quarta-feira, 29 de abril de 2009

Deixem os porcos em paz

Repito: deixem os porcos em paz. Tipo, sério. Chega uma hora em que um homem honrado precisa bater o pé e proteger uma espécie que não pode se defender sozinha. Como não encontrei nenhum homem honrado, vou eu mesmo.

Eu não sei em que ponto da história foi que a humanidade achou que os nobres suínos deveriam simbolizar tudo que é ruim. Mas daí em diante, tudo que era claramente culpa dessa cambada de bípede pelado ganhou o selinho do porco. Ferrou com a vida de alguém? É espírito de porco. Pensa mais em dinheiro que qualquer outra coisa? É um porco capitalista. Torce pro Palmeiras? Bem...

Aliás, é típico dessa gentinha 'expiar' suas chagas transferindo-as pra quem não tem nada a ver com a história. É sempre o diabo, o porco, o Mumm-Ra.

Aí chegamos em 2009, e os porcos levam a culpa por uma gripe que sequer transmitem. No Egito, já querem exterminar toda a população suína! Eu tenho uma solução melhor: exterminem a população humana. Com todos mortos, a gripe não tem efeito nenhum.

Pois eu exijo um pedido de desculpas. Re-tra-ta-ção. Assim que acabar essa frescura de gripe, faço questão que esse gado suíno bonito de meu deus receba uma valiosa recompensa. E não falo de lavagem ou Oscar para o Babe. Quero, ao menos pra cada macho, uma punheta da Sabrina, igual essa:



Prazer, Napoleão.

domingo, 19 de abril de 2009

Sobre a sobrevivência

Eu sou, como talvez já tenha dito por aqui, um desistente profissional. Sabe aquela frase de adesivo de Kombi que diz 'lutar sempre, vencer talvez, desistir nunca'? A minha seria mais ou menos como 'lutar talvez, vencer nunca, desistir sempre'. E eu acho um saco esses ditados de PowerPoint sobre como é melhor a tristeza da derrota que a amargura de não ter tentado. Mentira, só se arrepende de não ter tentado quem fica se apegando a bobagens como otimismo.

Portanto, não é sem ser tomado por agradável surpresa que vejo que esse blog completa, hoje, dois anos de existência. Não me lembro de nenhum projeto (vamos chamá-lo assim) pessoal meu ter durado tanto. Até o Furúnculo, meu fanzine da época da faculdade, durou pouco mais de seis meses. E eu adorava fazer aquela porcaria.

O motivo do Vida de bosta ainda estar de pé é que ele me diverte. A cara do blog muda de tempos em tempos, embora não dê pra perceber muito. No começo, era mais como um acumulado de mimimis e opiniões desorganizadamente agrupadas. Hoje, eu uso principalmente pra fazer graça, mesmo que pra isso precise me humilhar (tipo, não levem a sério coisas como isso. As pessoas têm me evitado desde então. Era só brincadeira, pessoal).

Agora falando sério: também acho uma merda essa parada de ficar falando de si mesmo e pedindo aplauso só porque o diabo do blog faz aninhos. E eu não faria isso se tivesse outro assunto pra postar. Como não quero deixar a criança desmaiar por inanição, preciso periodicamente escrever algo, mesmo que seja sem nenhum propósito específico. Por sorte, calhou de ser aniversário da bagaça =)

Alguém sugere um tema pra eu enrolar na próxima semana?

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Síndrome do pinto pequeno

Eu passei os últimos dois dias no trabalho analisando currículos, porque a pilha já estava se acumulando e alguém precisava fazê-lo.

Depois de ler uns 130 e só aprovar cinco, cheguei a uma bifurcação: ou eu sou chato demais, ou as pessoas são ruins demais (talvez os dois). A minha chatice eu não vou conseguir consertar tão cedo, então resolvi criar um pequeno guia para o muito específico caso de alguém que lê isso mandar um currículo pra minha empresa e calhar dos dois designers importantes estarem muito ocupados e sobrar pra mim. Alguns desses toques podem servir pra vida, mas outros são só pra me agradar mesmo.


- Mande um link pro seu portfólio ou pra trabalhos que você fez. Nem precisa ser um portfólio todo bonitão, pode ser um blog ou Carbonmade da vida. Desde que dê pra ver o seu talento (ou falta de), tudo bem. Claro que se for um site próprio, com layout seu e tudo mais faz uma preza diferente, mas é melhor um link pro DeviantART que nada.

- Faça um currículo bonitinho. Vamos lá, eu sei que você é capaz. Times New Roman? Formatação do Word? Que raio de impressão alguém que se acha designer quer passar com uma merda dessa?

- Não seja metido. Não venha me dizer que é ideal para a vaga, porque isso não é você quem determina (nem eu, mas eu pelo menos conheço quem decide). E você não é 'dedicado, proativo, inovador e tem bom relacionamento interpessoal'. Se for, grande bosta, todo mundo também diz que é.

- Se você tem no currículo um campo 'Objetivo', tome muito cuidado. Especialmente se o seu objetivo é outro, tipo ser arquiteto da informação ou embalador (sério, li um desse), porque você pode mandar pra uma vaga dizendo que queria mesmo atuar em outra. Pega mal.

- Não queira ser formal demais, sério demais ou didático demais. E não escreva 'atuo na área à [sic] 5 (cinco) anos'. Eu sei como se soletra 'cinco', porque ao contrário de você, eu sou só um pouco burro.

- E sem esse papinho de que quer a vaga pra 'aprimorar meus conhecimentos e aprender com o ambiente dessa empresa'. Eu quero saber o que você pode me dar, não o que você quer. Pra isso você ganha salário, larga mão de ser sanguessuga.

- Evite colocar frases, citações e, principalmente, poesia. Além de não acrescentar nada, ainda corre o risco de pegar pela frente alguém que odeia poesia com todas as forças, tipo eu.

- Não coloque link pra Orkut ou blog (a menos que o blog seja relacionado à área de interesse), porque eu vou ler. Eu vou saber que você está tristinha porque ninguém quer te comer e que você bebeu demais no último almoço comemorativo da firma e passou a mão na bunda da gerente. E, pior, eu posso saber em quais comunidades você está. Nessa já vi um racista-chauvinista e um tarado-narcisista. Não quero um cara desses trabalhando na mesma sala que eu.

- Não ponha foto no currículo. Primeiro, porque não me interessa qual é a sua cara. Segundo, porque eu sei, eu tenho certeza, que você vai pôr uma foto horrível tirada num almoço de família, com os olhos vermelhos e a testa escorrendo óleo.

- Restrinja a lista de cursos feitos àqueles relacionados à área. Você fez um curso de culinária indiana? Juuura???? *peido com a boca*

- Toque bateria. Ainda não temos nenhum baterista na banda da empresa.

- Aprenda a escrever a porra do nome da sua profissão. Design NÃO É 'DESING', SEU QUADRÚPEDE! E antes que alguém diga que pode ter sido só um erro de digitação (imperdoável, diga-se; o mínimo que se espera é que o cara revise o currículo antes de mandar), gostaria de registrar que eu também li essa blasfêmia em LOGOS e até na URL DE UM SITE. Isso não é erro de digitação, é analfabetismo. Fora os que dizem que fazem designER.

- Na mesma linha do anterior, escreva direito o nome dos softwares que você diz que conhece. Tipo, de coração. Photoshop não é 'Foto Shop' e CorelDRAW não é 'Corel Drawn' (nem vou falar de 'In Desing', porque meio que se enquadra no tópico anterior). Sabe qual o problema aqui? É que toda vez que se abre um programa aparece a porra do nome dele escrito bem grande no meio da tela. Se você não sabe escrever o nome do desgraçado, é porque não usou tantas vezes quanto diz que usou.

- Essa é mais pessoal que as outras, porque me ofende profundamente: se tudo o que você faz é colocar uma foto no Illustrator e vetorizar por cima, você não é ilustrador. Você é só um macaco que copia o que já existe. Saca colocar papel vegetal por cima de uma imagem e desenhar por cima? É a mesma coisa.

- E por último, se quer mandar currículo pra empresas e dar a cara a tapa pro mercado, esteja ciente de que eu vou te zoar, ironizar e escorraçar (só pelas costas, claro, porque eu sou covarde). Eu posso ser um designer ruinzinho, mas pra xingar eu mando benzaço.