terça-feira, 12 de março de 2013

São tantas emoções

Eu não sou um estudioso sobre qualquer assunto, porque tenho preguiça de estudar. Assim como também não me interessam tanto a filosofia e a teorização, porque eu canso rápido das coisas, antes de dar tempo de me aprofundar o bastante. Mas existe a curiosidade, e a linguagem é algo que vez ou outra atravessa o meu caminho, por escrever (mal) com frequência (pra ninguém). Lembre-se disso, volto em breve.

Eu gosto do Roberto Carlos, não assim tanto meu deus é o rei se ajoga nos pé do véio mas o suficiente pra procurar nas músicas dele amparo em tempos de cambaleamento. Tenho gosto especial pelas letras, tão simples, tão desinteressadas de floreio artístico. E, como jovem adulto retardatário na corrida da vida, há duas ou três canções que já fizeram o papel de amigo nos momentos de incerteza (não aquela do milhão de amigos).

Então estava eu hoje ouvindo coisas no Youtube e acabei sendo puxado por curiosidade para um vídeo da Fernanda Takai cantando Você já me esqueceu, que eu gosto. Aí, meh e tal, fui ouvir a original. Atraído como sempre sou para os comentários, me peguei ficando embaraçosamente emocionado. O vídeo é esse, não vou inserir aqui porque tem que ir lá na página ler: http://www.youtube.com/watch?v=AMfEnz0X_2s


A primeira coisa que notamos é que os comentários são exageradamente bregas, sem nenhum polimento ortográfico, um horror. E, credo, são pessoas falando dos próprios sentimentos. Gente com saudade, gente arrependida, gente que perdeu um grande amor. Ah, pobres vassalos do sentimentalismo, vítimas ignorantes do próprio sistema límbico.

Mas olha só, e aí entra a linguagem que eu falei: esse é o jeito como as pessoas menos interessadas na escrita e mais preocupadas com as coisas práticas da vida (como todos nós deveríamos ser, afinal) aprenderam a se expressar. São frases de efeito batidas, sim, são mal escritas, sim, mas são sinceras (ou eu estou cometendo um erro vergonhoso), e é só isso que deveria importar. Essas pessoas não foram instruídas nas bases da estética literária que vem com uma educação formal bem estabelecida e nem foram besuntadas de cinismo por crescer em uma geração que não luta por nada além da própria felicidade (e falha miseravelmente). Esses coitados tão ali abrindo os seus corações e derramando desajeitadamente uma parte das suas próprias vidas que não interessa a ninguém - mas se sentiram encorajadas a fazer isso porque a música é uma feitiçaria braba, e meu deus é o rei se ajoga nos pé do véio. É tão triste, mas é tão bonito.

Esse post era bem menos gay na minha cabeça.

Sendo eu alguém que se aventura a escrever letras de música, torço pra que um dia as coisas que eu componho tenham esse mesmo efeito, de quebrar as correntes que dizem "vida que segue" e destrancar esses armários de emoções vergonhosas que todo mundo guarda num canto. Porém, isso envolve repensar o tipo de letra que eu faço, e não sei se, sendo um retardatário na corrida da vida, eu estou nesse ponto. Mas eu chego lá, nem que esteja com 42 anos escrevendo música pra moleque de 14.

Não é uma crítica a ninguém comentado no último post.

Um comentário:

Ludmila Bahia disse...

UHAUSHUHAUHSAUAUHUSUHAU "A primeira coisa que notamos é que os comentários são exageradamente bregas, sem nenhum polimento ortográfico, um horror."

A primeira coisa que notei mesmo. XD