quarta-feira, 14 de julho de 2010

Má influência

Eu já disse num outro post - preguiça de procurar o link, desculpa - que sou muito facilmente influenciável. Sou um pequeno graveto na correnteza (os engraçadinhos dirão que eu sou um pequeno graveto, ponto), arrastado pra uma cascata de decepção e autoconstrangimento. Eita, que drama.

Eu quero ser um monte de coisas só pelo estímulo recebido. Se eu vejo Seinfeld, quero ser comediante; se vejo Slam Dunk, quero jogar basquete; se vejo The Big Bang Theory, quero ser inteligente; se assisto a Copa do Mundo, quero ser o celular da Larissa Riquelme; e por aí vai.

Vamos deixar isso claro: eu nunca vi, nem verei, O Segredo de Brokeback Mountain. Nunca se sabe o que pode acontecer.

Daí que eu tenho assistido bastante Scrubs, e adivinhem, estou com mó vontade de ser médico. Pode não parecer nada de mais, não fosse o fato de que eu tenho horror - HORROR (tenta repetir arranhando bastante na parte dos dois R) a sangue, vísceras, órgãos, ou qualquer coisa que costume ficar dentro do corpo humano. Imagina a bosta de médico que eu seria: enquanto o pobre do paciente tá lá gritando porque o fêmur dele está empalando a coxa, eu fico olhando pro outro lado e gritando 'volte pra dentro, por favor, senhor osso!'

Quando criança, eu era menos reservado quanto a essa repulsa. Todo mundo sabia que eu não gostava de sangue, e até fazia questão de me mostrar quando rolava algum. Hoje eu tento fingir que não me preocupo, porque sacomé, velho, careca, barbudo, fica feio demonstrar esse tipo de fraqueza. E convenhamos, eu já demonstro tantos outros tipos de fraqueza que esse aí pode passar.

Mas é que dessa vez é preocupante: leia os textos desse blog e você verá minhas aspirações a humorista, participe de uma discussão comigo e perceberá como eu tento parecer inteligente, jogue uma bola de basquete na minha direção e vai me ver quicando ela no chão feito malandrão do Bronx - inclusive tentando passá-la entre as pernas e provavelmente acertando o saco. Quanto ao celular, pff, leia o texto de baixo. Então estou aqui pedindo a sua ajuda, caro leitor: não me deixe ser médico. Não me deixe nem ajudar uma pessoa que precisa de primeiros socorros. Imagina eu desmaiando em cima de um cara que acabou de ser atropelado. Não vai ser bom pra ninguém. Se puder colaborar comigo, seria de imensa ajuda.

O Vida de bosta também faz bem pra sociedade, veem? =)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Liga pra mim / no celular / meu coração

Nunca tive essa relação íntima que muitos tem com celular. Pra mim, ele sempre funcionou mais como relógio-despertador que qualquer outra coisa - inclua 'telefone' nesse 'qualquer outra coisa'.

Mas foi então que, cansado do meu velho MP3 player 'Sony' - gravem isso: jamais, JAMAIS sucumbirei ao iPod -, resolvi adquirir um telefone celular um tiquinho mais sofisticado. Sofisticado assim: tem MP3, jogos, bluetooth, câmera, todas essas coisas que ficaram populares há cinco anos ou mais, mas pra mim são novidade.

O negócio é que como tocador de MP3 ele é uma senhora e retumbante bosta: danifica os arquivos, demora pra atualizar quando eu incluo músicas novas, o volume é baixo, o fone é ruim e etc. Mas tem um outro bagulho que eu sempre invejei nas pessoas menos tecnologicamente recalcadas: a capacidade de colocar músicas pra tudo.

Eu fiquei tão empolgado com essa babaquice que atribuí toques personalizados pra quase todos os meus contatos. Se você me ligar e ouvir Last Nite saltando do aparelho, mal aê, você é escória sem toque próprio.

Também é possível escolher a musiquinha do despertador, e esse foi o maior acontecimento da minha vida nos últimos 30 anos: se antes eu não tinha nem snooze - juro por Satã, eu precisava acordar, reprogramar o despertador pra dali a 10 minutos e voltar a dormir - agora posso acordar ouvindo o tema do Frog. Já salto da cama me sentindo um herói de capa e espada. Meu pai inclusive disse que hoje eu acordei gritando "você vai pagar por isso, maldito Magus!". Eu nego.

Mas tirando essa papagaiada e o não-digno-de-orgulho fato de que agora eu posso competir com os fia da mãe que ouvem pagodão e funk alto no busão, dá pra concluir que não vai ser dessa vez que meu relacionamento com a telefonia móvel vai dar um passo adiante. Começo a achar que talvez seja por eu não usar mesmo a função de ligar e receber ligações, mas posso estar errado. É possível colocar toques aleatórios pra quando meu pai ligar? Assim vai dar a impressão que são várias pessoas diferentes, tipo aquela história da mulher que mandava flores pra ela mesma, pra se sentir amada. Vou tentar e aviso, abraços.

domingo, 4 de julho de 2010

Na União Soviética, a urna eletrônica vota você

Ah, a vida. Essa puta. Você vai dormir uma noite, sonha com coisas fantásticas, e quando acorda tem uma cartinha da Justiça Eleitoral selando a sua morte.

Sim, fui convocado para ajudar no fortalecimento da democracia do meu país: serei mesário na próxima eleição. Logo eu, que anulo todos os meus votos desde 2002 - não é nenhum protesto nem nada, é que eu acho que desse negócio de escolher o menos pior já basta minha própria opção por continuar vivendo.

Eu detesto eleição, detesto horário eleitoral, detesto propaganda eleitoral, detesto político, detesto eleitor, detesto pesquisa eleitoral, detesto debate, detesto ser obrigado a votar, detesto ser obrigado a ser mesário. Mas gosto da urna eletrônica, ela faz um barulhinho bacana. Tililim.

O que eu acho legal é a ironia da coisa: eu, além de votar nulo e detestar tudo relativo ao assunto, como apresentado nos últimos parágrafos, sou um ferrenho opositor da democracia. Não que eu ache que tem coisa melhor por aí, mas acho que a gente não devia se dar ao luxo de parar de procurar. Tirania da maioria? Tô fora. Quero um negócio que seja bom pra todo mundo. Deixa esse negócio de mesário pra quem é fã. Tem um monte de voluntários na igreja, um monte de gente que faz flash mob, tem um monte de gente que faz parte de torcida uniformizada; não é possível que não haja pessoas dispostas a fazer de bom grado um negócio tão importante quanto trabalhar nas eleições. Sem sarcasmo aqui.

Por mais que eu não seja grande apreciador do tipo de trabalho que paga meu salário, certamente prefiro ele a ficar um domingo inteiro sentado numa sala de escola infantil auxiliando gente que não consegue decorar uma sequência tão simples quanto 'apertar o número do candidato, apertar o verde'. É mais fácil que usar um celular, oh puta que pariu!

Se depender de mim, fiel e assumido lobatista, vai todo mundo votar 99. Monteiro Lobato presidente: a hora dos monocelhas do Brasil. É.