Escrever não é preciso, me desculpem os companheiros de jornada. Passar o fio-dental é preciso, beber muito líquido é preciso, preencher o livro de ponto é preciso, fazer exercícios é preciso, conhecer os pais da namorada é preciso, ser proativo é preciso, emagrecer é preciso. E todas essas coisas tem uma característica em comum: são um saco. São atitudes que te ajudarão a viver mais, dirão alguns, sem perceber que viver mais também é morrer mais devagar.
Escrever não é preciso, mas é do caralho. Não pela terapia, não pelo desabafo, não pela expressão. Ou por tudo isso, não importa. É bom porque você não tem que prestar contas a ninguém, ou ao menos não deveria. Ou deveria, não vamos impor limites. Escrever tem sido minha atividade produtiva preferida desde que o Vida de bosta deixou de ser um fotolog pra virar um blog, e lá se vão cinco anos. Nesses cinco anos, eu tenho me achado um merda por todas as coisas que eu não faço: por não jogar bola mais, por não desenhar mais, por não estar mais atualizado a respeito das novidades musicais e cinematográficas e literárias e gamers e por aí vai. Eu tenho me achado pior, metade do homem que eu costumava ser (Lennon/McCartney), por ter largado essas coisas que eu gostava tanto no passado. Mas quer saber? Eu não gosto mais, foda-se. Se eu preciso me forçar a fazer algo que eu supostamente adoro, talvez eu não adore tanto assim. Então que vão pro caralho o desenho, o futebol, a Lana del Rey (ou sei lá que diabo tá bombando hoje em dia).
Pois que ainda que o ano novo não faça muito sentido da perspectiva da razão, é uma data que a gente usa pra fazer checkpoints (minha educação formal veio do Crash Bandicoot, perdoem os termos), reavaliar algumas coisas e tudo mais. E, após essa minha tardia epifania, resolvi que em 2012 eu vou escrever mais. Ou ao menos com mais disciplina, regularidade e tal. Até comprei um caderninho pra levar no bolso, e até agora ele só tem uma anotação: "aposto que eu vendo mais cocô que camiseta". Ainda tá no começo, gente, calma.
Não significa que vai ter mais posts no blog, porque o blog é um suporte com tamanho e cor já estabelecidos e não vai fazer bem eu ficar agarrado em fronteiras. Mas também não pretendo postar tão pouco quanto ano passado, que foi meio vergonhoso. Eu sei lá que porra eu vou fazer, na verdade, mas se for interessante eu aviso aqui. Aceito sugestões, inclusive.
E você, decidiu o quê pra esse ano de merda? (outra resolução: parar de ser tão desgraçadamente negativo) Lembrando que 'entrar na academia' e 'fazer uma tatu' é muito clichê.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
O que eu não vou cumprir
Postado por Thiago Padula às 12:43
Marcadores: I hate myself and I wanna die, Inutilidades, Resoluções de ano novo
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Engraçado, por algum tempo nos últimos meses tenho pensado algumas coisas parecidas com o que você disse. Essa parte do "se eu tenho que ficar me forcando pra fazer X é por que talvez X não seja tão importante assim, no fim das contas...".
Eu culpo a rotina. Quando estagiava só meio período e passava as tardes em pura piração artística desenhando, a vida parecia mais colorida e feliz. Mas na real a gente vai amadurecendo e a rotina vai atropelando todos os planos pessoais. E eu acho que a culpa é em parte minha, por permitir que isso aconteça.
No mais, siga escrevendo e criando sim!!! Sua escrita é demais, me prendeu do inicio ao fim. Até esqueci o que você perguntou no final... Enfim...
Crie muito em 2012!
Abraços!
:)
Com toda certeza, faça aquilo que você tem vontade, mesmo sendo uma merda. É triste ficar preso em uma rotina que não te deixa fazer aquilo que você gosta/gostou. Seja o trabalho, ou quem está ao seu redor, mude. Sem medo, crie novas expectativas sobre si mesmo. Talvez viver mais não seja tão legal como citado acima, mas viver feliz é sim importante. Acho que a maior frustração hoje é se acomodar com o que tem e é um grande erro que cometemos sem perceber. Compartilho isso também que você escreveu.
Sua escrita é perfeita, quem dera eu escrever assim, parabéns. Estarei acompanhando sua obra-prima de perto.
Abraço amigo.
Leandro de Andrdade
Postar um comentário