quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Epitáfio

Nunca achei a morte um assunto tão repulsivo como a maioria das pessoas, pelo contrário. Sempre imagino como vai ser minha morte, meu funeral, meu enterro, e de que jeito as pessoas vão se lembrar de mim (não que eu esteja preocupado, os mortos sempre viram as melhores pessoas do mundo assim que assumem a condição. É só curiosidade).

E é bem por isso que, vendo essa preciosa dica do João, decidi que quero que meu funeral seja assim. Vou até escrever os textos pra quem não tem a manha.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Why can't we be friends?

Tem um cara, o Marcos, que estudou comigo de metade da quinta até a sétima série. Ele era a referência nerd da turma (se considerarmos 'nerd' nos padrões de hoje, porque na minha época nerd era o cara que ia muito bem na escola, e o Marcos, até então, já tinha repetido de ano três vezes), e foi na casa dele que eu joguei Playstation pela primeira vez (Need for Speed e Street Fighter Zero - não me pergunte como eu lembro disso). Depois que ele saiu da escola a gente se viu poucas vezes, durante o ano posterior, quando ele ia lá fazer uma visita.

Onde eu moro, na Freguesia do Ó, tem um bar chamado Matriz do Açaí, que é onde a gente vai às vezes. Na primeira em que eu fui, reconheci o garçom de cara: era o Marcos. Mas depois de tanto tempo, não dava pra chegar e dizer um 'oi, e aí, beleza?'. E nem todo mundo é lá chegado a esses maçantes rituais de reencontros, com abraços e sorrisos (e eu detesto sorrir. Se querem que eu sorria, contem uma piada). Então eu fingia que não conhecia ele, ele fingia que não me conhecia, mas mantínhamos ainda aquele fio de amizade telepática, em que ele me zoava pensando 'ah, que veadinho, não toma cerveja', e eu replicava 'vai, você virou garçom'. Tudo na camaradagem.

Pois aí vai que o Marcos namora uma mina que mora perto da minha casa, e pega o mesmo ônibus que eu toda manhã, então por vezes os dois aparecem juntos no ponto. Até aí tudo bem, até o dia em que a moça resolveu cismar que eu estava olhando muito pra ela (o que era mentira, porque nem bonita ela é), e pediu pro Marcos tomar uma atitude. Aí fodeu. Ele não podia chegar e dizer 'tudo bem, ele é meu amigo' e pular todo o tal ritual de reencontro - e seguer poderia haver um ritual de reencontro a essa altura, depois que a gente já cansou de olhar pra cara um do outro. Então, por essas coisas da vida, ele teve que vir tirar satisfação comigo. Apesar das palavras agressivas que saíam pela boca, com os olhos ele dizia 'porra, mano, sacomé, perdoa aí'. E eu, por trás dos palavrões que são a única coisa que homens sabem utilizar numa discussão antes de efetivamente resolvê-la na porrada, respondia 'tá suave, bróder, é nóis'.

Aí ficou nisso, cada um pro seu lado, embora eu e ela ainda tivéssemos que dividir o mesmo coletivo.

Claro que existe a possibilidade de na próxima vez em que eu for ao Açaí ele jogar um copo de cerveja na minha cara, mas faz tudo parte da coreografia que a gente precisa encenar pro mundo - e pros nossos eus adultos -, porque você sabe, o que importa mesmo são as aparências, mais do que essas coisas bobas como amizade e toda essa merda.

sábado, 24 de novembro de 2007

Hoje é sábado e eu estou trabalhando, e amanhã é domingo e eu estarei trabalhando também e não, eu não recebo hora-extra

Justificando o fato de todos (menos um) os títulos dos episódios de seu seriado serem sempre "The-alguma-coisa" (The Pen, The Deal, The Betrayal), Jerry Seinfeld disse que ele não queria que os roteiristas perdessem tempo pensando em títulos, e se concentrassem no que era importante - o próprio episódio.

Eu tenho esse problema com títulos. Se você já parou pra reparar aqui no blog, deve ter visto que meus títulos são sempre de mau gosto e, não-raro, não tem nada a ver com o assunto do texto. Porque é realmente complicado fazer isso. Veja bem: o título precisa ser curto, precisa fazer referência ao que você escreveu sem estragar o conteúdo e precisa ser uma boa sacada, mesmo que isso signifique entortar alguma frase-feita.

Não é como dar um nome a uma criança, por exemplo. Um bebê é só um negocinho sem personalidade nem raciocínio, então a não ser que você espere até a pessoa completar 20 anos, não há como dar-lhe um nome baseado em suas próprias características. Uma pessoa chamada Saco de Bosta pode tranqüilamente se tornar um doutor, sem problema nenhum.

Eu sei muito bem que meus títulos vão continuar sendo péssimos, então por isso mesmo decidi fazer hoje, nesse post, uma pequena retratação: ao invés do título não ter relação com o texto, hoje é o texto que não tem relação com o título. Parece a mesma coisa, mas não é: tudo o que eu tinha pra dizer hoje está ali em cima escrito em laranja, e tudo que veio abaixo é só enrolação e saco de bosta.

Pode não significar muita coisa, mas é uma pequena lembrancinha para esses nobres homens de frente que carregam em suas serifas a responsabilidade de portar a voz de todo um emaranhado de pensamentos. Sim, pode não significar muita coisa. E não significa mesmo, o fato é que eu deveria estar trabalhando e estou aqui perdendo meu tempo.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

No mundo da lua

Antes de tudo, põe esse treco pra rodar e servir de trilha pro texto. Sim, é brega e tudo mais, mas é importante pra coisa toda.



Quando eu tinha 6 anos, queria ter uma banca de jornal. Eu estava aprendendo a ler, e adorava a idéia de ter um lugar cheio de gibis e revistas de colorir pra passar todos os meus minutos.

Foi nessa época que eu ganhei meu Master System.

Um pouco mais pra frente eu já não lia tantos gibis, gostava mais de revistas sobre entretenimento e video games. Então eu não queria ter uma banca, mas trabalhar numa revista de games. Isso no caso era mais um sonho utópico, porque eu sempre soube que era um jogador de bosta, embora gostasse bastante. Então eu criava minhas próprias revistas sobre games, usando as folhas de caderno. Inventava os consoles, inventava os jogos, escrevia resenhas, detonados, dicas e até desenhava as telas dos jogos.

Nessa época eu já tinha um Mega Drive.

Depois, entre o primeiro pêlo no suvaco e a primeira, ahn, punheta (ou outra palavra menos ofensiva), eu decidi criar meus próprios jogos. Com um monte de folhas de sulfite coladas e com milhões de quadradinhos rabiscados, eu inventava todo tipo de jogo de tabuleiro. E, modéstia às favas, eu fazia jogos muito bons, tanto que freqüentemente meu quarto estava cheio de primos e amigos da rua querendo se embrenhar nas minhas aventuras de papel.

Foi aí que eu ganhei o Playstation.

Então o tempo passou. Eu desisti da banca, das revistas de video game e dos jogos de tabuleiro. Todos já tinham Playstation 2, eu mal usava o 1. Aquelas crianças que nem tinham idade pra jogar quando eu comprei meu último video game já estavam com máquinas mais poderosas que a minha. Então decidi me aposentar. Parei, chega. Ainda dei uma chance ao Game Boy, que é video game de quem não tem tempo para video game, e joga no ônibus. Mas era só isso, estava convencido de que meu tempo tinha passado, e deixei o bastão pra molecada.

Mas então eu percebi que, se tinha uma coisa que eu aprendi com Sonic CD e Chrono Trigger era que eu posso mexer no tempo do jeito como eu quiser. O tempo é tocável, mutável, manipulável. Eu sou o dono do tempo, eu faço o que eu quero, eu posso enfiar o tempo no meu cu, se eu quiser.

(Mas eu não quero.)

Hoje não há mais Master System. Não há mais Mega Drive. Não há mais Playstation.

Só há Wii. Só a u i.

Comprei, abandonei a idéia de me tornar um baixista para comprar um brinquedo de criança. Um brinquedo que vai fazer cada átomo cinzento do meu mundo triste se transformar em um pixel colorido e luminoso. Hoje tudo vai ser diferente, eu vou ter minha banca de jornal, vou ter minha revista de video game, vou fazer o maior jogo do mundo, vou cortar os inimigos com o Link, pular nas estrelas com o Mario e deixar o som comendo poeira com o Sonic.

Amanhã eu vou acordar e não vou trabalhar, não vou me preocupar com dinheiro, com trânsito, com guerra, com petróleo, com HTML. Vou ter meu dia de criança, e ele vai ser tão bonito e especial que, quando ver, já vai ter acabado. Mas eu controlo o tempo, então por que não fazê-lo durar pra sempre?

Então até nunca, have a good life =)

domingo, 18 de novembro de 2007

O cliente semple tem lazão

Já ouvi dizer muito sobre as diferenças de comportamento dos povos espalhados pelo mundo afora, embora nunca tenha saído desse Brasilzão pra conferir. Falam que os argentinos são metidos, os estadunidenses são burros e os orientais são reservados. Tá.

Em São Paulo, com essa quantidade incrível de gente saída de todos os buracos desse planeta, é possível esbarrar em gente de toda cor e formato de cabeça. E aí tem o nosso querido Stand Center.

Explicação pra quem não tá ligado: o Stand Center fica na avenida Paulista, e é tipo um 'shopping' cheio de stands onde se encontra de gravatas e charutos a dvds pra pôr no carro. É também possivelmente o lugar onde mais se encontra oriental por metro quadrado, e eu falo de orientais legítimos, nascidos lá na outra banda do mundo.

A comunicação normalmente é bem difícil com eles, mas o que mais me incomoda, e isso provavelmente passa pelo aspecto cultural, é o modo como nos atendem.

Entenda bem, não sou xenófobo, bem pelo contrário, acho ótimo que todo esse povo que não encontrou boas condições em seus países ou estados de origem venham se abrigar sob as asas dessa megalópole insana. Só acho que, se você se deu ao trabalho de cruzar cinco continentes e abandonar um país economica e tecnologicamente desenvolvidíssimo para encontrar um modo de viver aqui no meu cantinho, pelo menos tenha a decência de olhar na minha cara enquanto me atende.

É só isso que eu peço. Pode burlar os impostos daqui, pode tomar as vagas dos meus filhos nas universidades, eu não ligo. Podemos perfeitamente conviver em harmonia. Mas me irrita muito, muito mesmo quando eu quero comprar algo de alguém e o filho de uma égua tem comigo a mesma atitude de quem está lendo um jornal enquanto caga.

Estamos combinados?

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Por trás dessa lente também bate um coração

Foi com 13 anos (uma das poucas idades das quais não tenho aversão a lembranças) que eu comecei a perceber que enxergar a lousa ficava cada vez mais difícil. A aula de história, então, era um terror, porque a letra da Renata era muito pequena.

Foi aí que eu comecei a usar óculos. Tinha 1 grau de miopia. Só 1, mas já era bem ruim conviver com um mundo borrado. E eu morria de vergonha, paranóico e estúpido que sempre fui, então só usava os óculos dentro da sala de aula. Pra ir embora, meu irmão era quem lia o letreiro do ônibus. Um dia ele faltou, e não quero nem lembrar a quebrada onde eu fui parar.

Aí o tempo passa, você acostuma e tal, até o ponto em que pôr o óculos é a primeira coisa que você faz quando acorda e tirá-lo a última antes de ir dormir. Assim fui, diariamente, até alguns meses atrás, quando comprei um par de lentes. Nunca havia usado, queria saber como era.

Não era bom. É como fazer um fio-terra no olho, com proteção (ou pelo menos é como eu imagino que seja um fio-terra). Como eu fiquei boa parte do ano sem trabalhar, nem me dava ao extenuante e sádico trabalho de ficar machucando meus olhos com aquilo se não fosse pra sair ou algo assim. Depois eu comecei a trabalhar, e optei por usar as lentes todos os dias - e depois de 4 meses nessa rotina, eu já consigo colocá-las em menos de 10 minutos.

Mas o caso é que, como disse, até metade desse 2007 eu só usava óculos. E aí corta para a cena 2.

Fui à faculdade duas vezes essa semana, ver a apresentação de TCC de duas amiguinhas minhas, a Dani e a Dani. Chegando lá depois de tanto tempo rola aquela estranheza inicial, mas o que me incomodou mesmo era que todo mundo que eu conhecia simplesmente passava direto por mim como se eu fosse um fantasma.

Eu sei que peso 30 quilos, mas daí a ser um fantasma ainda há um abismo.

E uma professora reconheceu. Quanto tempo pra cá, o que tem feito pra lá, ela chama outra professora e diz 'olha quem tá aqui!'. A outra olha, olha direito, faz cara de ponto de interrogação e diz 'é você?'.

Aí o leitor, já cansado dessa ladainha, vai perguntar: e que caralho tem a ver aquilo do óculos com a minha deprimente impopularidade?

Os mais sagazes vão ligar os pontos e descobrir que não me reconheciam justamente por eu estar sem óculos. Claro, existe outra possibilidade, mas se eu freqüentasse um psiquiatra ele diria pra eu avoidar esse tipo de pensamento.

Avoidar é foda. Eu preciso mesmo de um psiquiatra.

Uma coisa que eu nunca entendia era como o Clark Kent simplesmente tirava o óculos, trocava de roupa e ninguém mais reconhecia o veado. Agora, esbofeteado pelo choque da experiência, percebo que tinha muito fundamento. E tem outra, quem desconfiaria que um cara que tem visão de raio-x precisaria de óculos? Genial.

Mas veja como é triste a minha situação: passei 9 anos da minha vida usando óculos. As lentes de vidro fazem parte da minha aparência, assim como meus braços finos, minha sobrancelha juntada e, daqui um tempinho, meu cavanhaque homossexual. Quando eu deixei de usar óculos, simplesmente matei o Thiago/Padula anterior. Toda a minha história, meus amigos, meus sonhos (cof), tudo arremessado longe, a perder de vista (tá, desculpa). De repente, passar a usar lentes de contato me fez uma nova pessoa, com a chance de começar tudo de novo.

E eu continuo fazendo as mesmas burrices, puta merda...

sábado, 10 de novembro de 2007

Dying days

Considerações, pensamentos, coisas sobre esses últimos três dias, dois dos quais passei em casa com o pé inchado - e o terceiro trampando, até 11 horas da noite, também com o pé inchado.

E ele continua inchado.

- Eu poderia ter sido contaminado por um vírus alienígena, poderia ter contraído elefantíase, poderia ter sido só uma torçãozinha, mas não, tinha que ser um pêlo encravado. Agora, além de sofrer com esse troço ainda tenho que contar a história, de cabeça baixa e auto-estima esmigalhada.

- Meus dias só têm sido iluminados pelo fantástico horizonte de ter um Wii ocupando espaço na minha estante. Arrepio só de imaginar.

- Já viram o clipe de Everlong, né? Então imagina meu pé como se fosse daquele jeito. É assim.

- Enquanto não compro pilha pra máquina, você vai ter que imaginar, amigão, embora eu tenha certeza que você está pouco se lixando pra isso.

- Como é bom poder voltar a assistir The Office e My Name is Earl.

- Hoje eu fiquei preso no banheiro porque... não conseguia abrir a porta. Tô precisando de muito Toddynho...

- Ah, Leonor, recebe essa flor que eu roubei pra te dar.

- Sou só eu ou a Paris Hilton não é nem nunca foi bonita?

- Não que eu esteja perguntando se eu sou o único que não sou nem nunca fui bonita, perguntei se só eu acho isso.

- Porque eu até sou jeitozinho.

- Souberam do cara que viu uma mina no metrô, ficou apaixonado e fez um site pra procurar ela? Se eu fosse fazer isso ia gastar todo meu salário com hospedagem.

- Porque nenhuma menina ia querer sair com um cara que põe o site no Geocities, isso é óbvio.

- Nem com um cara que não consegue abrir a porta do banheiro.

- Eu não consigo engolir comprimido grande, e me considero a pessoa mais patética que já se atreveu a pisar nesse mundo triste.

- Ninguém riu da minha piada sobre eu ter me transformado em uma besta mitológica com um pé de flamingo e outro de elefante. As pessoas deveriam ter um senso de humor mais parecido com o meu.

- O meu gosto por música é muito cíclico. Coisas vão e voltam sempre à minha playlist. A do dia é Gigantic, do Pixies. Além de Leonor, do Mundo Livre S/A, na versão do Ludovic com o Vanguart.

- E do disco todo do Fratellis.

- Agora preciso voltar ao trabalho, porque sim, eu trabalho de sábado, tudo pra ganhar mais dinheiro e comprar o Wii. Todos estão convidados pra brincar aqui em casa quando eu comprar.

- Isso se não amputarem meu pé e eu gastar todo o dinheiro numa prótese.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Sad feet

Dia desses surgiu uma feridinha no meu tornozelo esquerdo, e eu não dei muita bola porque anomalias são normais na minha pele, e coisas normais, essas sim, são anomalias.

E aí o pé começou a doer quando eu pisava. Tá, normal. Aí começou a doer mais. Aí eu comecei a mancar. E mancar, mancar, mancar. Aí eu descia do ônibus me segurando no corrimão e me arremessando na rua (divertido, aconselho), pulava que nem um saci, e doía, doía. Fui pra casa, tirei o tênis e tava lá o pé com o dobro do tamanho que costumava ter. Eu sou tipo um tanto desprovido de massa muscular, então fiquei parecendo uma besta mitológica com um pé de flamingo e outro de elefante.

No dia seguinte (vulgo ontem), fui ainda assim pro trabalho, me segurando nos puta-que-pariu do ônibus como o pobre coitado que se agarra a um galho de árvore pra não ser levado pela correnteza, sem um miserável nem pra se oferecer pra segurar minha mochila. Aí não teve jeito, fui ao hospital.

Vocês lembram da minha última experiência no hospital, né? Mas agora eu tenho convênio e fui num particular, que é outro nível. Porque as cadeiras pra esperar não eram de plástico, a consulta levou mais de um minuto e o médico não era chileno e - lá se vai minha masculinidade - era charmosão. Apaga essa parágrafo.

Depois de receber um dia de descanso e pezinho pra cima no meu gélido lar, fui fazer um curativo. O enfermeiro pediu pra eu deitar na cama e tal, e quando levantou a barra da calça pra ver onde iria o curativo arregalou os olhos e semi-berrou 'caramba, cara!'

Abre para divagação: certas frases têm um impacto maior quando vindas de determinados setores da atuação humana. Se um bandido te diz 'vou te roubar', você nem liga, mas se o juiz do jogo diz o mesmo a coisa já muda de figura. Se o manobrista do estacionamento vê um pé inchado e diz 'caramba, cara!', você também não dá muita bola, mas se a mesma frase vem de um enfermeiro que passa os dias vendo todos os tipos de coisas feias e estranhas nos corpos das pessoas, já bate um desespero. Fecha.

Aí veio um outro enfermeiro, muito simpático (isso é verdade) e parecido com o Richarlysson (isso é verdade), que parecia ter algum fetiche mórbido por apavorar pessoas, repetindo o tempo todo 'isso é sério, cara', ou 'você vai ter que tomar benzetacil', enquanto esfrega e espreme seu pobre machucado sem um mínimo de compaixão (tudo verdade).

Tá, eu sou frouxo, sei disso, mas também não precisa pisar.

Aí saí do hospital e pensei: 'posso ir pra casa chorar minha dor na cama ou dar um pulinho (literalmente, porque esse tem sido meu principal modo de locomoção) ali no Sesc e ver o show do Vanguart'.

Foi bem bom, bem bom.

Mas eu fiquei sentadinho no canto, antes que venham falar alguma coisa.

Ps.: queria pôr uma foto do meu pé aqui, mas a câmera tá sem pilha, e claro que eu não vou sair pra comprar assim.