sexta-feira, 29 de junho de 2007

Qual é sua graça?

Já é assunto recorrente, se não aqui, no fotolog, que o nome da minha cachorra, Maria, não é compartilhado com alegria por alguns membros da família. Primeiro por ser nome de gente, e não se põe nome de gente em cachorro. Segundo que é o nome de Nossa Senhora, mãe daquele magrelo barbudo. E isso não é coisa da minha família, tá cheio de gente por aí que não acha certo humanos e animais serem xarás. Podem dividir a mesma casa, as mesmas pulgas, a mesma cama, mas o mesmo nome, isso é inadmissível.

Soube que existe inclusive um deputado, ou vereador, com um projeto pra tornar inconstitucional o batismo de animais com nome de gente. Sinceramente, não sei se isso é verdade mesmo ou se entra no rol das lendas de deputados/vereadores de algum lugar perdido no atlas que defendem projetos de lei esdrúxulos (quero acreditar que sejam lendas, me deixa com a minha ingenuidade), mas é uma coisa extremamente sem sentido. Primeiro porque, para o estado, nem nome a gente tem: só uns numerozinhos e tá de ótimo tamanho. Segundo que nome é meramente um acessório, haja visto o número de gente com nome idiota por aí (na Suécia, lá sim, nome faz diferença: os pais da criança precisam de um ok do governo pra poder batizar o filho. Dia desses um casal quis que o filho chamasse 'Metallica', mas a idéia foi podada - o que levanta sérias suspeitas quanto à imparciabilidade da decisão: será que recusariam se a criança chamasse Van Halen?).

Há uns anos atrás conheci um cachorro chamado Thiago. Pois é, mal-gosto da dona, e tal, mas o auau chamava Thiago. E ele era um pastor alemão, grande, bonito, saudável, forte. O que dá um nó na proposta lei: se tem alguém que deveria ficar chateado na ocasião é o cachorro, por ter o mesmo nome de uma porcaria como eu. Por isso eu digo: esqueçam essa lei, isso é bobagem. Até porque eu não gostaria de trocar de nome agora.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Complexo de Costanza

Sempre disse que Seinfeld é meu seriado favorito e que o grande (embora baixinho) George Costanza é meu personagem preferido. Ele é cheio de neuroses e complexos, e seu histórico de decisões, atitudes e mesmo sorte o colocam num patamar diferenciado no clube dos perdedores.

O caso é que ele não é meu personagem favorito por nada: eu vejo um monte de semelhanças entre nós - o que teoricamente deveria me fazer odiá-lo, mas não vou desperdiçar meu antiamor num personagem de ficção. E ultimamente estou passando por uma fase em comum que foi possivelmente o período mais engraçado (por olhos de terceiros - não confundir com terceiros olhos) dele na série: o maldito desemprego.

Estar desempregado derruba a auto-estima de qualquer um. Em todos os aspectos. Num certo momento, nas conversas na mesinha do restaurante Monk's com nosso herói Jerry Seinfeld, ele mandou: 'eu estive pensando e cheguei à conclusão de que não existe nenhuma possibilidade de eu transar com alguém de novo'. E, no meu momento preferido, minutos antes de entrar numa reunião com executivos da NBC, rede de televisão estadunidense, o nervosismo o abateu, e então Jerry tentou acalmá-lo:

- Calma, o que são eles? Eles não são melhores que você.
- Eles são homens com empregos, Jerry! (ênfase no 'empregos')

Entende, tenho me sentido assim também. Nunca fui uma pessoa muito feliz e com uma atitude positiva perante a vida, mas ultimamente tenho abaixado a cabeça pra qualquer pessoa que tenha um trabalho, esteja ele de terno e gravata ou com o uniforme do supermercado. O que me consola é saber que a pessoa em quem o George foi inspirado - Larry David - é hoje um rico e bem-sucedido estandarte do entretenimento televisivo mundial. Mas o que me deixa pra baixo de novo é pensar que mesmo Larry ainda se considera infeliz, e, diferença letal entre nós - ele é genial, enquanto eu fico juntando sobras de algum talento mirrado que tentei desenvolver na adolescência.

Sabe que agora comecei a entender o que diabo é a TPM?

segunda-feira, 18 de junho de 2007

No gramado em que a luta aguarda

Sabadão, entre o fim da tarde e o começo da noite, tava na casa de um camarada, acertando alguns detalhes do pavimento do meu caminho para a fortuna. Era dia de jogo do Corinthians, o que é sempre motivo de preocupação: meu ônibus passa na frente do Pacaembu.

Soube que o jogo de então fora no Morumbi (por que essa mania de o apelido da maioria dos estádios ser oxítono? Pacaembu, Morumbi, Canindé, Maracanã, Mineirão...), o que me deu algum alívio. Mas foi só eu entrar no ônibus que entraram atrás um trinta banguelas de camisa alvinegra. É praga essa porra.

Tirando a barulheira e os erros de português, dava pra agüentar de boa aquela presença maligna no coletivo (podia ser pior: 3 crianças fazem mais barulho que 30 adultos). Até que, passando na frente da TUP (Torcida Uniformizada do Palmeiras, ou qualquer coisa assim), um bocó grita de lá de dentro: "É Gaviões, seus cuzão (sic)!!". Nesse momento eu levei as mãos à cabeça e comecei a chorar. Sabemos que torcida organizada nenhuma é conhecida por ter uma postura pacífica, mas a TUP, pelo contrário, tem uma fama lá muito boa não.

Mas por sorte eles eram todos cuzões mesmo e ficaram na deles. Sorte dos porcos, claro, porque às vezes eu posso ser extremamente violento.

sábado, 16 de junho de 2007

Sócrates, Aristóteles e aquele outro

Por mais que eu possa parecer ser uma pessoa muito fria e racional, na verdade eu sou bem imaginador e cabeça nas nuvens. O que faz de mim automaticamente uma farsa - e não vou ficar aqui negando, o assunto hoje é outro.

Eu tenho esse costume besta de me apaixonar levianamente por qualquer coisa - de voz de locutora de rádio a personagem de desenho. Sou um cara das paixões platônicas - o que não seria tão ruim se não rolasse uma monocultura, mas lá vou eu me desviando do assunto de novo.

Ultimamente tenho assistido à série That '70s Show, que é uma comédia cujo cenário são os anos 70. Uma das personagens, a Donna, tem o famoso caso amoroso com o protagonista, Eric (interpretado pelo Topher Grace, o Venom do Homem-Aranha 3). Ela não é exatamente o biotipo dos pares românticos desses seriados, como a Jennifer Aniston, mulheres perfeitinhas e tal. Na verdade, ela tem os ombros um pouco largos e cara de doninha - o que acredito não ter influenciado na escolha do nome da personagem.

E, tipo assim, eu adoro mulher imperfeita. Minha parte preferida do corpo feminino é a que tem defeito (calma lá também, né). E não bastasse a Donna ter os defeitinhos ditos acima, ela ainda tem um sorriso lindo - e aí pimba!, tá lá o trouxão apaixonado de novo.

Fui lá eu então caçar fotos da moça no Google, e veio a decepção. Nada contra ela ser muito gostosa e tal, mas quando você mantém aquela paixão pura e parnasiana pela pessoa, vê-la seminua e com cara de 'me come' não é muito legal. Por que raio toda atriz minimamente famosa tem que ficar posando pra fotos sensuais sempre? Por que a indústria do entretenimento sempre favorece os punheteiros em detrimento dos platonistas?

Chuto eu que seja porque todo platonista é um punheteiro meio bicha, mas não quero ter esse tipo de rótulo pra mim mesmo. Minha mãe pode cortar meu Speedy se souber.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

O chicote e o lombo

O poder é mais importante que o respeito, isso é fato. Ninguém gosta de chefe. O coitado pode ser o mais legal e gente boa do mundo, mas por ser chefe já não é bem visto. Mesmo assim, todo mundo quer ser chefe. Ou seja: o poder é mais importante que o respeito.

Prova de que ninguém gosta de chefe é que a Cidade dos Anjos é um lugar bonito e a Cidade de Deus é uma favela. Não perdoam nem o patrão maior.

Domingo, no Fantástico, o mestre Max Gehringer citou algumas características que definem se você tem perfil pra ser chefe ou empregado. O empregado é o cara que gosta de ter horário pra acordar e dormir, entrar e sair, descanso no fim-de-semana, férias todo ano e a indefectível segurança do salariozinho na conta no final do mês.

O chefe é o cara que acha que toda hora é hora de trabalhar. Pra ele não tem sábado nem domingo, o dia não começa às 9 nem acaba às 6. Ele é o cara que curte se arriscar, empreender, ousar em negócios, mesmo que isso possa significar prejuízo.

Eu sou um cara simples, sabe. Não tenho ambições, não espero nada da vida, me contento com pouco. Quero mais é sossego, violão e Maria. Não quero saber de ficar trabalhando o tempo todo, não respeito os chefes e quero que eles se explodam. Mas vejam só, para existir reles empregados como eu, precisam haver os chefes.

É realmente triste pensar que para você se manter na vida, precisa andar de mãos dadas com seu inimigo. Mais uma das maquinações diabólicas e geniais do Patrão, Aquele. Bastardo filho da mãe...

terça-feira, 12 de junho de 2007

Lonely Hearts Club

Uma das coisas que mais me incomoda nesse mundo é como costuma-se cobrir de louros os 'vencedores' e marginalizar os 'perdedores'. Pus entre aspas porque, apesar de tudo, a vida não é uma competição. Mas perceba como as datas comemorativas, exceção feita às que celebram as minorias, são para pessoas que conquistaram algo importante na vida. Dia das mães, dia dos pais, e nessa altura até o dia do trabalho já é incalcançável pra mim.

O dia de hoje é mais um desses exemplos. Mas, cá entre nós, pra que serve essa porra de dia dos namorados? Quero dizer, já não basta o casal (vamos pensar só nessa possibilidade) ficar a vida inteira trocando carinhos e amores e presentes, porque diabo tem mais um dia pra isso? E pros coitados que não têm ninguém, que vivem de mãos dadas com a solidão, que no 12 de junho alugam um DVD de kung fu pra assistir sozinhos em casa? Esses sim precisam de atenção, de carinho, de presentes. Mas ninguém lembra deles.

Sendo assim, vou aqui eu, bem metido a besta, propor a criação do Dia dos Corações Solitários! Sim, o dia pra todos lembrarem daquela pessoa que passou incólume todo o resto do ano e que por dentro daquele bebedor de cerveja de canto de mesa existe um coração em preto-e-branco esperando por uma hidrocor que lhe venha colorir.

A data, sugestão minha, seria exatamente o 12 de junho, porque assim esse dia não seria traumático pra ninguém. Quem quiser se unir a mim nessa jornada e espalhar por aí essa nova nota de calendário põe o dedo aqui.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Bate-cabeça

Há alguns meses, saiu na mídia a notícia de que uma pesquisa feita em algum país desenvolvido do mundo apontava que o estilo musical preferido dos jovens superdotados é o heavy metal. A mesma matéria ainda dizia que o resultado da pesquisa tinha algo de surpreendente, pois espera-se que pessoas com esse tipo de nível intelectual ouçam coisas mais ditas 'inteligentes', como jazz ou música clássica.

O óbvio 1: superdotados ou não, são jovens, e por jovens entenda que eles nasceram no final da década de 80 e década de 90, não na época das navegações, ou no começo do século passado. Sendo assim, é natural que eles ouçam coisa de gente nova.

O óbvio 2: uma pessoa superdotada nasce com grande facilidade pra atividades mentais, como rapidez e facilidade para aprender, abstrair ou fazer associações, e capacidade para analisar e resolver problemas. O universo, que se norteia pela lei do equilíbrio, dá em alguns pontos e retira em outros. Logo, alguém com tantos dotes intelectuais perderia feio em algum outro ponto, no caso o bom gosto.

O óbvio 3: música pretensamente inteligente, que se julga capaz de agregar algo ao repertório intelectual de uma pessoa, é música pra gente burra, como nós. Quem já é tão inteligente não precisa dessas coisas.

Conclusão: ainda bem que os superdotados são poucos, porque de fã de metal o mundo já tá pela tampa.

domingo, 10 de junho de 2007

Imagem não é nada

Na minha última consulta no dentista (última que eu fui, penúltima do tratamento todo - amanhã acaba! =D), reparei uma coisa que não havia reparado em todo o semestre-e-pouco em que freqüentei aquela mesma sala de espera: uma das paredes dela é toda vermelha, um vermelho bem forte, e com umas texturas que lembram manchas de sangue em baixo relevo. No centro da parede, um Dali (ou algum outro artista sem estilo próprio) de feirinha se faz de cereja naquele bolo de angústia.

Talvez você esteja pensando 'puxa, como ele não reparou numa parede vermelha em uma sala branca tendo passado uma hora por semana de sua vida nos últimos seis meses praticamente olhando pra ela?'. Ok, mas não é esse o ponto, mantenha o foco.

É o tipo de coisa que não cai bem. Sabe, a última coisa que uma pessoa prestes a ter sua boca invadida por objetos perfurantes de metal precisa ver é uma imagem subliminar de dor e pânico de sete metros quadrados.

Dias atrás, passando em frente a um salão de cabeleireiro, na vitrine bem grande tinha o logo do lugar, cujo nome eu não lembro, mas lembro de um X que se destacava, numa fonte fantasia que simulava um rasgo, e era pintado de vermelho (sempre ele). Imediatamente me veio a imagem da cabeça de alguém sendo cortada pela navalha do barbeiro, no mesmo formato da letra.

Sabe, a parede vermelha pode até ser bonita, e o X rasgado dá uma atmosfera descolada, mas há ocasiões e ocasiões. 'A arte pela arte' é um conceito bacana, mas não costuma se aplicar ao mundo dos negócios.

E também não costuma ser produzido com tinta Suvinil.

sábado, 9 de junho de 2007

Insônia S/A

Sempre tive problema de insônia. Quer dizer, não é problema de insônia, é problema de sônia, porque a insônia vai muito bem, obrigado. É das coisas mais angustiantes que podem afligir uma vida medíocre.

Eu detesto feriado. Todo feriado prolongado é um inferno, porque meu irmão vem de São Carlos, um par de primos inacreditavelmente pentelhos vem de Caieiras, e eventualmente ainda agregamos mais alguma pessoa ao nosso albergue. E essa molecada toda se esparrama é no meu quarto, pois parece que de alguma maneira eu tenho um magnetismo bem apurado pra situações que me deixem desconfortável.

Nesse corpus christi, além dos já citados irmão e primos, veio também uma prima de Curitiba, e bora todo mundo repartir a mesma porcaria de quarto. Ontem, enquanto o primo mais velho mexia na internet durante a madrugada e ouvia músicas de gosto nada duvidoso e todo deformado em volumes um pouco, só um pouquinho além do que ditam as boas normas do convívio noturno em sociedade, eu me revirava na cama tentando dormir. Quando deu uma e meia, desisti e mandei meu primo desligar o som, usando palavras talvez não muito amistosas, mas bastante necessárias. Aí passou um tempinho e eu finalmente conseguir ultrapassar os portões do subconsciente e me dedicar à segunda melhor atividade horizontal que existe.

Sei lá quanto tempo se passou, mas não pareceu muito (sei sim, foram duas horas), e chegaram meu irmão e minha prima, vindos de algum posto de gasolina encostado à marginal, e juntaram-se ao primo da internet numa conversa amigável e animada. Meu irmão, que dava alguns sinais de embriaguez, soltava pela boca tanta merda quanto um cu com caganeira, e nessa meu primo voltou a por um som, enquanto os três falavam sobre as músicas, sobre quem queria pegar quem, sobre como não se podia ficar infeliz porque se tem amigos e primos que não iam deixar.

Ei! Sou parte dessa família também, porque os amigos e primos que o alegram tanto são os mesmos que me fazem tão infeliz às malditas quatro horas da madrugada????

Perdi o sono, perdi o humor, perdi a vontade de viver, botei meu travesseiro debaixo do braço e fui dormir no quarto de papai e mamãe, que mesmo depois de tanto tempo ainda é o único lugar seguro nesse mundo.

Trabalhar na Insônia S/A é uma merda, mas duro mesmo é agüentar os fornecedores.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Please insert coin

Nossa geração praticamente cresceu paralelamente ao desenvolvimento dos video games. Do Atari ao Playstation 3, todos nós vivemos isso, embora não necessariamente tendo passado por todas as etapas (eu mesmo parei no Playstation One).

Eu sempre fui fanzão do Sonic, né. A maioria das pessoas teve um videogame da Nintendo na infância, o que quer dizer que o Mario ocupa a maior parte dos corações, mas meu preferido sempre foi o Sonic. E acho que grande parte da responsabilidade por essa paixão é da trilha sonora da série, que era brilhante, como rarissíssimas vezes lembro de ter ouvido qualidade semelhante em outro jogo.

Tem um site, o VGMusic, que dispõe de uma audioteca colossal de músicas de jogos, de todas as plataformas e tudo mais, mas estão todas em mid, o que não representa uma qualidade lá muito a pampa. Mas no Youtube, sempre ele, dá pra descolar vídeos bem bacanas de trilhas de jogos, estejam elas no próprio jogo ou sendo tocada por alguém.

Separei aqui alguns vídeos de músicas que de algum modo ou outro me marcaram por essa vida. Não que os jogos sejam meus preferidos ou coisa do tipo, mas a música, essa sim, ficou guardada na memória por mais tempo que aquele truque pra matar o chefão da terceira fase.

Esse é o primeiro, minha canção de jogo preferida, de um RPG do Play um, o Wild Arms. Nunca fui muito longe no jogo, porque o que eu tinha era em japonês e nunca achei o bendito em inglês - mas a música é bem afudê. Essa é a introdução do jogo, feita em animação e tudo mais:



Rockman X4 (PSOne):



Chrono Trigger (Snes):



Alex Kidd in Miracle World (Master System):



E já que eu falei do Sonic ali em cima, alguns vídeos dele. Esse primeiro é a introdução do Sonic CD, jogo que saiu pra aquela aberração que era o Sega CD, mas que quando eu vi essa abertura eu fiquei me mordendo de inveja da minha prima que tinha um.

Sonic CD (Sega CD)



Sonic 2 (Mega Drive)

Algumas músicas do Sonic 2, que talvez seja o jogo com as mais legais da série.



E pra finalizar, um medley de várias músicas da franquia, tocadas por uma orquestra. É de arrepiar até os cabelos do suvaco.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Tesouros na gaveta

Para apreciar alguma coisa, não é preciso só que essa coisa tenha qualidades que te agradem. Às vezes, o tempo influi muito. Quem aqui nunca comprou alguma coisa, guardou na gaveta e só tempos depois foi ver de novo e perceber como era legal?

Aconteceu comigo ontem. Antes de dormir, sei lá por que raio, fiquei com vontade de ouvir um CD que eu comprei há coisa de um ano, mas que até então não devia ter ouvido nem cinco vezes: o Bogary, do Cascadura. Nenhuma razão específica, só fiquei com vontade de ouvir.

Esse deve ter sido o último CD que eu comprei na vida (sem contar o do Teatro Mágico, mas é praticamente um pirata. E chato padaná), e sei lá se comprarei ainda outro. Na época, achei até legal, e tal, mas sabe quando a coisa não bate, não rola uma sintonia? Então, foi assim.

Aí eu coloquei o CD no rádio, programei pra desligar e me deitei. Aos poucos, comecei a reparar melhor e achar aquilo tudo muito bom. Um monte de detalhezinhos que eu não tinha percebido antes, porque se tivesse percebido já teria chapado um ano atrás. E nisso, absorvendo as músicas, como se estivesse ouvindo pela primeira vez, acabei me esquecendo de dormir.

Fica aqui, então, minha dica. Música simples, mescla bem o peso e a melodia, letras bacanas, coisa que poderia muito bem tocar na rádio se não pecasse pelo excesso de qualidade. Mas quem sabe um dia, né.

Ah, e se não curtir, pelo menos dá uma outra ouvido daqui a uns meses. Vai que você muda de idéia.

domingo, 3 de junho de 2007

O quatrilho

Fui hoje prestar um concurso, pra alguma coisa de algo judiciário. Dois pau e meio de salário, isso é mais do que eu preciso saber. Sala número 4, entrei e tal. Na lista de entrada, o número da carteira, também 4. Num adesivo na mesa tinha impresso o meu modelo de prova... 4.

Alguém poderia dizer 'esse pode ser seu número da sorte'. Mas cá entre nós, que graça tem o número 4? Puta número de perdedor. O quarto colocado não sobe no pódio, e é o único dos semi-finalistas que não ganha medalha; o número 4 é o segundo piloto da segunda equipe na Fórmula 1, e é o cara que lidera a corrida toda pra deixar o número 3 ganhar no final; nenhuma das grandes músicas dos Beatles é a quarta a tocar em seu respectivo disco, e mais do que isso, Ob-la-di Ob-la-da, tida por muitos como a pior deles, é a número 4 do álbum branco; é um número tão irrelevante que é o primeiro que você não consegue lembrar quando está embriagado (é por isso que o guarda te pede pra fazer o quatro, certo?); palavras de 4 letras geralmente são coisas nojentas, como cocô, bufa e amor; o algarismo 4 não está presente em nenhum dos códigos numéricos que regulam minha vida: meu RG, CPF, telefone de casa, celular, CEP, registro de motorista, número de matrícula na faculdade, conta corrente, telefones comerciais de qualquer um dos trampos que eu já tive.

A única coisa que talvez aproxime o número 4 de mim, além do natural talento para a derrota, é que nos meus tempos de boleiro eu era zagueiro - mas, mesmo assim, usava a camisa 3.

Dado isso tudo, dá pra deduzir que o salário de dois pau e meio vai repousar no bolso de outro filho de uma égua. Pior pra ele, que vai ter que ganhar essa dinheirama pro resto da vida coçando o saco, enquanto eu vou ralar feito um porco pra ganhar umas moedas.

Eu prefiro. Hunf.