terça-feira, 23 de outubro de 2012

Clube dos Corações Solitários

Eu devo começar metade dos posts desse blog tentando identificar se você é um leitor antigo ou não (e a outra metade dizendo que eu já comecei várias vezes um texto do mesmo jeito), mas a verdade é que deve ter umas três ou quatro pessoas aí do outro lado, então vou parar com esse negócio de achar que tô falando com um auditório. Desliga o microfone.

Enfim, eu já falei aqui, tenha você lido ou não, que faço parte de uma bandinha que toca musiquinhas cretinas. A gente é ruim, mas se esforça e tal. O que eu esqueci de falar é que nós - que atendemos pela razão social Volto Logo Joyce - gravamos uma demo esse ano e lançamos pela grande distribuidora INTERNET™. E já que você é benevolente e destituído de senso crítico o bastante pra acompanhar as coisas que eu escrevo aqui, talvez queira acompanhar as coisas que eu escrevo lá. Dá até pra ouvir o doce som da minha guitarra e o esquálido ganir da minha voz. E, se você for um ouvinte realmente atento, dá pra escutar também a gente comemorando o gol da Ponte Preta.

Mentira.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Pé na estrada


Há uns 15 dias eu deixei as fronteiras desse querido Brasil pela primeira vez na vida. Não foi assim aquela superviagem pra desbravar horizontes desconhecidos, enfiar-se na cultura alheia, nadar nu com os índios ou dormir em um motel pulguento na beira da estrada. Não foi um longo mochilão por um continente, nem um intercâmbio para aprender outra língua. Também não foi uma viagem de negócios, embora eu tenha comprado uns negócios (turum-psh). Na verdade foi rapidim, quatro dias, eu falei portunhol a maior parte do tempo e tudo que eu recebi do sonho americano foi um calor insuportável e um ar que não se move (que maneira mais afetada de dizer que não tinha vento).

E enquanto a Hebe morria aqui no Brasil eu tava lá em Miami enchendo a sacola de bosta. Se você me conhece, deve imaginar que eu só trouxe video game, brinquedos e instrumentos musicais. Pois você me conhece muito bem. Aí teve um pulinho na praia, uma andadinha num museu, e pega o avião e volta pra casa.

Até aí tudo bem, foi uma viagem agradável e é legal passar pela experiência de conhecer um lugar diferente (mesmo que ele se pareça com uma 25 de Março cheia de limusines e bandeiras dos Estados Unidos - em TODO lugar tem bandeira do país, veja a necessidade de lembrar à cubanaiada que eles não estão em casa). O negócio é que, lá no fundo, eu percebi que não era isso que eu queria ver. E isso estava lá no fundo porque é uma coisa meio ruim de se falar: eu queria ver tragédia.

Ah, eu sinto muito, eu sou horrível, eu sei. Mas vocês sabem como é frustrante viver num lugar maravilhoso que não tem furacões, trombas d'água, vulcões, terremotos, nevascas e tsunamis? Evidente que sabem como é morar aqui, mas provavelmente não compartilham a frustração (espero que não). Já falei disso antes, veja só. Aliás, vá lá ler o outro texto (é curtinho) e repare que, da lista de tragédias, eu tirei os aerolitos. Porque um caiu aqui na rua onde eu trabalho e atingiu um cara na cabeça. Sério. O centro de São Paulo é o lugar mais legal do mundo.

O máximo que eu vi da fúria da natureza foram relâmpagos quando sobrevoava a Venezuela. Era bonito e pá, mas convenhamos, relâmpagos são meio meh. Em Miami, só sol, gente bonita e mar tranquilo. Provavelmente é uma situação ideal pra qualquer turista, mas eu tenho lá minhas peculiaridades.

Mas então eu saí do país, conheci outro lugar, meu passaporte perdeu a virgindade. E a tendência que eu vejo nessa juventude que me contemporaniza (existe?) é planejar a próxima viagem, então façamos isso. Minha pergunta a você, estimado leitor, é: pra que lugar eu devo ir para ser trucidado pelas forças da natureza? Pode ser varrido por um tornado (tudo bem que com meu peso qualquer ventinho já serve, mas pensemos grande), banhado pelo vômito de um vulcão ou engolido pelas profundezas da terra fendida por um tremor de 10 pontos na escala Richter. Obviamente esses são só exemplos, use a sua criatividade pra me ajudar a desaparecer em grande estilo.

Mas pense bem, porque se eu sobreviver vou cobrar a passagem de volta do seu bolso, seu filho da puta.