Todo mundo tem um objetivo na vida. Tá, nem todo mundo tem, mas dar à sua vida um objetivo é meio que bom e tal. É difícil achar, mas tem uns por aí. Tá, quase ninguém tem.
Eu tenho um: morrer. É, eu sei, é apelação, porque pra não alcançar esse eu preciso ser muito ruim. Mas é alguma coisa. E não é porque eu acho que a vida é uma bosta miserável que não vale a pena continuar (eu acho tudo isso, mas não é por isso), é porque a morte é um negócio que me atrai de um jeito esquisito.
Se querem um bom exemplo, o post mais visitado do Vida de bosta (com exceção dos que tem algum tipo de auxílio à punheta do colega internauta solitário) é o 5 grandes maneiras de morrer, que eu escrevi há quase três anos. A continuação dele, 5 maneiras ruins de morrer, também tem números bons. Foram posts divertidos de escrever, fluíram facilmente, como se estivessem já ocupando boa parte do meu fluxo de raciocínio. A morte, amigos, é quase minha amiga.
Só não é minha amiga porque a morte é uma merda. Só no último ano, levou minha prima e minha gata, e essa semana levou minha tia-avó. É uma filha da puta (a morte, não minha tia, por favor), mas está aí e a gente tem que se acostumar com a ideia.
Completo hoje 27 anos (primeiro recorde pessoal alcançado: esse deve ter sido o post com o maior número de parágrafos enrolando antes de entrar no assunto de verdade). 27, você sabe, é uma idade que está enrolada nas pernas da morte. Tudo bem que - condição 1 - isso só vale pra quem era artista, famoso e relevante e - condição 2 - há que se deixar de lado algumas coisas aprendidas no curso da vida, como coincidência e tal.
Eu não vendi a alma pro diabo, não fundei os Rolling Stones, não dei pro Serguei. Na verdade, é engraçado como o mesmo tempo que não foi suficiente pra eu conquistar nada na vida foi mais que o bastante pra eu perder quase todo o meu cabelo. Mas, vocês sabem, as pessoas são idiotas e morrer aos 27 talvez me faça ganhar mais prestígio do que eu mereço. Eu não ligo.
Não vou, entretanto, por um fim à minha vida. Eu não, credo. As coisas tem que acontecer naturalmente, é assim que é bonito, é assim que é legal. Quando você força ou planeja, é tudo uma merda. E vai ajudar muito se eu for pro saco de um jeito mais rock 'n' roll. Como eu só corro risco de morrer de overdose se for de Coca-cola ou pão com manteiga, acho que essa possibilidade não vai rolar. Robert Johnson, um do clube, morreu envenenado por um chifrudo que ficou puto pelas liberdades que a versão bluesman de Fausto tomou com sua mulher. Mas não vou ficar dando ideia na mulher de ninguém, porque eu sou bunda mole bagarai. Aí vai ficando difícil.
Bom, deixa pra lá. O fato é que eu tenho 365 dias pra morrer em grande estilo, e o resto da vida pra me arrepender da oportunidade perdida. Fazer alguma coisa em grande estilo não é muito minha praia, então podem contar comigo reclamando aqui ano que vem.
Agora me dá parabéns.
sábado, 7 de janeiro de 2012
All apologies
Postado por Thiago Padula às 15:21
Marcadores: Aniversário, I hate myself and I wanna die, Morte, Música
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2 comentários:
Parabéns, fío! Não precisa esquentar muito a moringa que esse ano, dizem, teremos um final coletivo em dezembro. Vai ter uma fila dos infernos no céu, logo na nossa vez. T+
Vc é otimo, Aff não vou cansar nunca de dizer isso. e Parabéns (atrasado(mais nem tanto, porque ja te dei no FB), só passei aqui hoje). Beijos Padulera!
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