Não sou aquilo que você pode chamar de especialista em relacionamentos, mas toda a experiência teórica que eu tenho no assunto (Friends, Zezé di Camargo & Luciano) me faz crer que o momento mais difícil num relacionamento formal reconhecido pela sociedade é a hora do fim. Não só pelas consequências por vezes desastrosas (embora muitas vezes recompensadoras), mas também pelos últimos minutos, aquele breve período de tempo que antecede a hora de trazer as lâminas de tesoura sentimental pra junto uma da outra (assumindo que seja você a pessoa a ativamente por um fim).
Porque além do receio da recepção alheia a essa má notícia (você espera que seja uma má notícia, pelo menos, senão é mancada), há o fato de que nenhum motivo é bom o bastante. Você pode partir o coração dele(a) com essas mentirinhas mequetrefes tipo "não é você, sou eu" (eu sinceramente não sei se isso é usado na vida real, espero que não porque é muito escroto) ou você pode não só partir seu coração como apodrecer sua alma e criar cicatrizes psicológicas perpétuas ao ser simplesmente honesto ("eu acho você insuportável de um jeito tão nefasto que o único motivo de termos permanecido juntos pelos últimos seis meses foi pra que eu expiasse a culpa de estar te traindo esse tempo todo com a sua irmã e com um transexual chamado Márcio - eu também não entendi porque ele mudou o sexo mas não o nome, mas enfim, melhor isso que você").
Mas eis que nesse ano de 2013, que viu toda sorte de lançamentos musicais, da ascensão do funk ostentação ao álbum novo do My Bloody Valentine, de Get Lucky à versão brasileira feita pelo marido da Scheila Carvalho, da volta do Só Pra Contrariar ao EP do Volto Logo Joyce, surgiu, no mar de experiências eletrossônicas do novo disco do Bonifrate, essa música, essa frase: eu não vejo Teenage Fanclub nos teus olhos.
Puta merda, os problemas acabaram, coleguinhas.
Porque essa frase serve não só de checkpoint para o seu relacionamento atual ("eu vejo Teenage Fanclub nos olhos dele(a)?") como também de encerramento perfeito para aquele namoro que já deu o que tinha que dar. É tão perfeita que você precisa falar e sair fora imediatamente, porque se ele(a) falar qualquer coisa depois disso seu final apoteótico seria estragado. É um(a) pau no cu(boboca) mesmo, ainda bem que vocês terminaram.
E o mais legal é que é à prova de contra-argumentos. Vejam o diálogo abaixo:
(DRAMATIZAÇÃO)
- Você quer terminar comigo? Mas por que? Eu sou linda, rica, bem sucedida, jogo futebol, toco gaita e ainda topei aqueles seus fetiches estranhos com Pokémons! Por que, eu pergunto, por quê?
- Porque eu não vejo Teenage Fanclub nos teus olhos.
- Ah, então beleza.
Pode ser, admito, que no final das contas essa conversa só valha pra mim, dada minha conhecida paixão pela banda de Glasgow, uma banda que é tanto amor que até o baixista se chama Amor (e pelos meus fetiches estranhos com Pokémons, mas isso é pra outro post). E se só vale pra mim, sejamos honestos, não vale de nada, porque pra terminar um relacionamento é preciso começar, e isso meio que atrapalharia meus planos de futuro ocultistas.
Mas é uma frase tão boa.
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
Divórcio Blues
Postado por Thiago Padula às 10:45
Marcadores: Inutilidades, Lovelovelove, Música, Verdades
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