quinta-feira, 12 de junho de 2014
Gol roubado
Quando estreou na Copa de 2002, a seleção brasileira venceu a Turquia com um gol descabeladamente roubado, e eu não comemorei. Na verdade, não comemorei mais nenhum gol até o jogo contra a Bélgica, que também se viu prejudicada pelo apito amigo verde e amarelo. Sendo assim, também não vibrei com o segundo gol do Neymar hoje, fruto de um pênalti tão sem vergonha que vai conhecer os pais da namorada e bebe o whisky do sogro e passa a mão na bunda da sogra. E não me agitei no gol do Oscar, mas isso pode ser porque eu odeio esse filho da puta e quero que o calção dele pegue fogo na hora do exame antidoping.
Mas se fosse um jogo do São Paulo, olha só, a história seria outra. Se o tricolor ganhasse de 5 a 0 com cinco gols roubados eu comemoraria todos eles e no final ainda beijaria o juiz (se eu torcesse pra outro time seria só a parte da comemoração). Mas isso não porque eu quero que o São Paulo ganhe, mas porque eu PRECISO que o São Paulo ganhe. É uma questão de saúde, naquele ponto em que você tolera pequenas desonestidades em troca de algo mais importante, como a mãe que rouba comida pros filhos não passarem fome.
Só que a seleção é a minha possibilidade de acompanhar o futebol como ele deve ser visto: de maneira saudável, amigável, bacana, sem que eu termine com tremedeira ou apontando uma faca pra garganta de alguém. É minha chance de conhecer o que há de maravilhoso no futebol, de vê-lo como um bolo de chocolate e não como um cachimbo de crack. E aí, já que eu estou de turista no Pão de Açúcar do esporte e sou uma pessoa fundamentalmente honesta, me dói ver esse tipo de coisa: o cara que se joga no chão, o juiz que é um jumento, o adversário que jogou limpo e levou no cu mesmo assim.
Claro que eu não acho que a Copa está comprada e esse tipo de coisa. Você pode dizer que eu sou inocente, mas vou lembrá-lo de que eu sou mais esperto que você. Mas, poxa vida, com tanta coisa escrota envolvida no planejamento, na execução e no submundo político da Copa, a única coisa que salva nela - o esporte em si - devia rolar sem peso na consciência depois. Vejamos o que vem daqui pra frente.
(na categoria karma ruim vale lembrar que depois de levar aquela Copa com o gol de mão do Maradona a Argentina nunca mais ganhou nada, então cuidado aí)
Postado por Thiago Padula às 21:36
Marcadores: Futebol, I hate myself and I wanna die, Verdades
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