sábado, 22 de março de 2014

Dodói

Se tem uma coisa que eu gosto a meu respeito (disse "se", não é certeza que eu goste de algo) é que, apesar do meu físico frágil, do meu psicológico tênue e do meu histórico de patologias na infância, hoje em dia é bem difícil eu ficar doente, sabe-se lá por que milagre. E considerando também a minha alimentação (nenhuma) e atividades físicas (nenhuma), posso dizer que sou, eu mesmo, uma afronta à indústria farmacêutica.

Explico: não é que eu e a dona indústria tenhamos grandes conflitos não resolvidos (na verdade, tenho que agradecê-la pela ridícula melhora da minha rinite), é só que, na medida do possível, eu me recuso a tomar remédio. Hoje, e desde alguns dias, estou com uma leve gripinha, nada muito grave. E não, não tomarei remédio por causa disso. Poxa merda, pra que eu vou ficar mimando meu sistema imunológico com presentes e Attack +10 se isso certamente vai criar pra mim lá na frente um grande problema? Na hora que a coisa apertar, se não houver remédio, se o remédio não der conta, como eu espero que meus soldados vão enfrentar o perigo sem o auxílio do dopping? De que adianta ter uma equipe de Lance Armstrongs se na hora do aperto eles precisam de bicicletas com rodinhas pra correr?

Então não, não tomo. Se puder evitar, tô fora. Assim, meu corpo fica forte (por dentro, por fora eu ainda preciso inventar pra moça do trabalho que eu desloquei o pulso e por isso não posso levar o galão de água da cozinha lá pra sala) e eu só fico doente a cada volta completa de Urano ao redor do Sol.

Isso tem alguma base científica? Não, nenhuma (até porque desde que eu nasci Urano não chegou nem perto de completar a volta). Eu recomendo para as outras pessoas? Não, não venha dizer que a culpa é minha. Mas estou bem, estou vivo, estou quase sempre gozando de perfeita saúde, apesar de contrariar todos os bons conselhos da medicina e da minha mãe (em ordem crescente de sabedoria). Então vocês avaliem aí se esse negócio de ficar engolindo remédio para cada dor no cílio é mesmo uma boa estratégia (mas qualquer que seja a conclusão, não me responsabilizem).

Claro que eu tenho só 29 anos e que muita coisa ainda pode acontecer e que, se todos esses milênios de avanços científicos serviram pra alguma coisa, tudo isso vai cobrar seu preço lá na frente e um belo dia eu estarei andando na rua e de repente meu olho vai cair, meu pé vai virar ao contrário e minha cabeça vai ficar do lado da minha virilha. Mas até lá: chupa Pfizer, chupa Novartis, chupa Aché.

Aí acontece igual no Jardineiro Fiel e eles me matam.

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