Eu sou alheio ao misticismo, esoterismo, espiritualidade, religiões ou o que quer que seja. Não é a minha praia. Mas sou um observador do meu próprio umbigo e das coisas que me circundam num raio de cinquenta centímetros, e num desses eventos cotidianos desimportantes me veio um pensamento.
É um enredo batido em obras de fantasia (livros, séries, jogos, filmes) a ideia de um mundo que deixou a magia pra trás há muito tempo e tem a tecnologia como deus absoluto - para, posteriormente, a coisa desembostar e um feiticeiro maligno aparecer pra dominar o planeta. Vocês que assistem Game of Thrones devem saber. E não me escapou a sensação de que a vida imita a arte, e passamos por algo parecido.
Se nós formos contar as principais manifestações místicas que enfeitam nossa vida hoje, teremos coisas como astrologia, tarô, bola de cristal, macumba, leitura de mão, borra de café. Mas nenhum desses, caro conterrâneo, pode ser considerado "nosso". Digo, tirando o café, todas essas coisas - e outras tantas - são seculares, milenares, vem de povos obscuros e tempos desconhecidos. Tem raízes com a natureza, com o ocultismo, com a magia, com as coisas que o homem não pode explicar, e por isso fascinam e enganam guiam pessoas por tantos e tantos anos.
Mas não podemos ficar aqui sendo apenas espectadores do envelhecimento de algo tão necessário para a manutenção da nossa cegueira quanto à desimportância da existência. Precisamos de algo novo! Algo com a cara do século 21, moderno, cosmopolita. Corriqueiro, mas precioso. Precisamos de algo que faça sentido, que fale com a pessoa nascida nessa era de maldade. Basta de crendice de cigano, um viva à era da magia 2.0!
"E o que poderia ser isso?", você me pergunta. Volto ao evento anunciado no primeiro parágrafo. Estava eu fazendo aquilo que dá nome ao blog e, durante a higienização posterior, tomei o cuidado de observar o papel que tinha em mãos, manchado de graxa de intestino. Foi então que vi um desenho, algo como um escaravelho. O que isso poderia significar?
Bem, não sei, e os motivos para isso estão no começo do texto. Mas por que é tão difícil acreditar que há aí algo conectado com o íntimo do universo, algo que não seja só um escaravelho feito de bosta, mas uma leitura da minha alma? Cada raspada de papel no cu sujo traz novos desenhos, novos padrões, novas descobertas acerca de nosso presente, passado e futuro. E não só palpites sobre as bobagens que os feiticeiros de outrora acreditavam ser fundamentais na nossa vida (amor, dinheiro e tal), mas também sobre os conflitos que interessam ao vivente de hoje. "Esse aqui diz que terça-feira você vai ficar parado no trânsito", "vejo um Playstation 4 em seu futuro" e coisa e tal.
Não sou a pessoa mais apta para essa tarefa, reconheço. Passo o papel de profeta para alguém mais qualificado. Mas façamos disso algo real, algo que daqui a 100 anos, após o apocalipse, fará pessoas repensarem sua estratégia quanto à abordagem ao ataque da tribo de canibais marcianos por causa da impressão marrom na folha de bananeira. E quando eu digo "façamos", falo como geração, como parte dessa massa respirante que é a humanidade. Eu mesmo tô fora, não é mesmo a minha praia. Mas vou recolher royalties depois, motivo pelo qual esse post será submetido ao meu advogado.
Em tempo: correntes de e-mail e PowerPoint não contam. Porque não.
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Misticismo contemporâneo
Postado por Thiago Padula às 21:02
Marcadores: Inutilidades
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