quinta-feira, 8 de abril de 2010

Felicidade foi embora

Aconteceu o que todos temiam: meu Gol (também conhecido como 'flecha verde' e 'essa bosta') envolveu-se num terrível, terrível acidente e saiu seriamente ferido.

Foi no último sábado, quando meu irmão voltava do trabalho. O bróder da frente fechou, ele brecou, o de trás veio e pimba!, engavetamento. Por sorte, meu menino (o verde, não o cor de pele - embora ele também, mas não vou chamá-lo de 'meu menino') estava no meio, então se fudeu pela frente e por trás. Pode fazer sua piada extremamente sem graça, vai. Apesar da gravidade do acidente, meu irmão não se machucou, o que me faz pensar que está tudo invertido nesse mundo. Ninguém tinha seguro, ninguém aceita que está errado, então que fique cada um com seu prejuízo.

E qual foi o nosso prejuízo? Segundo o camarada que veio aqui hoje, não tem conserto. Não. Tem. Con. Ser. To. Joga fora essa bosta e compra outro. Passei 24 anos da minha vida sem ter um carro pra chamar de meu, então digamos que é uma situação familiar. Mas é mais ou menos como quando você é virgem, dá uma pela primeira vez e logo depois cortam seu pinto fora.

Nunca aconteceu, é só um exemplo.


Só queria dizer que estou desolado e sem chão. E que sábado é aniversário de 3 anos do blog. Mas não estou sugerindo nada. Faça o que o seu coração mandar.

Grato.

sábado, 3 de abril de 2010

Eu acho que eu vi um gatinho

Não sei se você lembra desse post, em que eu conto como me sinto um bosta por não poder retribuir à altura todo o amor que Maria me dispensa. Se você não leu, é bom eu salientar que Maria é minha cachorra, au au e pãns.

Pois aconteceu que há duas semanas minha mãe apareceu com uma gatinha lá em casa, coisa mais linda dessa vida, magra e esfomeada, maltratada por essa cidade sem coração. Como todo o meu repertório cultural e científico - e minha própria postura perante a vida - vem de desenhos animados, não chega a ser surpreendente o fato de que Maria e ela não se deram nada bem. Maria nunca foi mesmo muito receptiva a estranhos no meu lar, mas ela costuma se borrar de medo de outros animais. Que o diga o cachorrinho do inquilino do meu vô, a quem nunca mais abrirei as portas da minha casa - você recebe o cara de braços abertos, oferece seu espaço e sua água, e quando vê ele está montado em cima da sua filha fazendo... aquelas coisas, não quero falar sobre isso.

Animais, você deve saber, guiam-se muito pelo olfato. Então pensa comigo: eu passo a mão na Maria, esfrego a cabeça dela, ela fica feliz e tal. Aí quando vou passar a mão na gata, ela sente o cheiro da rival e... esquiva. É o oposto da situação dita no primeiro parágrafo - eu tenho tanto amor pra dar, ela que não quer. Tudo bem que, como eu disse no texto linkado, a esse tipo de coisa eu estou mais que acostumado. Mas, sabe, não dentro da minha casa. Minha residência sempre foi meu santuário, minha fortaleza com campo de força impermeável à rejeição. Então aparece um bicho de dois quilos e me aniquila.

Meu mundo ruiu. Nada mais faz sentido, nenhum lugar é seguro. Vou dormir sob algum viaduto, na esperança de que uma família boa me acolha, assim como a minha fez com gata. Isso ou 'acidentalmente' colocar a bichana e Maria no mesmo quarto trancado. Hum...

Em tempo: meu irmão vota para que o nome da esnobe seja Cecília. Como você é um desses metidos a besta que não tem contato com a cultura popular atual, clica na dica. Agora adivinha qual o nome dele.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Vou de táxi

Você já deve saber disso, mas quando se trata de locomoção eu sou adepto do bom e velho (e sujo e caindo aos pedaços) ônibus. Metrô só ocasionalmente, carro idem, trem é raro. Aí tem o táxi.

Não sei aí onde você mora, mas em São Paulo uma viagem normal de táxi custa os olhos da cara. Se for bandeira 2, também custa os olhos, mas não os da cara. Desse modo, antes de eu decidir estender o bracinho, entrar num carro branco e falar sobre o tempo, eu pondero sobre diversos aspectos: se ainda tem ônibus naquele horário, se eu estou morrendo, se é a empresa que tá pagando. Vocês vão me desculpar, mas qualquer um que pegue táxi em uma condição não descrita acima merece mesmo pagar os olhos de outro lugar. Você sabe de que lugar eu tô falando.

De todo modo, aqui em Belo Horizonte eu só me movimento de táxi, porque - condição 3 - é a empresa que paga. Aí funciona assim: eu ligo, peço pra virem me buscar, eles vem, me levam onde eu quero ir, depois eu ligo pra me buscarem de novo, etc. Da empresa pro hotel 5 estrelas. Venci na vida, mamãe.

Então outro dia eu e meu colega de roubada pegamos um motorista loucão, que acelerava na curva, fechava caminhão e dava 100 por hora numa estradinha vagabunda e cheia de óleo. Saindo do carro, o alívio misturado à revolta, prometemos que nunca mais pegaríamos um táxi com aquele cara de novo. Passa o dia, vamos voltar pro hotel, ligamos e esperamos o carro. Adivinha quem?

Vai, na hora foi engraçado. Então dormimos, acordamos, nos preparamos para voltar ao trabalho, ligamos, esperamos, e quem aparece? Yeap.

- Fábio? - pergunta o Mansell
- Não - respondo secamente

Ufa. Três vezes seguidas já era sacanagem. Coitado do Fábio. Segundos depois o mesmo piloto grita novamente, agora ao longe:

- Thiago?

E você pode dizer 'ah, mas é só você ligar na empresa e pedir pra esse cara não vir mais'. Há razão. Mas, cá entre nós, se Deus aparentemente quer porque quer que o bróder seja o motorista, quem é a companhia de táxi pra decidir?

E minha mãe preocupada com o avião...


Escrevi esse texto ontem, quarta-feira. Na quinta, mais uma vez, o taxista foi o supracitado. Tá ficando ridículo.