mim o grande mal do transporte coletivo é que ele te transforma em uma pessoa pior.

(Vou me referir aqui sempre aos ônibus, porque é o único meio que uso. Mas faça as devidas adaptações pra metrô, trem, etc)

Olha só, eu me considero um cara legal. Devolvo o troco no mercado quando vem a mais, ajudo uma pessoa a recolher as coisas que deixou cair no chão, oriento a direção direitinho pra quem me pergunta. E eu sei que tem bastante gente no mundo que é boa também. Mas é só subir num ônibus que a bacanitude e a gente bonice ficam da porta pra fora.

Ali dentro somos todos animais. Bestas selvagens e egoístas que só pensam na própria sobrevivência. Não existe tolerância a ninguém, e supostos atos de altruísmo são nada mais que delicadas táticas de guerra. No ônibus impera o nazismo, ou seu equivalente no repúdio às minorias: velhos, gordos, grávidas, bêbados, crianças, todas essas criaturas que deveriam ficar da catraca pra frente, o reservado espaço para os leprosos do coletivo.

Se alguém quer só um espacinho no puta que pariu pra se segurar e não capotar no meio do ônibus, você abre os braços e finge que tá lotado. Se um idoso fica de pé ao seu lado no banco, você dorme. Se um obeso passa andando no meio do corredor, você segura no cano de cima e dobra o corpo pra frente, passando o pipiu na cara de quem tá sentado. Se chove, é uma briga de foice pela conquista da janela entre quem está sentado e quem está de pé, os primeiros pra não se molhar, os segundos pra respirar. Não há ética, não há gentileza, não há caráter.

O ônibus é algum tipo de zéfiro do espaço-tempo, um lugar onde o apocalipse já aconteceu, e só resta aos humanos sobreviventes lutarem pela carne. Mas o que vai se fazer? É por isso que sempre que surge um novo serial killer, colocam a culpa em algum filme, música ou jogo. É uma maneira de desviar o foco da verdade que é óbvia, mas inevitável.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Existem mil garotas com quem eu quero passear

Eu não sou uma metamorfose ambulante, mas as opiniões que tenho a meu respeito costumam variar bastante. Hoje, por exemplo, cheguei à conclusão de que devo ser tarado. Eu me apaixono fácil demais (num jeito masculino de se apaixonar), mas ultimamente a coisa tá saindo perigosamente do controle. É ver uma mulher bonita na rua e eu estou lá, cataléptico, com a saliva correndo pelo canto da boca. Se a moça é bonitinha, meu coração bate tão forte que dá pra ver através da camiseta. Mas se a moça é linda, vamos dizer que não é só meu coração que dá pra ver pela roupa.

Ainda estou tentando entender como um ser humano atinge tamanho nível de degradação moral. Já descobri que não é carência, porque a) perguntei pra outros caras, casados e enrolados, e eles me disseram sentir o mesmo (e que a coisa só piora com a idade); e b) estou num relacionamento muito sério e sólido com a minha senhora, a mão direita.

O pior é que eu trabalho num bairro que só tem mulher bonita (ou isso ou meu filtro está deixando passar qualquer uma que não tenha uma pereba na cara ou uma tatuagem do Corinthians no braço). Não estou naquele ponto em que tenho vontade de estuprar qualquer menina no meio da rua - prefiro um lugar mais reservado, tipo um beco -, mas ainda assim me preocupo. E se tive o deslavamento de escrever tudo isso aqui, num espaço em que a maioria das pessoas que lê me conhece, é porque a doença me consome a uma velocidade impressionante.

Vou procurar um psicólogo, então se conhecerem algum bom, por favor me indiquem. De preferência se for mulher e não tiver uma pereba na cara ou uma tatuagem do Corinthians no braço.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Um gol de anjo, um verdadeiro gol de placa

Ah, o futebol. Essa imbecilidade, essa tosquice, essa merda que não serve pra nada. Só pra deixar a gente maluco, babando e chorando na frente da TV ou colado no rádio. O meu amigo Morto de Frio não gosta, já o meu outro amigo Sansão acha legal bagaralho. Acha tão legal que montou um site só pra falar do esporte bretão, no melhor estilo mesa de bar (se é que é possível haver alguma comparação entre a internet e uma mesa de bar, mas deixa pra lá).

E apesar de ser maculado por meus desenhos feios e meu layout horroroso, o site é a maior curtição. Se liga: você, são paulino, porco, galinha ou viúva do Robinho (é só pros quatro times que importam em São Paulo, por enquanto), que gosta de futebol, sabe onde pôr uma vírgula e uma crase e quer envenenar a internet escrevendo sobre o seu time - ou essa bosta pra quem você torce, dependendo do caso - entra no site (que se chama Galera do Tobogã, detalhe bobo de que eu já ia me esquecendo) e manda um texto maroto, explicando porque você tem que ser escolhido. Se tiver sucesso na empreitada, vira o blogueiro oficial do seu esquadrão lá e ainda deve ganhar alguma coisa que, confesso, não faço idéia do que seja.

Eu não vou participar porque sou amigo do dono, mas alguns dos posts que eu mais gosto nesse blog são sobre futebol. Se você é chegado no assunto, acho que é uma oportunidade divertida de tentar humilhar com palavras seus adversários de arquibancada (ou tobogã).

Mas eu torço mesmo é pro Morto ser o cara do Coríntia.