domingo, 10 de novembro de 2013
A gente se veste do mesmo jeito porque se sente do mesmo jeito
Já que não sou de colocar fotos minhas no blog, cabe dizer, antes de ir direto ao assunto, que eu me visto assim: camiseta, calça jeans, tênis. A camiseta pode ser de time (difícil), de banda (de vez em quando) ou lisa (o mais normal). Então se um dia você encontrar na rua um cara de camiseta branca, jeans e tênis da Adidas, já sabe: provavelmente não sou eu, mas pode ser.
Passei o último sábado numa epopeia particular para ver o Blur, uma das poucas coisas que faltavam na minha lista de shows obrigatórios pra assistir antes de morrer (vem, Neil Young). Aparei a barba, tomei banho, peguei meu tênis da Adidas mais confortável e fui na camiseta que estava separada desde o começo da semana: uma verde com caixinhas de leite que caricaturizam os integrantes da banda. Ela estava lá havia tanto tempo aguardando esse dia, e esse dia chegou. Não era só uma realização minha, era da camiseta também.
E aí na fila pra entrar eu vejo um cara com a camiseta igual. Bem, era de se esperar, é a grande banda do festival, vai ter mesmo um ou outro usando essa aí. Passando a catraca, vejo mais uma moça. E depois mais um, e mais um e mais outra. Faço uma volta completa em torno do meu próprio eixo e avisto quatro. Não, pera, tem mais um no fundo.
Era uma legião de pessoas com a camiseta verde do leitinho (sendo mais correto, alguns estavam de vermelho, mas com a mesma estampa). Lembrei de End of a Century: a gente se veste do mesmo jeito porque se sente do mesmo jeito. Não que eu ligue pra qualquer aspecto do mundo fashion, mas quando você tem uma camiseta diferente e ela acaba sendo igual, isso meio que te rebaixa como indivíduo e te joga num comboio cheio de gente sem cara.
(Camiseta de time é outra história, gente, é diferente)
Entretanto, foi um grande, grande show. Que banda, amiguinhos. Era pra ser uma realização minha e da camiseta, acabou sendo só minha. Mas, já que a cidade da felicidade era pequena demais para nós dois, a camiseta que se foda.
Se não afirmo minha individualidade pela vestimenta, afirmo pelo egoísmo.
Postado por Thiago Padula às 01:15
Marcadores: I hate myself and I wanna die, Música, Verdades
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