Essa semana eu fui ao estádio ver o meu apreciado São Paulo Futebol Clube jogar, o que, ainda que eu esteja meio em débito esse ano, é algo relativamente comum. Mas algo incomum aconteceu pouco antes do jogo começar.
Caso você não esteja ligado nos detalhes da bateção de bola ou não seja um conterrâneo, cabe explicar que há uma lei que obriga a execução do hino nacional brasileiro em qualquer evento esportivo realizado no estado de São Paulo (pelo menos os oficiais, né, sei lá se tocam essa porra no Ceefó). Pois que nessa vez, ao dia sete de novembro de dois mil e doze, por volta das quinze para as dez da noite, no estádio Paulo Machado de Carvalho, eu cantei o hino nacional.
Tá, não tem nada de mais, mas é que eu me toquei que nunca tinha cantado ele antes de jogo. E comecei a tentar analisar o que isso poderia significar.
Pode ser porque eu estou ficando velho, e quando você envelhece tende a gostar mais da pátria, sei lá. Pode ser resultado da minha primeira viagem internacional, que, ao me afastar desse solo abençoado em que se plantando tudo dá, reconectou-me ao cordão umbilical da Mãe Gentil. Pode ser... bom, eu vou parar por aqui, porque obviamente não é nada disso.
Eu não sou uma pessoa absoluta. Não tenho opiniões, desejos e posturas que me sejam característicos. Eu sou relativo, eu dependo dos outros pra me posicionar (devo ter falado disso em alguns posts já). E tem me saltado aos olhos ultimamente (em ano de eleição rola uma amplificação do fenômeno) a proliferação desses sujeitos, ah, esses sujeitos, que pra tudo arrumam um jeito de falar mal do Brasil. É o derrotista disfarçado de indignado, o cara que acha que deveria ter nascido na Europa quando merecia ter sido parido debaixo do viaduto do Gasômetro, o camarada que não abre mão dos direitos mas finge que não viu os deveres, a pessoa pra quem não há crueldade maior do que pagar imposto (a menos que lhe roubem o iPhone, aí é bala na cabeça desses vagabundos). E eu, que só torço pelo Brasil na Copa, que voto nulo, que sei toda a discografia dos Beatles de trás pra frente mas nunca ouvi o Chega de Saudade, de repente estou cantando o hino a plenos pulmões, com a mão no peito. Só pra contrariar os pau no cu.
Pensei numa piada hilária com essa última frase, mas não vou falar, porque é mentira.
Sei lá se algum dia na vida eu vou virar um ufanista, ou, pior, virar um desses daí de cima, e passar as minhas tardes escrevendo comentários em caixa alta no site da Folha. Mas hoje a vida me levou a ser esse Ditto ao contrário, esse imbecil sem personalidade. Eu não ligo muito, e sinceramente estou orgulhoso demais pelo fato de ter colocado uma referência a Pokémon pra me importar em como terminar esse texto.
É por isso que eu nunca vou ser levado a sério como escritor ou como adulto.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Patriamada
Postado por Thiago Padula às 13:00
Marcadores: Futebol, I hate myself and I wanna die, Verdades
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Um comentário:
Passando pra parabenizar a astuta utilizacao do Ditto no texto, parabens Padula!
(ps. ignora a falta de acento, por favor.)
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