quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Deu

Nos últimos meses (anos?), de tempos em tempos eu venho aqui tentar explicar a vigente inatividade do blog. Já pus a culpa na preguiça, na falta de coisas novas pra contar, até - oh meu deus, vejam isso! - na vida, que parecia estar melhorando. Hoje estou aqui de novo, e dessa vez o motivo é um pouco mais chato: eu cansei.

Quando o Vida de bosta começou, era livre como um catarro no ar: eu escrevia sobre o que eu queria, do jeito que eu queria. Mas, bem, uma hora o catarro se estatela no chão (ou na maçaneta, ou, credo, no braço de alguém), se achata, fica no mesmo lugar. E faz tempo que eu estou basicamente escrevendo a mesma merda aqui, do mesmo jeito, com a mesma falta de empolgação.

E aí eu cansei. Deu pra mim. Quero escrever sobre outras coisas, quero fazer qualquer coisa diferente, mas fiquei preso ao esqueletinho padrão dos textos do blog. E não vou sair, já era, quem costuma vir aqui espera um negócio que eu não quero mais fazer. Cansei de ficar inventando cinco parágrafos de abobrinha só pra jogar uma piada no meio. Não sou humorista, não sou engraçado, não tem porque ficar pagando de palhaço. E eu sei - isso foi talvez a primeira coisa que eu aprendi nesse blog, e venho tentando me ater a essa 'filosofia' desde então - que não tem nada mais chato que egotrip, mimimi, indagações sobre a vida. Ninguém quer saber sobre essas coisas, eu tô ligado. Assim como ninguém quer saber que música eu ouço ou que jogo eu jogo, mas ainda tenho algum atrevimento nesse sentido.

Mas nada disso me afeta, certo? É só chegar aqui e escrever qualquer coisa do jeito que eu já estou acostumado e pronto, certo?

Bem, mais ou menos. Eu cheguei num estado de usar sempre o menor caminho, de argumentar o menos possível, de usar ao máximo os recursos que eu já tenho guardados, que acabei entrando numa certa atrofia criativa que me faz muito, muito mal. Desde moleque, desde os 10 anos, quando eu descobri que conseguia desenhar melhor que os outros meninos da escola, minhas criações tem sido basicamente meu melhor jeito de passar o tempo, talvez o único jeito de passar o tempo que não envolvesse eu me autopenitenciando por estar longe de ser quem eu gostaria de ser. E a vida adulta - ah, essa vadia - está tornando tudo isso muito difícil. Você sabe como é, não leria um blog chamado "Vida de bosta" se não soubesse.

Esse não é, vamos deixar isso bem claro, o fim do blog. Pode ser, mas acho que não é. É mais um esclarecimento. Se você, se alguém, ainda espera alguma coisa daqui, desencana: vai dar uma volta, tomar um sorvete, ler algo bom de verdade. Pode - até deve - rolar mais coisas, mas eu já tirei isso da minha lista de obrigações. Vou procurar outra coisa pra fazer, e se achar algo legal, aviso pra vocês. De todo modo, se a gente não se trombar mais: aquele abraço, e obrigado pela força.

Piadinha pra encerrar.