segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Avatar

Eu já tava seco pra assistir Avatar desde uma pancada de meses antes de estrear. Aí foi lançado, e eu queria porque queria ver no Imax, 3D, aquela veadagem toda. Concorrência forte pra cá, cirurgia pra lá, só consegui ver mesmo na sessão das zero horas do último sábado pro último domingo. E valeu?

Opa. Assim, pra já deixar claro antes de entrar melhor no assunto: filmaço. Agora, entrando melhor no assunto: também não é pra tanto.

Num filme cuja promoção está praticamente toda em cima das inovações visuais, natural imaginar que a história em si seja fraca. Não é. É, claro, como todo blockbuster, um amontoado dos clichês mais detestáveis do cinema - o protagonista que começa um imbecil e o filme tenta te provar que ele é legal no decorrer (comigo normalmente não rola, perdão), o fraco desenvolvimento do casal principal (claro, a partir de um triângulo amoroso), o vilão ganancioso e trouxa, etc, etc, etc. O que ele faz melhor que praticamente todos os outros blockbusters que assolaram as telas de cinema dessa década (já entro mais a fundo nessa parte) é se preocupar genuinamente com a maneira como a história está embrulhada.

Pandora, o planeta que acolhe a aventura, é deslumbrante. E é bacana observar o cuidado com que pensaram em tudo: na fauna, na flora, na história, na religião, nas particularidades biológicas, tudo. É um cuidado (e até falta de preguiça) que não se vê em filme nenhum já há muito tempo. E aqui entra algo que talvez justifique o fato de Avatar merecer entrar na galeria dos filmes que marcaram essa geração: ele não busca suas referências imediatas no próprio cinema, esse centenário caduco. É possível enxergar claramente muito mais influências das duas alas do entretenimento que, queiram esses velhos barbudos de vinte e tantos anos ou não, dominaram essa década: os animes e os videogames.

É só prestar atenção: há mais Zelda, Final Fantasy, Pokémon e Bioshock em cada frame que qualquer Star Wars ou Jurassic Park. E a história da floresta, da guerra entre a tradição e a tecnologia, e até a maneira incandescente com que a flora local se comporta são influências muito óbvias de Princesa Mononoke, clássico de Hayao Miyasaki que teve o azar de existir antes de Chihiro abrir as portas pra arte do mestre no ocidente.

Se formos analisar pelo lado visual da coisa, o causador desse furor todo, não dá muito pra discordar: o filme é lindo. Tudo vive, respira e salta na tela. E não é só um display pra tecnologia 3D, não senhor, o design é soberbo, e brilha mesmo numa tela 'tradicional'. Inclusive, nesse aspecto, o maior problema da obra está justamente na parte da tridimensionalidade: a sensação de profundidade se passa principalmente através do foco - o objeto principal está sempre nítido, e o que quer que esteja atrás ou na frente aparece embaçado. Até aí, normal. O problema é que por várias vezes o filme acaba se perdendo nisso e a tela fica completamente borrada. Imagina meu desespero de ficar de cinco em cinco minutos achando que minha miopia tinha voltado. Ando paranoico, tentem entender.

Avatar, se formos analisar artisticamente, como uma obra dentro desse treco chamado 'cinema', não é a melhor coisa que já existiu, sequer a melhor que foi feita esse ano. É um produto, feito pra vender pra caralho e encher o cu dos produtores de grana. Mas tem uma série de ótimos atributos que, aliados ao fato de ter uma audiência excepcional, o coloca na briga com os Piratas do Caribe da vida pelo posto de filme mais marcante dessa geração. Mais uma vez, não é o melhor, longe disso. Mas certamente é um daqueles que daqui a 30 anos ainda terá fãs apaixonados em convenções deprimentes mundo afora. Você tem, então, três décadas pra assistir antes que fique chato. Mas, sério, vai agora.

3 comentários:

Renato Sansão disse...

Eu achei de foder o cu do palhaço. Tudo bem que o vilão lembra o tiozinho do Xuxa contra o Baixo Astral, mas o filme é de encher os olho.

Vou-me embora pra Pandora!!!

Ana disse...

Vocês não são do tempo de Super Xuxa contra Baixo Astral.


Hunf.

Anônimo disse...

acessei o site rottentomatoes.com antes de assistir o filme, e o filme estava com nota 94 em 100 pelos top critics - é a melhor referenccia em critica de filmes na minha opiniao ainda. no entanto, nao li que o s criticos deram nota boa avaliando apenas a qualidade visual e nao o enredo, que realmente e uma merda...
acredito que foram todos comprados para dar tal opiniao.
esta critica do blog seu foi uma das mais hilarias q ja li..é exatamente o q penso. guilherme