É engraçado (mentira, é triste pra caralho) como existe essa percepção geral de que eu sou um incansável masturbador, workaholic na Amor Próprio S/A, ó fabuloso onanista. Lamento desapontar aos apontadores de braguilhas (mentira de novo, quero que vocês vão à merda), mas não é bem assim que a coisa funciona, como comprovam páginas e páginas de um relatório estatístico sério que eu encomendei e não posso publicar aqui porque óbvio que não é verdade. De qualquer modo, sendo esse blog de alguma maneira sobre a solidão, precisamos falar sobre o amor solo.
Há pessoas, acredite, que não veem a quiromania com bons olhos. "Coisa de quem não consegue arrumar mulher", dirão uns; "coisa de tarado", dirão outros. Os que são contra o aborto, pela lógica, devem considerar a masturbação um genocídio. Mas estas pessoas desconsideram todos os aspectos positivos do autoamor, e todos os largos passos que este proporcionou à humanidade. Quer um exemplo? A internet.
Se você usa a ~rede mundial de computadores~ para se conectar com seus amigos, para ler as informações mais quentes que saíram no último segundo, para cultivar fazendas virtuais ou para colocar a Galinha Pintadinha no Netflix porque afinal você tem filhos e eles precisam ser educados por alguém, tudo bem, é seu direito, é um bom jeito de usar. Mas a internet é nada mais que um grande mapa hidrográfico, e todos os rios levam para um mar de pornografia. Ou de estímulos variados à punheta amiga. Para cada pessoa que está contando uma fofoca para um superamigão há outra tentando convencer uma pobre moça a mostrar o sutiã na webcam; de cada dez notícias que pulularam nos grandes portais na última hora, seis são variações do tema "gostosa é fotografada na praia não construindo um reator nuclear"; e a Galinha Pintadinha é legal e tal, mas não quando você descobre que é possível ver a Laura Prepon com os peitinhos à mostra beijando outra moça no chuveiro. O Youtube um dia acabará, mas o xvideos, esse nunca.
E há também o benefício filosófico: a masturbação pega esses dois conceitos aparentemente distantes que são o amor e o ódio e os traz tão pra perto um do outro que não dá nem pra resumir falando em "amor/ódio", porque essa barra está dando a eles um distanciamento que não é real. O melhor seria "amoródio". "Amódio". "Odor". Desculpem.
Mas o que eu quero dizer (e há gente muito melhor do que eu me apoiando nisso) é que a masturbação justapõe a euforia e a depressão de um jeito que quase nada mais faz. Você não queria estar em nenhum outro lugar fazendo outra coisa (exceto aquilo em que você está pensando naquele momento) e logo depois você se liga de como aqueles últimos minutos poderiam ter sido gastos meditando ou brincando com o cachorro e você os desperdiçou chacoalhando o pinto pra cima e pra baixo. A punheta tem uma personalidade complexa e cativante que a tornaria um coadjuvante amado em qualquer filme ou seriado (eu não assistiria a isso, mas fica a ideia).
A masturbação faz jovens deslocados e sozinhos sentirem alguma coisa, se sentirem acolhidos. Faz o mais pragmático dos homens abrir os portões da sua imaginação habitada por planilhas e cheques especiais para um céu azul pontilhado por dragões e ilhas voadoras (digo metaforicamente, mas tem doido pra tudo). A masturbação é um dos únicos (junto com o álcool em excesso e a iminência da cadeia) cenários em que o cara tonto e sem malemolência sexual pode comer a gostosa da praia que não está construindo um reator nuclear. Quer saber, talvez ela até esteja sim construindo um.
Eu sei, eu sei, mulheres também se masturbam e eu tratei esse texto como isso sendo uma exclusividade masculina. Não é, eu compreendo. Mas, novamente, vou recorrer a gente muito melhor do que eu.
sábado, 3 de agosto de 2013
Um assunto delicado de se tocar
Postado por Thiago Padula às 20:27
Marcadores: I hate myself and I wanna die, Lovelovelove, Verdades
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Um comentário:
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA adorei o fim. Ops.
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