Fiquei muito tempo sem escrever sobre futebol (quase três anos), porque não me parecia um assunto que agradava ao leitor do blog e, principalmente, porque não consigo discorrer sobre o assunto sem virar um animal batendo com os cascos no teclado (vide essa abominação). Mas tentarei de novo.
O futebol é um esporte, portanto espera-se equilíbrio, igualdade de condições, superação de desafios dentro das regras, espírito esportivo, disciplina e por aí vai. Um esporte é - preparem-se para a obviedade - feito por atletas, estafe técnico e arbitragem. Ao redor, sentados ou em pé nas arquibancadas, calados ou berrando ou cantando, roendo as unhas ou tuitando, ficam os torcedores. E os torcedores não são parte do esporte, porque nada das características desse tipo de manifestação humana se aplica aqui.
A primeira e talvez única coisa que você precisa saber de futebol enquanto torcedor é: seu time presta, todos os outros não. E não basta ignorá-los, deve-se odiá-los. Tire o ódio do futebol e ele vira qualquer outro esporte aguado como handebol ou tênis de mesa. A rivalidade é o combustível do esporte bretão, porque sem ela não existe amor por qualquer agremiação, só amizade.
Eu só sou tão ferradamente apaixonado pelo São Paulo porque existem o Corinthians e o Palmeiras. E não porque a derrota deles é a coisa mais importante, mas porque no esporte só um vence, e enquanto houver são paulinos comemorando, haverá corintianos e palmeirenses chateados. É pra encher o coração de amor ou não?
E se me dou ao trabalho de escrever essa missiva é porque você, amigo torcedor paulistano, esteve triste em algum momento dos últimos oito dias. E na tristeza diz-se muitas coisas, entre elas essa vã tentativa de justificar o injustificável, de eufemizar o indesgrossável, de tentar sair de debaixo da pilha de merda e cagar sobre as cabeças dos gozadores. E, nesse esforço, comete-se o mais básico erro do apaixonado pelo futebol: apelar para a razão.
"Meu time foi prejudicado pela arbitragem", "meu time tem uma folha salarial muito mais menor", "todos os craques do meu time estão machucados". Amigo, o seu time perdeu. Só isso vale. Vão te zoar e aceite isso, de cabeça baixa e moral no chão. Não tente achar que o torcedor rival vai pensar "poxa vida, o juiz não deu aquele pênalti" e deixar barato, porque se esse pamonha disser isso a única coisa que ele merece é uma chuva de tapa na cara. Não espere que o "coirmão" (de todos os termos horríveis usados no futebol, provavelmente o pior) vá respeitar a postura da torcida do seu time ao fim da partida. Não espere que alguém aja com a razão em um negócio em que a razão não é nem opcional, é proibida.
Claro, existe o respeito, existe a importância de não chutar a costela de um torcedor rival que teve a infelicidade de usar a camisa errada no dia errado (a menos que todos os outros estejam chutando, aí ia pegar mal você não fazer), mas isso é básico, é o mínimo, não só no futebol como na vida. A questão toda é num âmbito mais psicológico: no futebol não há espaço para mimimi.
Em um próximo post, explico porque eu não encho mais o saco dos amiguinhos que torcem para os times errados e como não consigo agir como manda o manual escrito por mim mesmo neste texto. Espero vocês.
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Amigos e rivais
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